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Técnica

Cuspidores de fogo: explicamos a origem do backfire

Milhares de anos se passaram, mas ainda somos primatas apaixonados por fogo: há coisa mais hipnótica que faíscas saindo do assoalho, discos de freio incandescentes e chamas saindo pelo escape? Aqui vamos explicar este último fenômeno, popularmente conhecimento como backfire.

Ele normalmente ocorre quando o piloto tira repentinamente o pé do acelerador (como em uma troca de marcha ascendente ou em reduções). Como o corpo de borboleta se fecha, cortando a admissão de ar, mas ainda há combustível sendo vaporizado, há um breve momento de desequilíbrio na mistura ar-combustível, que fica rica – ou seja, mais combustível do que o ideal entra na câmara de combustão. O resultado disso é que a queima se dá incompleta: o coletor de escapamento acaba tragando não apenas os gases, mas também um pouco de combustível não queimado.

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Como a temperatura dos coletores de escape é muito alta (carros de corrida ultrapassam os 800º C!), esta mistura remanescente acaba queimando ali mesmo, e é expelida junto com os gases. O resultado é um som de explosão abafada e o show pirotécnico desta raríssima Mercedes-Benz 300 SLR Uhlenhaut coupé – projeto de competição cancelado após o trágico acidente de Le Mans, em 1955. Rudolf Uhlenhaut, chefe de competições da marca na época, teve carta branca para utilizar um dos dois protótipos como seu carro de uso. Coisa chata! Pense nisso: 314 cv, 1.117 kg e máxima de quase 290 km/h!

O backfire também pode acontecer para cima, ou seja, a queima escapa pela válvula de admissão, sobe o coletor de admissão e chega a sair pelo filtro de ar. Normalmente isso ocorre quando o ponto está regulado tão adiantado que a faísca é disparada com as válvulas de admissão ainda abertas – e a explosão da câmara “foge” para cima. Este caso é feio visualmente, sonoramente incômodo e pode destruir o filtro de ar e estragar a pintura interna do capô.

O backfire no coletor de escape é algo absolutamente normal em carros de competição ou preparados de rua – cujos cilindros ainda ficam felizes: a combustão rica resfria a cabeça dos pistões, lubrificando-os e reduzindo as chances de quebra.