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Viagens e Aventuras

De carro pela Alemanha: Nuremberg e o tribunal que julgou os nazistas

Após a minha estada em Berlim, apenas um último destino me restava antes da volta: Nuremberg. Lá, nada sobre carros me interessava. Queria conhecer um pouco da história da ascensão e queda do nazismo.

Gosto muito de música, e ouvi muita coisa boa durante o processo de escrita dos relatos dessa viagem. Então, antes de começar, gostaria de sugerir duas músicas para serem ouvidas durante a leitura, na ordem. Acho que vai ser uma experiência diferente e interessante.

Em Nuremberg, Hitler ordenou a construção de um complexo gigantesco, chamado Reichsparteitagsgeländ, ou “Área de desfiles do Partido Nazista”. Neste local ocorreram convenções do partido entre 1930 e 1938. Para vocês terem uma idéia, na convenção de 1936, Adolf, do púlpito do Zeppelin Feld, discursou para 150 mil pessoas. Neste complexo havia até uma estação de trem, de onde chegavam composições vindas de toda a Alemanha trazendo militares e civis simpatizantes do nazismo.

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Dentre os lugares desse complexo, pisei no púlpito onde Hitler discursou por várias vezes, no Zeppelin feld. Aquilo me deu calafrios. Estando lá se tem uma idéia mais clara da megalomania de Hitler e de como isso fazia parte dos planos de manipulação do povo alemão.

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A impressão que tive lá foi que a cidade tem uma profunda vergonha desse passado nefasto. Por conta disso, existem vários museus e monumentos dedicados aos direitos humanos. Eles fazem questão de contar esta história da cidade para que as atrocidades acontecidas em toda a Alemanha não se repitam nunca mais.

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Em Nuremberg também ocorreu o julgamento do alto escalão do governo de Hitler que foi preso antes de se suicidar ou de fugir para outras partes do mundo, em especial a América do Sul. Este julgamento é um marco do o Direito Internacional. Pela primeira vez, governantes de um país foram julgados por crimes cometidos contra sua população e contra a humanidade.

Apesar do simbolismo do julgamento ter ocorrido lá, a escolha da cidade se deu por motivos práticos. O fórum da cidade fora pouco destruído nos bombardeios aliados e uma reforma ali poderia ser executada rapidamente. Em um mês os norte-americanos deixaram o prédio em condições de receber réus, testemunhas, caixas com provas, imprensa e a comissão instaurada para julgá-los.

Até hoje o famoso “Saal 600” é utilizado para julgamentos.

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No dia que eu visitei a cidade, não havia julgamentos ocorrendo e pude entrar no salão. A paz que se sente lá é indescritível. Fiquei profundamente emocionado por estar ali, sozinho, no mais absoluto silêncio, naquele local onde se pode dizer sim que a justiça foi feita. Visitei o museu que fica no andar superior ao da sala e conta como fora o julgamento. É uma história interessantíssima!

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Passei apenas uma noite lá, o suficiente para uma boa visita à cidade Talvez uma noite mais para conhecer a história pré-século XX seria interessante, já que a cidade é muito mais antiga que o período nazista (as documentações mais antigas mencionam a cidade a partir de 1050).

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Dali, teria que voltar a Frankfurt para pegar o vôo de volta para casa. Embarquei em um trem bala, onde dividi uma cabine com uma família de alemães bem simpáticos. Avô e avó maternos e avó paterna e a neta adolescente. Todos muito simpáticos, o avô até arriscou falar espanhol comigo. Me diverti bastante nas duas horas de conversa com eles, foi um fecho interessante para minha viagem.

Durante o vôo de volta tive tempo suficiente para pensar nas duas últimas semanas. A sensação de se realizar um sonho é uma das melhores que a gente pode sentir na vida. Todos os lugares que passei, experiências que vivi, fotografias que tirei, pessoas que conheci, tudo mesmo valeu a pena. Na primeira parte, perguntei qual era o preço de um sonho. Agora eu sei quanto custa: nada! Independente dos valores monetários, isso pra mim não foi absolutamente nada perto do que eu tive de retorno. Cada mísero centavo se converteu em uma quantidade tão grande de satisfação pessoal e felicidade que o dinheiro gasto passou a não ter mais valor. Não há preço no mundo que pague isso!

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Espero, sinceramente, que tenham gostado desses relatos da minha viagem. Ela foi tão boa que achei interessante dividí-la com vocês. Caso alguém tenha se inspirado, mas ainda esteja reticente com os custos, eu vos digo: VÁ! Não tem como se arrepender! E depois conte para nós como foi!

Um grande abraço e até a próxima! Nos vemos na estrada!

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