Há tempos a McLaren vem anunciando seu programa chamado Sports Series, que inclui lançar uma linha de modelos mais acessíveis e ingressar no mercado dos esportivos mais “mundanos” – tomando como parâmetro supercarros como o 650S e hipercarros como o P1, claro. Porque ainda sonhamos em viver em um mundo onde esportivos como o Porsche 911 e o Nissan GT-R, por exemplo, sejam esportivos “mundanos”.
De qualquer forma, a ambição do 570S é invadir o território do veterano de Stuttgart, ainda que seja nivelando por cima. Para tal, suas armas são uma variação do motor 3.8 biturbo da McLaren com 30% dos componentes totalmente novos, uma estrutura monocoque de fibra de carbono ainda mais leve e, surpreendentemente, um carro maior, mais confortável e prático no dia-a-dia.
Sim, o novo “baby McLaren” é maior do que o 650S – mais precisamente, 18 mm mais longo e 103 mm mais largo que seu irmão mais velho, ainda que o 570S seja 3 mm mais baixo. A estrutura de fibra de carbono é uma evolução daquela encontrada no 12C e no 650S.
De acordo com a McLaren a chamada MonoCell II foi reprojetada com “usabilidade e praticidade” em mente, com um formato que permite melhor acesso ao interior do carro ao mesmo tempo em que mantém a rigidez e a leveza (a estrutura completa pesa menos de 80 kg). O peso total do carro, que usa painéis de fibra de carbono e alumínio na carroceria, é de 1.313 kg quando o carro é equipado com “opcionais leves”, ainda que não tenha ficado claro o que isto quer dizer exatamente. O que eles deixaram claro é que são cerca de 120 kg a menos que um Porsche 911 Turbo 991, que pesa cerca de 1.430 kg.
Empurrando este peso está o já citado V8 de 3,8 litros que, segundo a marca, é uma evolução daquele encontrado no 650S. Apesar de menos potente, cerca de 30% dos componentes do novo motor, chamado M838TE, são novos. Como indica o nome do carro, são 570 cv que aparecem a 7.400 rpm, enquanto o torque máximo de 61,2 mkgf se mostra entre 5.000 e 6.000 rpm. O motor é acoplado a uma caixa de dupla embreagem sequencial de sete marchas que leva a força para as rodas traseiras.
É o suficiente para acelerar até os 100 km/h em 3,2 segundos, aos 200 km/h em 9,5 segundos e alcançar a velocidade máxima de 328 km/h. Novamente comparando com o Porsche 911 Turbo, o 570S é 0,2 segundos mais rápido no 0-100 km/h; e a velocidade máxima do alemão é de 315 km/h.
Visualmente, o 570S parece um McLaren, o que não é uma coisa ruim. Trata-se de uma nova interpretação da identidade visual da marca, que mescla formas arrendondadas com vincos marcantes, ainda que para alguns a impressão que fique é que o 570S é uma versão reestilizada do 650S. Talvez seja exagero: os faróis com LEDs são maiores, as proporções do carro são mais truncadas e a traseira traz lanternas com um desenho totalmente inédito, mais discreto — o toque de agressividade fica por conta das telas no meio das lanternas e do enorme difusor traseiro.
O destaque fica para as colunas “C” flutuantes que, de acordo com a McLaren, aumentam o downforce em até 8 kg canalizando o ar sobre a tampa traseira — assim como os para-lamas moldados em alumínio — além de melhorar a eficiência do sistema de arrefecimento ao facilitar a liberação de calor do cofre do motor.
O visual é complementado por uma nova linha de rodas forjadas de 19 polegadas na dianteira e 20 polegadas na traseira, calçadas com pneus Pirelli Zero Corsa de medidas 225/35 na dianteira e 285/35 na traseira. Abrigados pelas rodas estão os freios com discos de carbono-cerâmica.
A suspensão do 570S, de acordo com a McLaren, tem calibragem própria e acerto que tenta equilibrar precisão dinâmica na pista e conforto na estrada. O sistema é composto de amortecedores telescópicos ativos, barra estabilizadora na traseira (que a companhia faz questão de deixar claro que é diferente da encontrada no 12C e no 650S) com braços triangulares sobrepostos nos quatro cantos, e pode ser configurado em três modos — “Normal”,”Sport” e “Track”. Nada novo no front: o modo “Normal” é indicado para situações cotidianas, enquanto os modos “Sport” e “Track” tornam a suspensão mais baixa e rígida.
Se do lado de fora, o 570S lembra consideravelmente os outros modelos da linha, por dentro a diferença é mais sensível: o carro tem acabamento mais luxuoso e formas mais convencionais — guardadas as devidas proporções, claro, pois ainda estamos falando de um McLaren. Assim, o carro traz bancos esportivos forrados em couro de série (bem como o painel e o volante), um agradável console central flututante que abriga a tela multimídia de sete polegadas e um volante livre de comandos, que ficam na coluna de direção, como em qualquer outro carro. Obviamente que ainda há toques de fibra de carbono e, se você quiser, bancos de competição com maior apoio e revestimento de Alcantara.
De acordo com a McLaren, este é o modelo mais prático e com melhor aproveitamento de espaço já lançado pela companhia — e isto inclui um porta-malas dianteiro capaz de levar 150 litros de bagagem. Outra prova de que este é um McLaren mais civilizado é o sistema de entretenimento que também controla o ar-condicionado, traz conectividade Bluetooth e quatro alto falantes de alta fidelidade — segundo a marca, feitos para garantir a máxima qualidade de som com o menor peso possível. Contudo, pode-se optar por um sistema com oito alto-falantes feito pela própria McLaren, ou ainda escolher um sistema feito sob medida pela Bowers & Wilkins, com 12 alto-falantes e som de 1280W com efeito surround.
A McLaren ainda não deu detalhes sobre o preço ou a data de lançamento no mercado — estas informações deverão surgir amanhã, dia 1º de abril, quando o carro for revelado no Salão de Nova York.