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De 25º a 1º em sete minutos: é assim que se pilota um Shelby GT350 1965 em Daytona

Neste último final de semana aconteceu a primeira grande corrida de longa duração do ano: as 24 Horas de Daytona, que em 2017 chegaram a sua 55ª edição. No entanto, há outro grande evento que acontece em Daytona International Speedway que merece ser lembrado: o Classic 24 Hour at Daytona, que acontece todos os anos no mês de novembro e, em vez de protótipos modernos, traz carros de corrida de toda as eras para dois dias inteiros de disputas na pista. E também nos proporciona verdadeiros shows de pilotagem, como este onboard filmado na edição passada.

Trata-se de Olly Bryant ao volante de um Ford Mustang fastback 1965 para lá de apimentado e com um ronco espetacular, ziguezagueando pelo grid e ultrapassando 24 adversários em pouco mais de sete minutos. Honestamente, precisamos dizer mais alguma coisa para te convencer a assistir?

Sabíamos que não.

Em seu atual formato, organizado pelo pessoal da Historic Sportscar Racing LTD, o Classic 24 Hour at Daytona acontece desde 2014. O nome do evento significa que são 24 horas de corridas, mas não uma corrida de 24 horas. Em vez disso, cinco grupos diferentes competem separadamente, divididos por desempenho e época de fabricação, em quatro sessões de uma hora cada ao longo do fim de semana.

Os cinco grupos são:

Grupo A: protótipos que competiram entre 1960 e 1962
Grupo B: protótipos que competiram entre 1973 a 1982
Grupo C: os ícones do IMSA GTP e do Grupo C de endurance que correram entre 1983 e 1990
Grupo D: protótipos e carros de turismo que competiram entre 1994 e 2002
Grupo E: protótipos da década de 2010
Grupo F: carros que não se enquadram em nenhuma destas categorias

É ao Grupo F, portanto, que pertence o Mustang de Olly. É por isso que no vídeo ele compete contra uma frota bastante variada: protótipos abertos, Porsche 911 das antigas, Porsche Cayman GT3, Lotus 2-Eleven e até algumas Ferrari 430 Scuderia nas primeiras posições. E, falando em pt-br, ele papa todos eles.

Diferentemente do que acontece em provas históricas europeias, como Goodwood, onde os pilotos assumem uma tocada gentleman driver – isto é, rápida, porém maneirando na agressividade e evitando movimentos bruscos – a fim de preservar os clássicos, no Grupo F do Classic 24 Hours at Daytona isto não acontece. Como os carros não são preciosidades de valor inestimável sobre rodas (não que não sejam valiosos, mas você certamente entendeu o que estamos querendo dizer), os caras não têm medo de sentar a bota, colocar o pé no porão, afundar o assoalho, descer a pua e tudo o mais.

Englishman Oliver Bryant in his 1965 Mustang

Ainda mais em um circuito veloz como Daytona, que consiste, em boa parte, de um traçado oval, com algumas curvas mais técnicas e lentas na porção central. Olly ataca estas curvas com vontade, e passa por cima de zebras por mais bem acertado que esteja, seu Mustang apresenta comportamento bastante traseiro e exige diversas correções. Nas curvas abertas, ele acelera com vontade e deixa o V8 stroker girar até pouco mais de 9.000 rpm (não encontramos a ficha técnica completa do carro) berrar livremente.

E não foi a primeira vez que Olly deixa todo mundo de boca aberta uma aula de pilotagem no Classic 24 Hours at Daytona: na edição de 2015, com um Dodge Charger de quase 800 cv, ele chegou aos 323 km/h na reta principal do circuito – algo que o próprio não achou que fosse possível.

E também fica difícil não lembrar de outros vídeos épicos com ultrapassagens em sequência: o clássico de 2005, com o australiano Dean Evans, que que ultrapassa mais de 20 carros em Bathurst com seu Lotus Elise…

Até o riff inicial de “Rollover DJ”, do Jet (banda de rock que também é australiana) ficou marcado na memória dos entusiastas por causa deste vídeo

… e também o exemplo mais recente de Sabine Schmitz, a musa de Nürburgring, que largou na 48ª posição em uma corrida no Inferno Verde e cruzou a linha de chegada em segundo lugar, ultrapassando dezenas de pilotos em doze minutos de prova.