Bem-vindos de volta a 29 de março de 1994. A Ferrari F50 ainda era um protótipo pré-produção, os filmes eram vistos em fitas VHS em seus lares, o McLaren F1 entrava em seu segundo ano de produção e Ayrton Senna não escondia sua frustração de ter perdido a traseira de seu Williams FW16 na saída da curva da Junção, em Interlagos, dois dias antes. Mesmo assim, aquele 29 de março era dia de festa para Senna. Literalmente. Uma para 2.000 convidados e Jô Soares de anfitrião, no galpão da finada Varig: a celebração marcava o início das operações comerciais da Senna Import, a representação oficial da Audi no Brasil. Começando com os modelos Audi 80, 100, S2 e S4, com preços declarados na época de entre US$ 43 mil a US$ 92 mil.
Coincidentemente, na mesma época, lá do outro lado do Atlântico, começava a sair do forno de uma certa fábrica de Zuffenhausen um dos carros mais insanos a serem produzidos em série. Seu codinome era P1. Hoje P1 quer dizer McLaren e a McLaren hoje produz o Senna, em homenagem ao Senna que começou as importações da Audi. Mas em 1994, P1 era coisa da Audi. E da Porsche. Era o codinome de fábrica do projeto da Audi RS2, a superperua que levou a sigla de competição “RS” (rennsport) para as ruas, resultando no equivalente ao M e ao AMG dentro do mundo das quatro argolas.
Sete meses depois daquele 29 de março de 1994, Senna já não estava mais entre nós. Mas as primeiras das 82 Audi RS2 importadas por sua empresa, comandada desde então pelo seu irmão e ex-sócio Leonardo, começavam a desembarcar por aqui, começando pelo modelo de homologação na cor prata, que foi exposta no Salão do Automóvel daquele ano. E no último fim de semana, encontramos nada menos que 17 delas de uma vez só. Algo tão especial que ninguém menos que o presidente da Audi Brasil, Johannes Roscheck, compareceu pessoalmente para prestigiar, mesmo não sendo um evento oficial da marca, mas sim do RS2 Club. E se você acha que ele participou de maneira protocolar, a bordo de um veículo do catálogo atual e cercado de staff, bem…
Aqui, vale um pequeno parênteses para quem não tem muito convívio com a indústria. Este tipo de situação não existe. Você simplesmente não vê executivos de alto escalão quebrando protocolos e participando de eventos não-oficiais com a espontaneidade de um funcionário-entusiasta da marca onde trabalha (como vários engenheiros e designers que temos aqui no FlatOut), com a câmera a tiracolo, sapatilhas nos pés e cheio de vontade de acelerar um carro histórico. Quanto menos um presidente…
Mais tarde, no Box 54, ele contou um pouco das histórias do passado e da importância histórica da superperua. Roscheck é presidente da Audi brasileira há pouco mais de um ano, mas foi o CFO da planta brasileira da Audi em Curitiba (nos anos 90) e também teve cargos estratégicos nas operações da Audi na Hungria, EUA, e Alemanha. Literalmente viveu a história que acelerou naquele fim de semana.
Este foi o segundo encontro oficial do RS2 Club, que concentra aproximadamente 25 Audi RS2 em estado de conservação de excelência. Estima-se que seja a metade das Audi RS2 sobreviventes desde o fim de 1994, quando desembarcaram as primeiras unidades por aqui. Das 82, 20 voltaram para a Europa para suprir a demanda interna e algo em torno de 10 foram exportadas posteriormente ou sofreram perda total.
Nós estivemos presentes no evento e registramos uma galeria de fotos e mais o vídeo abaixo. Nele, além das cenas de deslocamento do grupo, que partiu da lanchonete New Dog (zona oeste de São Paulo) rumo ao Box 54 num clima alternando chuva torrencial com garoa, temos um bate-papo muito bacana com Rodrigo, entusiasta que nos detalhou a receita que a Porsche fez para transformar a Audi S2 na RS2, e com o Stephan, fundador do clube, que nos mostrou a primeira unidade de homologação a desembarcar no Brasil (ela possui uma série de diferenças em relação aos modelos comercializados por aqui), além de detalhes de sua RS2 survivor. No vídeo também mostramos os detalhes de uma das únicas RS2 Azul Nogaro com interior azul que ainda circula no País com essas características, bem como uma RS2 com nada menos que 3.600 quilômetros rodados! Nem o museu de Ingolstadt possui um veículo tão novo.
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Hoje, o legado da RS2 é representado pela RS4 Avant, cuja nova geração aliás está de passaporte carimbado para o Brasil, com chegada prevista para o terceiro trimestre. V6 biturbo, 2,9 litros, 456 cv e 61,2 mkgf de torque. Até mesmo uma das cores de catálogo homenageia a superperua: Nogaro Blue Pearl Effect, esta da foto abaixo. Conte com nossa avaliação detalhada assim que ela pousar nestas terras!
Galeria: encontro RS2 Club
Apesar da correria entre a chuva e o (relativo) pouco tempo entre a chegada do grupo no Box54 e a saída para o almoço, ainda conseguimos fazer uma galeria de fotos pra alegrar o seu fundo de tela! Não esqueça de clicar nas imagens para ampliar em alta.