FlatOut!
Image default
Car Culture

Elvis Presley, 85 anos: os carros mais icônicos do Rei do Rock

Você certamente conhece o “Clube dos 27” – um grupo de lendas da música que, por uma infeliz coincidência, morreram todas aos 27 anos de idade. Jim Morrison, Janis Joplin, Kurt Cobain, Jimi Hendrix, Brian Jones, Amy Winehouse… todos eles nos deixaram cedo demais, com uma vida toda pela frente, e isto nos entristece porque eles ainda tinham potencial para soltar muito mais material incrível. Mas a vida, às vezes, é dura e difícil demais para lidar.

Elvis Presley, contudo, não faz parte do Clube dos 27. Elvis morreu aos 42 anos de idade, em 16 de agosto de 1977, vítima de um ataque cardíaco cujas causas, até hoje, são um mistério. Àquela altura, Elvis já havia passado por algumas crises, e algumas pessoas diziam que ele estava decadente. Seus dias de glória na juventude já haviam passado, mas o homem ainda era uma lenda. Na verdade, ele nunca deixou de ser – sua música, sua voz, seu carisma e seu rebolado ainda encantam milhões de pessoas.

Hoje, 8 de janeiro de 2020, Elvis Presley completaria 85 anos de idade. Se estivesse vivo, ele provavelmente estaria aposentado – nem todos são como Willie Nelson, afinal, que já beira os 90 e ainda lança um álbum de músicas inéditas por ano – e tentando levar uma vida tranquila. O que temos mais certeza: ele ainda teria sua bela coleção de carros. E é sobre os carros de Elvis Presley que viemos falar no aniversário de 85 anos do eterno Rei do Rock. Os mais marcantes e importantes, claro.

 

De Tomaso Pantera

A história do De Tomaso Pantera de Elvis é um dos posts mais antigos do FlatOut – e é uma história e tanto. Elvis comprou o esportivo com design italiano e mecânica de muscle car americano em 1971, como presente para sua namorada na época, Linda Thompson, com quem morava. Os dois se separaram após três anos de relacionamento, porém, e logo depois do término Elvis quis o carro de volta.

Reza a lenda que Elvis pretendia levar o carro embora de forma dramática, acelerando muito e deixando um rastro de borracha e fumaça de pneu. Acontece que o carro não pegou de primeira – a bateria estava arriada – e, furioso, Elvis sacou seu revólver deu três tiros no Pantera. Um dos tiros acertou a porta do motorista, e os outros dois pegaram no volante de Ford Capri que os Pantera vendidos nos EUA usavam.

Pouco depois, mais calmo, Elvis trocou a bateria do Pantera e pode, enfim, sair com o esportivo. Pouco se sabe sobre a trajetória do carro, que hoje se encontra no Petersen Automotive Museum. Dizem que seu dono anterior o comprou por US$ 1 milhão e consertou a porta, deixando apenas as marcas no volante como recordação — e é deste jeito que o carro está exposto no museu, sem nenhum outro tipo de reforma.

 

Os Cadillac

Embora o De Tomaso Pantera de Elvis seja um de seus carros mais famosos, são os Cadillac que os fãs mais associam à figura cativante do cantor. E, como acontece com todo personagem icônico, também existem algumas lendas acerca disto.

Dizem, por exemplo, que o primeiro Cadillac de Elvis foi um modelo 1956 que ele comprou apenas para provar que tinha como comprar. Segundo a história, o cantor – que já era famoso, mas ainda não era absurdamente conhecido por todos – entrou em uma concessionária, trajando as roupas e penteado típicos dos jovens da época, e mostrou interesse por um conversível branco. O vendedor fez pouco caso e o mandou embora caso ele não fosse de fato comprar o carro.

Elvis teria saído de lá e encontrado um garoto lavando carros. Depois de descobrir quanto o menino ganhava pelo serviço, ele o levou até a loja e procurou o gerente, dizendo a ele que compraria o carro e pagaria à vista… mas que a comissão da venda ficaria toda com o garoto lavador de carros, e não “com aquele vendedor mal educado”. O que se sabe com certeza: o carro era branco com interior preto, mas logo Elvis o mandou pintar de roxo metálico, espremendo um cacho de uvas sobre o capô e dizendo ao customizador, Jimmy Sanders: “eu quero que você o pinte desta cor”. E o interior foi refeito em branco.

Nos anos seguintes, Elvis teve, de acordo com alguns sites dedicados ao cantor, mais de 200 modelos diferentes da Cadillac. Mas ele era mais conhecido pelos exemplares cor-de-rosa – uma tradição que começou ainda na década de 1950, quando ele comprou um Fleetwood 1955 azul e pediu ao mesmo Jimmy Sanders que o pintasse em uma tonalidade exclusiva, criada sob medida, que ficou conhecida como “Elvis Pink”. Depois de três meses, o carro pegou fogo. Mas Elvis também deu um Cadillac 1955 cor-de-rosa de presente a sua mãe, que o manteve guardado até sua morte.

Também vale citar o Cadillac Eldorado que Elvis comprou em 1967, quando já era um astro absoluto da música e do cinema – e que também foi vítima da fúria do cantor, alvejado com chumbo.

Relatos dizem que Elvis usou o carro com bastante frequência por pelo menos um ano. É difícil dizer se este era seu carro de uso diário, mas a história conta que era Caddy o carro que Elvis dirigia na época do nascimento de sua filha Lisa Marie, em fevereiro de 1968.

Priscilla Presley estava no fim da gravidez, e o casal subiu no Cadillac para uma visita ao médico. Acontece que o carro não pegou (o que mais poderia ser?) e Elvis, nervoso, saiu de dentro dele, sacou seu revólver e acertou um tiro no para-lama dianteiro direito.

Ele deve ter conseguido levar Priscilla ao consultório do médico, pois Lisa Marie Presley nasceu no dia 1 de fevereiro de 1968. Mas o apelo do Cadillac deve ter desaparecido para Presley, que o deu de presente ao pai adotivo de Priscilla — com uma condição: que ele jamais consertasse o buraco da bala no para-lama. Além das armas, outra paixão de Elvis era dar presentes às pessoas de quem gostava.

Depois que o casal se separou em 1972 e o pai de Priscilla morreu, o carro foi vendido para o dono de um restaurante na Austrália, que deixou o carro exposto em seu estabelecimento até 1987. O Cadillac ainda trocou de dono algumas vezes até o ano 2000, quando o colecionador americano Hal Wagner o comprou, levou de volta para os EUA e deixou em exposição em seu museu no Kansas.

 

Stutz Blackhawk

O Stutz Blackhawk, cupê fabricado entre 1970 e 1987, era um revival de outro carro de mesmo nome que havia sido produzido na década de 1930. Feito por uma empresa independente, ele tinha apelo altamente luxuoso, e podia ser equipado com uma variedade de motores norte-americanos da época – Ford, GM e Chrysler, todos com oito cilindros em V. Seu design era completamente diferente do que se via nas ruas dos Estados Unidos naquela época, e foi este exotismo que atraiu o Rei do Rock, que comprou seu exemplar em outubro 1970.

O carro de Elvis era o segundo protótipo feito pela Stutz, e o Rei do Rock só ficou com ele porque Frank Sinatra, o primeiro que recebeu a oferta da empresa, não quis aceitá-lo. Elvis logo levou o Blackhawk para que o famoso George Barris o customizasse, incluindo a instalação de um telefone no interior.

O Stutz de Elvis foi completamente destruído por um manobrista em junho de 1970, mas ele recusou-se a vender a sucata de volta à concessionária, mantendo-a guardada em sua garagem. Depois da morte do cantor o carro foi recuperado e restaurado, estando hoje em exposição no museu de Graceland.

 

Os Mercedes-Benz

Fora os Cadillac, Elvis também tinha mais que uma queda pelo luxo e requinte alemão dos Mercedes-Benz. Só neste post podemos citar três.

O primeiro deles é o mais luxuoso de todos: um Mercedes-Benz 600 Pullman, equipado com um V8 de 6,3 litros e 250 cv, que Elvis comprou em 1970 e, meses depois, deu de presente a um amigo James Robertson. Robertson era dono de uma loja de carros e, em 2005, vendeu o Pullman para um cliente na Alemanha. Em 2010 o Mercedes virou notícia novamente, ao ser leiloado pelo equivalente a US$ 190.000.

Elvis também tinha outros dois Mercedes, adquiridos na mesma época. Um deles era um 280 SEL comprado zero-quilômetro em 1971, e pintado de azul Alpha Crystal Blue para combinar com o Mercedes 600. Em 2018, o carro foi leiloado pela Barrett-Jackson por US$ 116.600, conservando a mesma pintura da época.

O outro é talvez o mais famoso: um Mercedes-Benz 450SEL “Pagoda” dourado. Elvis comprou o cupê em 1974, sendo ele um dos últimos carros que o Rei dirigiu em vida. E também um dos mais polêmicos.

Com um V8 de 4,5 litros e 190 cv (estrangulado pelas leis dos EUA pós-crise do petróleo), o Pagoda era supostamente o carro que Elvis utilizava quando não queria chamar a atenção dos paparazzi, embora ficasse frequentemente estacionado em frente à mansão de Graceland.

A polêmica: Elvis deixou o carro para seu médico particular, o Dr. George C. Nichopoulos – mais conhecido como Dr. Nick. Muitos fãs acreditam que Nichopoulos tenha sido, ao menos em parte, responsável pela morte prematura do artista devido a uma overdose de medicamentos. E, por conta disto, o médico perdeu sua licença para exercer a profissão.

Dizem que, após as controvérsias, o Dr. Nick vendeu não apenas o carro, mas também vários outros itens de Elvis Presley que mantinha em sua propriedade, para pagar despesas com advogados. Ele morreu em 2016, e desde então o carro pertence a um proprietário não identificado.

 

BMW 507

Outro carro alemão icônico de Elvis também já apareceu aqui no FlatOut: um BMW 507, raro roadster esportivo com motor V8 que o Rei comprou enquanto servia ao Exército – embora não tenha gravado nada durante seu tempo em serviço, ele acumulou uma boa fortuna com as vendas de singles lançados por sua gravadora. E o 507 era um dos carros mais caros que se podia comprar nos EUA naquela época.

Detalhe: Elvis Presley comprou seu 507 enquanto ainda morava na Alemanha. Mas ele não comprou novo, e sim de segunda mão – de um certo Hans Stuck, conhece?

 

O BMW 507 recebeu placas de exportação, como mostram fotos da época. E, até que Elvis terminasse o serviço militar, foi registrado em nome do exército com um número que mudava a cada ano. Foi apenas com uma apólice de seguro no nome de Elvis Aaron Presley que veio a confirmação de que o carro era mesmo do Rei. Elvis ficou com o carro até 1960, quando enfim sua dispensa foi emitida, e voltou para os EUA sem ele.

O conversível teve vários donos depois disto, e foi só muito tempo depois que confirmou-se, através de uma apólice de seguro, que o carro pertencia mesmo a Elvis. A BMW começou a restaurá-lo em 2014, em um processo que levou dois anos.