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Viagens e Aventuras

De carro pela Europa: uma visita a Stuttgart para ver os museus da Porsche e Mercedes-Benz

Uma viagem pelos principais destinos automotivos da Europa é o grande sonho de vários entusiastas de todo o mundo. O leitor Carlos Eduardo Almeida realizou este sonho há alguns meses e está compartilhando sua experiência conosco. Se você ainda não leu, aqui estão a primeira, a segunda, e a terceira partes desta história. Agora, nesta quarta parte, Carlos passa por Stuttgart, cidade da Porsche e também da Mercedes-Benz. 

Após vencer os aproximados 330 km entre Kelberg e Stuttgart, cheguei no albergue que passaria aquela noite. Eram quase 23h, estava cansado e empanturrado de chocolate. A única coisa que pensava era na cama que iria dormir. Como cheguei tarde, o quarto estava cheio e apenas a minha cama restava ser ocupada. Guardei minha mochila tentando ser o mais silencioso possível e coloquei o celular para despertar cedo. Precisava devolver o carro que me trouxe de volta do inferno antes de partir para os dois pontos que me interessavam: Mercedes Straße e Porscheplatz.

Mesmo cansado, foi difícil pegar no sono. Ainda estava extasiado com o os dois últimos dias. Dirigir uma BMW M135i manual e um Toyota GT86 naquele mito foi um dos poucos momentos na minha vida que eu desejei ter o controle do tempo para fazê-lo passar mais devagar.

No dia seguinte, antes das 7 horas estava de pé. Apenas peguei minha mochila (lá estavam meu passaporte, câmera fotográfica, gopro e o dinheiro que me restava pra fazer a viagem) e saí para devolver o carro. Retornei ao albergue por volta de 8:30 para, aí sim, tomar um merecido banho, café da manhã reforçado e partir para o primeiro dos dois museus que visitaria naquele dia.

 

Nächste Station: Neuwirtshaus (Porscheplatz)

Moleza de chegar. Ao descer do trem, você já avista o fundo do prédio onde funciona o museu e a oficina de restauração. Já de cara, vi alguns carros bem interessantes ali. O dia prometia!

fundo museu

O museu da Porsche não é grande. Mas se eu tivesse uma cadeirinha e um isopor com cerveja, ficaria tranquilamente o dia inteiro ali. Chama atenção a fachada do prédio. Assimétrico e com pilotis, é uma construção que destoa das outras ali (a saber: concessionária e um prédio administrativo, ambos Porsche). Antes da entrada ficam alguns modelos parados, e assim que você entra, descobre que pode fazer um passeio pago, e que aqueles carros são usados para isso. Como dessa vez não tinha tempo sobrando, comprei minha entrada e tratei de subir a escada rolante que me levou para o início da exposição.

A história é contada de forma cronológica até certa parte do museu, onde as criações de Ferdinand, Ferry e Butzi acabam se misturando. Você acaba vendo criações geniais do Dr. Ing. Porsche lá, como os primeiros carros elétricos projetados por ele, um trator, o fusca (e a história nefasta por trás do besouro, que até combina com o sisudo preto da carroceria do espécime lá exposto), os 356, 550 e outros derivados, tanto de corrida como de rua. À medida que se vai caminhando (e subindo) no museu, a história dessa marca incrível vai sendo contada pelas peças ali expostas.

Chamaram minha atenção alguns de meus heróis, como o primeiro 911, que, na humilde opinião deste escriba, é a epítome da beleza automotiva na simplicidade e pureza de suas formas; o 917 em suas várias formas, incluindo o raríssimo protótipo com motor 16 cilindros e a versão turbo do Mark Donohue, conhecido como “Das Beste”; o primeiro 911 Carrera RS 2.7; o motor do 917 biturbo desmontado e o Porsche 959 (desde o primeiro protótipo, passando pelo Gruppe B e a versão de produção).

Antes de ir para o próximo parágrafo, vou sugerir um exercício multissensorial. Coloquem essa música para tocar e abram qualquer uma das foto abaixo em tela cheia. Foi assim que eu vi esses carros ao vivo. Muito pretensiosamente, admito, estou tentando passar um pouco do que eu senti vendo eles ao vivo e acho que a música enriquece a fotografia desses carros maravilhosos!

356

primeiro 911

carrerars27

Óbvio que tinham outros carros incríveis lá, como o 911 GT1 ganhador de Le Mans, todas as gerações do 911 Turbo, o Carrera GT, um 959 de rally, etc. Mas os anteriores são tão fantásticos que só eles já valeram a visita ao museu. Eu ficaria horas a fio apenas admirando esses carros. Se alguém ousa dizer que carros não podem ser obras de arte, essa pessoa é na verdade um neandertal digno de pena. O que eu vi lá era arte pura!

Nessa brincadeira, já eram perto de 14h. A fome bateu e como me sobrou uma grana da sessão de trackday que não consegui fazer, era hora de almoçar e torrar tudo na loja de souvenires. Veio na mala duas camisetas, dois bonés, pôster, imã de geladeira e caneca (essa dei de presente pro meu velho, que coleciona canecas). Só não comprei mais porque algumas coisas não tinham meu número ou estavam absurdamente caras. Tinha que salvar uns trocos porque, afinal, ainda iria no museu da Mercedes-Benz e BMW!

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Voltei para a estação Neuwirtshaus com a mochila bem mais pesada. Mais do que as coisas compradas lá, a mochila estava cheia de sensações boas e expectativas realizadas!

 

Nächste Station: Neckarpark Stadion

Essa é a última estação da linha U11, e a mais próxima do museu. Porém, como havia um parque de diversões (Cannstatter Wasen) em funcionamento, esta era a última estação. Resultado: tive que descer uma estação antes do previsto (adivinhem o nome dela) e caminhar cerca de 1 km até chegar ao museu. Confesso que não fiquei muito feliz com isso, mas esqueci dos meus pés doendo, do calo de viagem e da bolha enorme no meu pé assim que avistei o prédio. Uma construção não muito alta, mas imponente. Já havia gostado do prédio do museu Porsche, mas achei esse ainda mais belo! Num instante apertei o passo para entrar logo lá e começar a visita.

fachada mercedes

E aí eu realmente fiquei maravilhado. O prédio é ainda mais bonito por dentro! Comprei meu tíquete, coloquei a mochila no guarda-volumes e saí de câmera em punho para começar a visita.

Já de cara, os elevadores são uma atração à parte. Chamados de “Cápsulas do Tempo” são compridos, com design curvo e uma janela em forma de viseira. Belíssimos e inusitados, porém casam perfeitamente com a paisagem. Dentro deles, couro e Alcântara marrom claro revestem as paredes e, da janela, é possível ver um rápido vídeo projetado na parede oposta e que sobe junto conosco!

elevador1

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Dos três museus de carros que eu visitei, foi, disparado, o que eu achei mais legal, tanto para fanáticos quanto para quem não gosta de carro. Ele conta a história mundial por meio dos veículos criados pela empresa, desde o primeiro automóvel, a primeira motocicleta (sim, Karl Benz criou a primeira motocicleta e não, ela não se parece com uma bicicleta com motor), até o que eles têm de visão de futuro! A visita começa no último andar e vem descendo em espiral até retornar ao térreo, exatamente como estava estruturado o pavilhão da marca no IAA. Ao longo do caminho, existem algumas “asas” que levam a exposições paralelas, como a dos meios de transporte da marca usados por famosos, caminhões e uma itinerante especial do C111 – utilizado em estudos do motor Wankel e para recordes de velocidade.

A cada nível e nas rampas de descida, existem painéis contando a história de cada período, a música ambiente é condizente e os veículos que estão lá são representantes também da época retratada e possuem grande importância para a marca. Então, não se espante de ver lado a lado o 300 SLR Uhlenhaut Coupé e um caminhão muito comum por aqui. Isso tudo faz sentido!

Terminei a visita ao museu pontualmente às 18 horas. Ao final da visita, um mimo: como cortesia, ganhei o cordão que pendurava o áudio guia ao meu pescoço. Já na loja de souvenires, uma decepção. Apesar de bem maior que a da Porsche, nada me agradou a não ser um boné, que foi a única coisa que comprei lá.

Ainda caminhei 1 km de volta à estação. Dessa vez, meu rumo foi para o aeroporto, onde torrei uma grana legal e aluguei um carro fantástico para encarar um novo trecho de autobahn. Por esse carro eu me apaixonei perdidamente e ela até ganhou um nome, mesmo sendo um caso rápido de um dia. Mas isso fica para a próxima! Até lá!

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