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Zero a 300

Detalhes do novo Aventador | Porsche e Ferrari por trás do atraso do banimento da combustão interna | O Chevelle 396 de Springsteen e mais!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere conosco.

 

Lamborghini mostra detalhes do sucessor do Aventador

A Lamborghini divulgou os primeiros detalhes do esquema mecânico destinado a estrear no sucessor do Aventador. Sem nenhuma surpresa, será um híbrido plug-in, e usará um V12 de 6,5 litros completamente novo, mas ainda aspirado. O codinome deste novo carro é “LB744”.

 

No vídeo de lançamento, não há como não rir do forte sotaque alemão do apresentador; mais uma indicação clara de que apesar de ainda localizada em Santa Agata Bolonhese, perto da capital do supercarro italiano que é Modena, a Lamborghini é essencialmente alemã, uma subsidiária da Audi. Como, são a Rolls-Royce, a Bentley e a Mini; chega ser caricato, até.

O transeixo transversal DCT

Mas enfim, ao carro. O novo “Aventador” abandona finalmente o esquema mecânico lançado no Countach em 1974, onde o volante do motor estava apontado para a frente do carro, o câmbio entre os dois ocupantes, e dali a potência voltava lá para trás, ou, do Diablo VT (dezembro e 1995) em diante, para ambos os eixos.

Agora, o carro basicamente segue o conceito normal de carro de motor central-traseiro, com o volante do motor virado para trás, acoplado ao transeixo traseiro. Este é novo também: uma caixa transversal (para ser compacta, como McLaren F1 e Ferraris) de oito velocidades, DCT.

O motor também é novo: aos 218 kg é 17 kg mais leve que seu antecessor,  e este V12 de 6,5 litros é também mais potente: 813 cv a estratosféricos 9250 rpm, e 74 mkgf a 6750 rpm. Lembrando que como tem ajuda elétrica, pode se despreocupar de torque em baixa, praticamente.

O esquema híbrido é independente, com uma bateria ao centro, e um motor dianteiro independente. Como no Corvette E-Ray, mas aqui com bateria maior para funcionar como elétrico puro se assim desejado. A bateria de íons de lítio de 3,8 kWh pesa 193 kg. Pode num sistema de recarga rápida ser recarregada em meia hora, ou por frenagem regenerativa dianteira, ou pelo V12 diretamente em seis minutos.

Há um motor/gerador elétrico na traseira também, que pode fazer o carro ser 4×4 totalmente elétrico. A marcha a ré é elétrica, dada pelo motor dianteiro, o que é muito interessante: em marcha a ré este é um Lamborghini de tração dianteira, e parece que por isso, não existem as engrenagens de ré no câmbio.

A potência combinada é de “mais de 1000 cv”. As emissões de CO2 caíram 30% em comparação com o Ultimae, cortesia deste trem força híbrido. Não há informações ainda sobre a autonomia no modo totalmente elétrico, e de desempenho; estas vão ter que esperar os próximos capítulos desta nova novela de lançamento.

Um esquema novo e interessante este do novo supercarro da marca; a única oportunidade perdida é a de se criar uma versão com câmbio traseiro manual, para o melhor de dois mundos. Mas não dá para reclamar: como está parece uma boa mistura de fúria V12 e eletricidade, convivendo pacificamente num mesmo carro, sem banimentos de qualquer sorte. (MAO)

 

VW leva várias Kombis interessantes para Amelia Island

A Volkswagen continua tentando tornar líquido, em grana, o capital histórico da Kombi, com seu novo furgão elétrico ID Buzz. Desta vez, no famoso Amelia Island Concours, realizado todo ano (todo ano sem pandemia, claro) no campo de golfe do chique Hotel Ritz-Carlton na ilha homônima.

Além do bizarramente nomeado ID Buzz, a empresa trouxe quase uma dúzia de Kombis para seu estande este ano. Alguns deles eram apenas Kombis clássicas de vários tipos, mas a fauna kombística era bem mais variada que apenas isso. Até Kombi movida por esteiras de trator estava no estande.

Uma Kombi ambulância de teto alto e uma Kombi picape de bombeiro dividiam espaço com carros famosos: a Kombi original do filme “Fast Times em Ridgemont High” (aqui lusitanamente “Picardias Estudantis”), e a Kombi de Jerry Garcia do Grateful Dead. Uma réplica da Kombi “Light” do festival de Woodstock, pintada pelo criador da original, Dr. Bob Hieronimus, também estava presente.

Uma classe especial para Kombis também foi parte do concurso de elegância este ano; uma linda Volkswagen Deluxe “15-Window” 1951 levou para casa as honras máximas desta classe “Transporter”. (MAO)

 

Porsche e Ferrari por trás do atraso do banimento da combustão interna na Europa

Como contamos ontem, a assinatura do acordo que vai banir os motores de combustão interna na Europa atrasou. Parece que não só a Alemanha, mas também a Itália, é contra a efetivação deste acordo. Não é coincidência essas nações serem a casa das mais importantes e cultuadas marcas mundiais de automóveis.

Porsche e Ferrari, principalmente, parecem ser motor dessa descarrilhada do trem elétrico da EU. As duas estão investindo pesado no futuro dos combustíveis sintéticos, e estes combustíveis estão no centro do desacordo. Os dois países querem exceções abertas para eles, aparentemente, segundo relata a Bloomberg.

Os defensores dos combustíveis sintéticos afirmam que a tecnologia pode ser a salvadora do motor de combustão interna. Quando produzidos com eletricidade verde, os e-fuels poluem consideravelmente menos que os combustíveis fósseis e já foram implementados em competições em todo o mundo, como forma de reduzir seu impacto no meio ambiente.

Mas há temores de que, se a demanda por esses combustíveis aumentar muito rapidamente, os fabricantes possam recorrer à geração de eletricidade poluente para atender a essa necessidade. Por isso, os críticos desse modelo chamam eles de “cavalo de Tróia” da indústria.

O acordo vai ser assinado, não parece haver dúvida disso, ainda que esses detalhes ainda tenham que ser acertados. As negociações continuaram durante o fim de semana, e não devem parar até que seja assinado. (MAO)

 

Chevelle 396 de Bruce Springsteen vai à leilão

Então, é isso, era eu, Tinker, e o cachorro do Tinker, e milhares de quilômetros pela frente. Tinhamos vários problemas, e um deles é que eu não tinha carteira de motorista. O segundo problema é que eu não tinha a menor ideia de como dirigir. Isso mesmo: o cara que muito em breve ia escrever a música “Racing in the Street” não sabia dirigir com 21 anos de idade.” – Bruce Springsteen

Este trecho acima é parte do espetáculo/monólogo de duas horas “Springsteen on Brodway”, que não assisti na Brodway, infelizmente, mas no Netflix. É um espetáculo sensacional para quem, como eu, cresceu ouvindo “The Boss”, e hoje tem idade vagamente similar. Mostra o poder da narrativa, da história bem contada: ele conta como se tornou o herói do trabalhador americano, sem nunca ter trabalhado na vida (a não ser como músico, claro, que ele mesmo diz “não é realmente trabalho”).

And my car’s out back if you’re ready to take that long walk from your front porch to my front seat. The door’s open but the ride, it ain’t free.

Agora é a chance de ter em casa um pouco da história deste incrível poeta da vida comum e mundana de gente normal. Trata-se de um Chevrolet Chevelle SS 396, o verdadeiro arquétipo do supercarro do povão americano dos anos 1960, que foi do herói da classe trabalhadora mais famoso da música americana, Bruce Springsteen.

The Boss aparentemente não era um cara de Mustangs, talvez porque “The Boss’ The Boss” seria estranho e repetitivo demais. Não, Chevelles eram sua praia; justamente na música “Racing in the Street” mencionada (do álbum Darkness on the Edge of Town de 1978) ele diz: “Eu tenho um Chevy 69 com um 396, Fuelie heads e uma alavanca Hurst no assoalho.”

Três anos depois deste disco e o sucesso que veio dele, Springsteen comprou este carro. Um Chevelle SS 396 conversível 1969, que manteve até 1987, quando deu ele de presente à um amigo: o engenheiro de som Toby Scott. O carro foi restaurado, voltando à sua cor original LeMans Blue; quando Bruce era o dono, era preto.

O carro tem o V8 396 (6,5 litros) de 350 cv, e sim, vem com o Hurst no assoalho, comandando um câmbio manual de quatro marchas, igualzinho à música. Quatro Cragars SS cromadas com pneus BF Goodrich T/A completam o visual, junto com o volante original e o estofamento de vinil branco.

Ele também vem com uma carta assinada pelo artista, confirmando a propriedade do carro, e toda a documentação. Será leiloado pela Mecum em maio, no leilão de Indy 2023.

Se pudesse o comprava, claro, e, originalidade que se lasque, voltava ele para preto Bruce Springsteen. Aí, carro pronto, virava para a patroa e diria: “Ei, come take my hand! We’re riding out tonight to case the promised land. On Thunder Road. Oh, oh,oh.”(MAO)