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Este é o incrível Porsche 911 Singer com motor aircooled Williams de 500 cv

Em agosto deste ano a Singer Vehicle Design, empresa californiana que cria os Porsche 911 restomod mais caprichados do planeta, anunciou uma parceria absurda, no melhor sentido da palavra: um de seus clientes encomendou um 964 com motor aircooled de 500 cv desenvolvido por ninguém menos que a Williams Advanced Engineering – que é mais conhecida por aqui como “equipe Williams de Fórmula 1”.

Depois de ouvir o ronco do carro em um vídeo breve, porém intenso, agora finalmente sabemos como o carro ficará quando pronto. E, meus amigos, que coisa bonita. Eu quero sonhar com esse carro hoje à noite, vocês não?

A Singer acabou de publicar estas imagens e mais algumas informações a respeito do carro. Tudo bem que são projeções, mas são boas projeções e mostram em detalhes como ficará o Porsche depois de pronto. É de tirar o fôlego, de verdade. O carro, encomendado por Scott Blattner, cliente antigo da Singer e dono de um dos mais legais Porsche 911 modificados pela companhia – o Targa laranja abaixo.

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A princípio, pensava-se que o motor Williams seria utilizado neste carro, mas agora já sabemos que é outro carro. Naturalmente, também é um 964 (a geração na qual a Singer se especializou), porém se trata de um cupê. A companhia se refere ao carro, ao menos por enquanto, como DLS, ou Dynamic and Lightweight Study ou “Exercício em Dinâmica e Leveza”, traduzindo livremente. O carro foi encomendado por Blattner, mas servirá como molde para um pacote de modificações customizável feito para quem quiser levar seu 964 ao limite.

O 911 tem a carroceria pintada de “Absinthe”, uma cor desenvolvida especialmente e exclusivamente para o projeto, que doi inspirada na coloração tradicional da bebida dos artistas parisienses (e que lembra um verde militar mais suave). A inscrição “PORSCHE”, em vermelho, aparece nas laterais e na tampa do motor, além do emblema Porsche no capô e do letreiro da Singer em uma saída de ar sob a asa traseira.

Engine by Singer Vehicle Design and Williams

Mas é nos detalhes que o carro realmente nos pega de jeito. Os detalhes do carro foram criados pelo designer Daniel Simon, que já trabalhou em outros projetos com a Singer. Você pode não saber quem ele é pelo nome, mas certamente já viu seu trabalho em algum lugar: Simon foi o designer das light cycles de “Tron: O Legado” (Tron: Legacy, 2010)e o responsável pela arte conceitual de veículos e máquinas de filmes como “Prometheus” (2011) e “Capitão América”  (Captain America, 2011).

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Ele também publicou um livro chamado Cosmic Motors, no qual apresenta carros voadores futuristas com elementos dos carros atuais – suas aeronaves, por exemplo, parecem bastante “mecânicas”, com motores a combustão, turbinas, volantes, pedais e rebites expostos.

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Não são alienígenas – são quase retrôs parecem ter sido feitas por nós, nessa era. Algumas até parecem ter pinturas de corrida. É uma mistura muito harmônica de influências do passado com elementos modernos.

1990 Porsche 911 restored and modified by Singer Vehicle Design using results of Dynamics and Lightweighting Study [DLS] undertaken with Williams Advanced Engineering and other technical partners.

O mesmo pode ser dito do Singer DL. Repare como os faróis dianteiros circulares, com moldura cromada, abrigam projetores. Ou como as lanternas dianteiras remetem às do 911 clássico dos anos 60, porém escondem entradas de ar, que têm função aerodinâmica. Atrás, a mesma coisa: as peças de acrílico vermelho têm saídas de ar análogas à do novo Ford GT, que parece ter vindo de 2027, mas seguem as formas básicas das lanternas usadas pelo Porsche 911 até 1997.

Engine by Singer Vehicle Design and Williams Engine by Singer Vehicle Design and Williams

 

A traseira, aliás, é um dos melhores ângulos do carro. Os para-lamas alargados não são integrados à carroceria, e sim destacados como em um RAUH-Welt Begriff (ou um GT2 993), só que sem os rebites aparentes. E são largos, MUITO largos para acomodar pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 com composto exclusivo (algo que já está virando praxe entre os superesportivos de nicho), cujas medidas ainda não foram reveladas. Então, você repara em como o desenho do para-choque original foi adaptado para receber um difusor decididamente contemporâneo, com duas saídas de escape e luz de freio integrada, feito de fibra de carbono exposta. Veja como as formas antigas e atuais conversam e se entendem de uma forma que parece quase impossível. Cara, por que este carro tinha de ser uma projeção?

Engine by Singer Vehicle Design and Williams

A carroceria do carro teve a aerodinâmica refinada utilizando um software de dinâmica de fluidos, em um trabalho feito pelos engenheiros da Williams com a supervisão de Norbert Singer. O nome é mais que coincidência. Estamos falando do cara que basicamente ajudou a Porsche a conquistar todas as suas vitórias de Le Mans: ele participou do programa do Porsche 917 em 1970 e 1971; chefiou a equipe que desenvolveu o Porsche 935 em 1979, e projetou a carroceria dos Porsche 956 e 962, que venceram juntos sete edições da prova de endurance, e finalmente supervisionou o desenvolvimento do Porsche 911 GT1, que deu à companhia sua última vitória em La Sarthe, na edição de 1998 – antes da trinca de 2015, 2016 e 2017. E sim, Rob Dickinson, o fundador da Singer, só deu este nome à companhia por causa de Norbert Singer.

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Por dentro as coisas são tão impressionantes quanto: o acabamento dos bancos concha de fibra de carbono, do console central de fibra de carbono e da parte central do painel de fibra de carbono é de couro “Blood Orange”, e também é possível ver insertos de titânio, magnésio, alumínio e… fibra de carbono. O revestimento das portas é vazado e faz as vezes de barra de proteção, sendo parcialmente revestido com o mesmo couro. O volante é de fibra de carbono, assim como a gaiola de proteção e os dutos de admissão que atravessam a traseira. Eles nascem das janelas laterais, que são de acrílico e servem mais como tomadas de ar, mesmo – o efeito visual do lado de fora é quase pornográfico.

Engine by Singer Vehicle Design and Williams

Mas não acaba aí. Saca só as rodas: elas foram encomendadas para a BBS e obviamente inspiradas nas clássicas Fuchs, porém são forjadas e de cubo rápido, com 18 polegadas de diâmetro. Os freios são da Brembo, usando pinças monobloco e discos de freio de carbono-cerâmica. A transmissão é da Hewland, manual de seis marchas, com carcaça de magnésio para reduzir peso. A suspensão traz amortecedores feitos sob medida da EXE-TC e componentes feitos em materiais leves, além de oferecer uma ampla gama de ajustes, mas não há muito mais detalhes a respeito do arranjo.

A Singer frisa, porém, que o acerto dinâmico do carro conta com a consultoria do piloto Marino Franchitti, irmão mais novo de Dario Franchitti e vencedor das 12 Horas de Sebring de 2014; e de ninguém menos que Chris Harris, um dos caras com maior quantidade de carros extremamente velozes no currículo.

Harris, que já é íntimo da Singer há alguns anos (como o vídeo acima atesta), considera: “não sou engenheiro de formação, mas se der uma olhada na lista de pessoas geniais à minha você vai ver que isto não é problema. Estou aqui por duas razões: ajudar a definir como o carro anda, as sensações que ele transmite, o modo como ele vai interagir com cada um dos sortudos proprietários. E para documentar o processo todo. Só de pensar na máquina finalizada eu já abro um sorriso.”

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Vale lembrar que, entre as “pessoas geniais” citadas por Harris, além de Marino Franchitti e Norbert Singer e Rob Dickinson, está também Hans Mezger, o criador de alguns dos mais bem sucedidos motores de corrida da Porsche, e também do flat-six do 911 original. São 500 cv no motor com quatro comandos, quatro válvulas por cilindro e nenhum tipo de sobrealimentação, além de uma redline de 9.000 rpm e de um ronco matador. Que a gente vai ouvir de novo, pode ser?

Já os “sortudos proprietários” serão 75: é a quantidade de carros que a Singer pretende fazer com o motor Williams. Não há preço definido: a empresa diz que “o custo destas restaurações depende dos desejos do cliente e mais detalhes podem ser discutidos com a Singer”. Se for para estimar um valor, porém, podemos sem sombra de dúvida apostar em mais de US$ 500 mil (cerca de R$ 1,65 milhão, em conversão direta). É muita grana, mas mesmo sem detalhes como tempos de aceleração e velocidade máxima ou fotos reais do carro, sabemos que vale a pena.

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