…e se você pegasse uma porção de coisas dos anos 80 — a música, as cores, o estilo —, adicionasse uma pitada de Initial D e transformasse tudo em um game? É bem provável que saia algo muito parecido com Drift Stage, um game indie que promete ser uma releitura moderna, tridimensional e colorida de clássicos oitentistas de arcade.
Para quem não é muito familiarizado com o dialeto gamer, um game indie é um jogo desenvolvido por equipe pequena (ou até mesmo por uma única pessoa), sem o envolvimento de uma grande distribuidora — de maneira independente. Os games indie começaram a ficar populares em meados da década de 2000, com o surgimento de novos métodos de distribuição online (dispensando as mídias físicas), sistemas e engines (responsável pela física do simulacro) open source, ou seja, livres para serem usados e até modificados. Se você tem acesso à internet e está lendo este post (d’oh), provavelmente já jogou algum game deste tipo, mesmo sem saber — ou pelo menos ouviu falar de Minecraft, um dos mais lucrativos games indie de todos os tempos.
Drift Stage está sendo desenvolvido por apenas duas pessoas: o programador Chase Pettit e o artista gráfico Charles Blanchard, ou simplesmente DelkoDuck. A ideia partiu de Delko que, há cerca de três anos, decidiu criar um projeto de modelagem em 3D que emulasse a atmosfera de um arcade de corrida oitentista. Algum tempo depois, ele conheceu Pettit, que pretendia fazer um game de corrida havia algum tempo e viu nos modelos de Delko a matéria-prima perfeita.
A dupla deu uma entrevista ao Kotaku recentemente e esclareceu alguns aspectos do jogo. Drift Stage conseguiu muita atenção nos últimos dias graças a seu visual retrô cheio de cores e sprites — porém, totalmente tridimensional. O site oficial do game — que, na verdade, é um blog no Tumblr — traz algumas imagens das primeiras experiências de Pettit usando os modelos 3D de Delko (elas ilustram este post), enquanto o vídeo abaixo mostra uma das primeiras experiências com a engine:
A pista está flutuando porque este é um teste de jogabilidade — e acaba sendo também uma demonstração da inspiração em Initial D. Uma vez acertado este aspecto, a dupla partirá para a construção dos elementos estéticos do cenário e para a interface de usuário.
A influência nos arcades dos anos 80 e 90 é bem nítida. “Para resumir minha inspiração em duas palavras: Yu Suzuki”, disse Pettit ao Kotaku. “Vou considerar Drift Stage um sucesso se capturarmos nem que seja uma fração da magia de alguns de meus arcades de corrida favoritos da Sega”. Yu Suzuki é o cara por trás de clássicos como Daytona USA, Super Hang-On e a série OutRun. Também dá para ver a proposta oitentista nos carros escolhidos: Ferrari 308, Toyota AE86 (um aceno para Initial D, sem dúvida) e BMW M1 são alguns deles.
Ele diz que outra motivação para o desenvolvimento Drift Stage é satisfazer um nicho que anda meio abandonado ultimamente pelos games de corrida. Atualmente, ou temos simuladores (ou quase-simuladores, como Forza ou Gran Turismo) com muitos detalhes, dinâmica precisa e uma enorme curva de aprendizado, ou jogos de corrida totalmente descompromissados feitos para partidas casuais, como Mario Kart. O meio termo — jogos fáceis o suficiente para entreter o gamer casual logo de cara, mas capazes de oferecer desafios reais a quem quer baixar tempos de volta — era preenchido pelos arcades, mas eles praticamente desapareceram.
Mas Drift Run também tem brilho próprio porque, além de ser tridimensional, traz uma estética bastante interessante, com cores vivas que remetem à cultura pop da década de 80 — a fotografia de filmes como Miami Vice ou capas de discos.
E, falando em discos, as músicas de Drift Stage prometem ser um show à parte. Por conta do artista Myrone, a trilha sonora traz faixas eletrônicas com instrumentos sintetizados e se encaixa perfeitamente à proposta do game. Ouvindo, é impossível não lembrar de artistas como Kavinsky — que, aliás, também usa a estética oitentista em seus clipes. Por sinal, o estilo musical de Kavinsky é conhecido como OutRun Electro – e a Ferrari Testarossa do personagem que ilustra seus clipes e álbuns é um link mais que direto com o arcade da Sega…
A ideia da dupla de desenvolvedores é lançar Drift Stage para Windows e Mac, mas eles também vão tentar a sorte entre os consoles domésticos. “PC e Mac são obrigação”, dizem. Agora, a notícia que não é exatamente ruim, mas pode desanimar alguns — o game ainda está em fase inicial de desenvolvimento, o que significa que, por ora, não há como baixar uma demo ou mesmo uma versão alfa ou beta. Também não há data de lançamento — “ainda não estamos prontos para colocar um lembrete no calendário”, diz Pettit.
Bem, qualquer que seja esta data, vamos aguardá-la ansiosamente. E, se tratando de um game indie, também podemos esperar um preço bem acessível.