Um Tesla Model S zero-quilômetro custa nos EUA, em sua configuração mais básica – com bateria de 60 kWh, tração traseira e potência equivalente a 520 cv – US$ 60.000. É o equivalente a R$ 187 mil em conversão direta. O mais caro é o P100D, com bateria de 100 kWh, dois motores e tração nas quatro rodas, parte de US$ 140.000, ou quase R$ 440.000 em conversão direta. Nesta configuração, o sedã elétrico de luxo chega aos 100 km/h em 2,7 segundos graças ao modo Ludicrous.
Os Tesla não são baratos, mas isto não significa que você possa ter um e gastar pouco. Ou ao menos é o que demonstra Rich, o dono do canal Car Guru no YouTube: investindo uma fração dos valores que citamos aqui ele conseguiu comprar duas unidades do Tesla Model S e, com suas peças, montar um carro 100% funcional.
Como ele fez isto? Com muita paciência, comprando e vendendo componentes e trabalhando nos carros sozinho sempre que tinha tempo livre. E ele documentou tudo na Internet, claro.
No vídeo acima ele conta toda a história, mas nem todo mundo manja de inglês e, por isto, vamos dar uma destrinchada no que ele fez.
Um Tesla Model S 85 (com bateria de 85 kWh) que passou por uma enchente no litoral dos EUA foi comprado por US$ 14.000 (R$ 43.600 em conversão direta). A ideia era ficar apenas com a carroceria e com o que pudesse ser utilizado do acabamento interno, pois a maioria dos outros componentes – freios, todo o sistema elétrico, todos os motores e alguns dos módulos da bateria. Para se ter uma ideia, o conjunto de baterias do carro tem 16 módulos, e doze deles estavam bons.
Foi o bastante para recuperar boa parte do dinheiro: cada um deles foi vendido por US$ 900, resultando em um total de US$ 10.800 (R$ 33.600). O motor elétrico, que estava molhado e não funcionava, foi vendido por mais US$ 3.000 (R$ 9.350). Ao vender mais alguns componentes do interior e arrecadar mais US$ 1.000 (R$ 3.100), Rich acabou abatendo pouco mais que os US$ 14.000 que pagou pelo carro, e ficou só com a carroceria – que, na prática, saiu de graça.
Foi preciso comprar outro carro para fornecer os componentes faltantes – um Model S branco batido na dianteira, que forneceu o motor, os bancos e revestimentos de porta, toda a fiação e componentes como rodas, pneus e freios. Rich pagou US$ 14.500 (R$ 45.100) por aquele carro e, mesmo depois de tirar tudo o que precisava, ainda conseguiu vender todos os airbags, o volante e o painel (US$ 3.000, ou R$ 9.300); as portas (US$ 1.500, ou R$ 4.650); a carroceria/monobloco (US$ 1.700, ou R$ 5.300); e diversos outros itens como baterias, lanternas, linhas de ar-condicionado, alto-falantes e chicotes por (US$ 1.800, ou R$ 5.600).
Abatendo tudo, o custo total do segundo Tesla foi de US$ 6.500 (R$ 20.200). Como não pagou por mão de obra, instalando todos os componentes em sua própria garagem, estes US$ 6.500 foram o quanto Rich gastou para colocar seu Tesla Model S preto para rodar de novo. Ele acredita que Dolores (que é como o carro se chama) é o Tesla Model S mais barato do mundo. Deve ser mesmo.
É claro que há algumas observações a fazer. O carro ficou totalmente funcional e Rich não teve problemas na hora de regularizá-lo para rodar nas ruas. Mas ele não dirige o carro – quem o faz é sua esposa. Isto porque Rich já tem uma picape (com motor a combustão, claro) que supre todas as suas necessidades em transporte; e porque ele simplesmente não quer correr o risco de o Tesla pifar na sua mão.
Rich é categórico em afirmar que fez tudo por diversão, e que fuçar com carros elétricos é apenas um hobby. Ele não pretende ganhar dinheiro com isto e diz que, se dependesse do Tesla para se locomover, provavelmente não teria montado o carro sozinho em um processo que levou cerca de seis meses – um mês e meio para desmontar o primeiro carro, um mês e meio para desmontar o segundo carro, e o restante para juntar os dois em um só.
Agora, Rich já comprou outros dois Tesla Model S para fazer tudo de novo. Mas, desta vez, ele vai montar um P85D, com baterias de 85 kWh e dois motores (um na dianteira, outro na traseira). Novamente, não será seu carro de uso diário. Mas a gente até entende o apelo de montar outro Tesla depois de o primeiro ter ficado pronto – nenhum project car é o último.