Antes de comprar um carro você pesquisa na internet, lê avaliações, pede a opinião dos amigos e, por último, faz um test drive se a concessionária permitir. Um passeio de alguns minutos, para sentir as características do carro e finalmente decidir se é aquele mesmo que você quer.
O americano Jeffery Todd Crystal, do estado da Flórida, queria um Porsche Panamera. Queria tanto que foi até uma concessionária, assinou um cheque de US$ 109 mil e saiu dirigindo. Só que o cheque não tinha fundos e o tempo que Crystal ficou com o carro foi um pouquinho maior que um test drive. Na verdade, foi um um longo test drive que durou duas semanas e vai colocar o homem na cadeia por 30 anos.
O crime aconteceu em junho de 2011 mas foi só agora, em 2014, que a sentença saiu. O caso foi o seguinte: certo dia, perto das 18:00 — quando as loja já estava para fechar —, Crystal foi até a concessionária Porsche de Destin, na Flórida, com um talão de cheques. Ele pediu para fazer um test drive e assinou um cheque-caução de US$ 109 mil (cerca de R$ 290 mil) e deixou a loja ao volante do Panamera, que tinha só 70 milhas (pouco mais de 110 km) no hodômetro.
Como estavam prestes a encerrar o expediente os funcionários da loja não checaram a procedência do cheque, e só descobriram no dia seguinte que ele não tinha fundos. A concessionária então ligou para Crystal, que garantiu que o cheque seria compensado… duas vezes.
Foi então que, duas semanas depois, Crystal apareceu na loja devolvendo o carro, com 2.300 milhas (mais de 3.700 km) no hodômetro, como se nada tivesse acontecido.
O caso foi levado à polícia local, que investigou Jeffery e descobriu que aquela não havia sido a primeira ocasião — aparentemente, em 2004 ele já havia feito a mesma coisa em outra concessionária Porsche. Além disso, o cheque foi emitido em nome de uma empresa que não existia, e estava atrelado a uma conta bancária que não tinha mais que US$ 68 dólares (R$ 180). Mal daria para comprar uma miniatura bem feita do Panamera. E ainda tem mais: na ocasião do segundo “test drive”, Crystal estava em liberdade condicional pelo crime de 2004.
No último dia 10 de dezembro o juiz proferiu a sentença três anos depois do acontecido: 30 anos de prisão por roubar um bem no valor de mais de US$ 100 mil e emitir um cheque sem fundos — fora o fato de ter violado a condicional por seus crimes anteriores.
Enquanto isso, no Brasil…
Algo semelhante aconteceu recentemente no Brasil. Em 2013 a bacharel em direito Fabiana Godk, então com 28 anos, roubou um Hyundai HB20 durante um test drive em Curitiba, Paraná. Segundo a polícia, ela teria sacado uma arma durante o test drive, ameaçado o funcionário da concessionária e fugido com o carro, que foi recuperado dois dias depois.
Ao ser ouvida pela polícia, ela disse que o funcionário desceu do carro porque quis. Fabiana afirmou que, de fato, o test drive ocorreu, mas o funcionário pediu para que ela parasse o carro por estar dirigindo de forma perigosa — história que foi considerada “sem pé nem cabeça” pelas autoridades. A suspeita é que ela teria roubado o carro para usar como repositório de peças — Fabiana havia comprado um modelo igual na concessionária meses antes e teria sofrido um acidente com ele antes do crime.
Como não houve flagrante, a jovem estava respondendo em liberdade pelo crime até que, em outubro, cometeu outro delito, furtando um par de óculos no valor de R$ 736. Foragida pelo crime, ela foi encontrada e presa em novembro último. A polícia ainda afirmou que a jovem já havia sido presa em 2009 por porte ilegal de arma e estelionato.