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Car Culture Sessão da manhã

Este Mazda RX-7 tem um V8 de 340 cv e é um verdadeiro culto ao espírito gearhead

O Mazda RX-7 é um dos esportivos mais icônicos do planeta, e isto se deve, em parte, ao barulhento, beberrão e maravilhoso motor rotativo Wankel, que não usa pistões e permite um rendimento bem maior com deslocamento relativamente baixo. Mas você vai ter que esquecer tudo isso para entender por que o RX-7 de primeira geração de Corbin Goodwin é incrível.

O carro de Corbin é um hot rod, mas não é qualquer hot rod. Trata-se de um frankenstein sobre rodas, feito com peças de outros carros, um punhado de gambiarras — ou melhor, soluções técnicas alternativas — e nenhuma preocupação com a estética. Ao menos não da forma convencional.

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Mas há duas coisas que este carro tem de sobra: personalidade e técnica. Corbin tinha 19 anos e vivia com seus pais quando comprou um RX-7 de primeira geração (FB) por US$ 350. Não precisamos dizer que era uma bela porcaria, mas ao menos tinha a carroceria íntegra e parte — sim, parte — do interior. Era o suficiente para que ele colocasse um V8 Ford de cinco litros debaixo do capô e criasse o hot rod mais ousado da galáxia, ou até mesmo de Malibu, na Califórnia.

Matt Farah, do canal /Drive, andou neste carro em 2013, quando Corbin tinha 21 anos, e ainda não nos perdoamos depois de nos darmos conta de que ainda não falamos deste carro por aqui.

Foram US$ 13 mil investidos, ou quase R$ 34 mil (sem impostos). Mas, olhando para o carro, você não diz que vale mais que US$ 200, ou pouco mais de R$ 500. Sendo assim, também é difícil acreditar que ele tem componentes como cabeçotes usinados da Trick Flow, embreagem de cerâmica, cilindro mestre Wilwood, câmbio manual de cinco marchas Tremec T5 e suspensão ajustável do tipo coilover da RESpeed, bastante comum entre os donos de RX-7.

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Na verdade, swaps com motores V8 são bastante comuns entre donos de RX-7 nos EUA, mas ninguém teve a coragem de fazer algo tão autêntico como Corbin. Para começar, todo o dinheiro investido foi ganho entregando pizzas. Morar com seus pais e não ter gastos para viver certamente ajudou, mas ainda assim é impressionante. E todo o dinheiro foi usado unica e exclusivamente para deixar o carro mais rápido, e não em perfumaria. Quer dizer, seu visual foi pensado para chocar, sim — basta ver os adesivos como o Pedobear no vidro traseiro e as piadas infames. É um carro feito para duas coisas: dividir opiniões e divertir quem está atrás do volante. Um carro feito para ser rápido e chamar a atenção acima de tudo, com uma boa dose de bom-humor.

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E estamos falando sério, quer ver? Painel aqui é luxo: Corbin tentou adaptar os instrumentos ao novo motor, e meio que conseguiu: o velocímetro fica lá fora, sobre o capô, e teve números repintados à mão com tinta fluorescente. O tanque de combustível é um amperímetro adaptado e marca “cheio” ou “vazio” (variando um pouco dependendo da velocidade com que se faz a curva) e não há chave, apenas alguns interruptores aeronáuticos com os quais você liga o sistema de alimentação, o motor de partida e, finalmente, a ignição — depois você precisa desligar o motor de partida, mas isto é um detalhe.

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Curiosamente, tudo funciona! Quer dizer, nem tão curiosamente assim: Corbin era estudante de engenharia quando construiu o carro (provavelmente está formado agora), então apesar do aspecto totalmente bagunçado do Mazda, tudo funciona em perfeita harmonia, na medida do possível. O câmbio tem bons engates, o motor pega de primeira e funciona como se estivesse no cofre do Mustang que o cedeu.

Isto não significa, porém, que seja um carro fácil de dirigir. Ele é tudo menos isto, na verdade — Corbin fez o RX-7 para desafiar a si mesmo e, em suas palavras, “lembrar que podemos todos morrer a qualquer momento, especialmente ao volante deste carro”.

Sendo assim, ele foi acertado para ser guiado até o limite — que, quando ultrapassado, faz com que a traseira escape e você fique com a sensação de que poderia ter, de fato morrido. Isto foi feito testando o carro na estrada. Corbin dirigiu repetidas vezes nas curvas montanhosas de Malibu, nos arredores da sua casa, e só se deu por satisfeito quando pôde percorrer todo o trajeto de pé embaixo, sem frear — algo impressionante em um carro que pesa menos de 1.100 kg com quase 340 cv nas rodas.

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Ele não se importa com o que os outros pensam sobre o visual de seu carro, e só quer fazer as coisas do jeito dele. Acontece que não há como passar incólume por seu RX-7, conhecido como Zero Fucks Given — que significa exatamente isto: não se importar com po**a nenhuma. Se você adorou o carro dele ou odiou, ele não está nem aí. Até porque este carro não deve ser levado a sério — na verdade, ele é a ironia sobre quatro rodas. Ele tem um spoiler dianteiro que é um pedaço de madeira, o radiador fica para fora do capô (a foto acima é meio antiga) e a carroceria não tem pintura. É um carro que te incomoda ao olhar, e é isto que Colin quer.

Ah, e este não é o único carro de Corbin: depois do Zero Fucks, ele pegou um Volkswagen Jetta a diesel e o transformou em uma picape ou — Jettamino, misturando “Jetta” e “El Camino”. E ele o acertou especialmente para soltar a traseira o tempo todo. Esse cara é louco. E nós, fãs dele.

[ Fotos: Corbin Goodwin, Darrell Nielsen/Flickr ]