Recentemente com as séries sobre a vida de Enzo Ferrari e as Lendas de Le Mans o automobilismo dos anos 1950 foi um tema recorrente no FlatOut. Há quem muito aprecie a leveza e a simplicidade dos monopostos de corrida daquela época — e este provavelmente é o caso dos caras da Superelite Cars, que criaram este monoposto movido por um motor V4 de 1,6 litro feito para motocicletas. E ele ronca que é uma beleza!
Você talvez não tenha ouvido falar da Superelite Cars, mas já falamos deles por aqui: quando ainda se chamavam Race Car Replicas, eles fizeram o Ford GT40 usado em “Velozes e Furiosos 5” (Fast Five, 2011), uma réplica impressionante e bastante fiel à original.
A Superelite diz que o RCR Monoposto é uma réplica de “um Fórmula 1 de 1958”. Curiosamente ele tem a cara da Ferrari 246 F1, que usava um V6 de 2,4 litros na dianteira e competiu em 1958 com Peter Collins e Mike Hawthorn ao volante, garantindo o vice-campeonato à Scuderia naquele ano. Parece claro que esta é uma réplica da 246 F1 e que a Superelite só não a chama assim para evitar “incidentes jurídicos” com a Ferrari.
A Superelite Cars criou o RCR Monoposto sob encomenda da Motus, fabricante independente americana especializada em motos estradeiras. Seus dois modelos, a MST e a MSTR, são feitos de forma artesanal usando materiais componentes de primeira linha — amortecedores ajustáveis Öhlins, freios Brembo e até rodas de fibra de carbono na MSTR.
Seu maior trunfo, porém, é o motor. Segundo a Motus, o principal objetivo da companhia sempre foi fabricar a melhor moto sport-touring do planeta mas, como o motor ideal para isto não existia, eles então desenvolveram um do zero.
O chamado Baby Block MV4 é um pequeno prodígio de apenas 1.650 cm³ de deslocamento que, com cabeçotes de alumínio, comando no bloco, duas válvulas por cilindro e taxa de compressão de 11,5:1, entrega 165 cv a 7.500 rpm ou, na versão R, 180 cv a 8.200 rpm. O arrefecimento é líquido, e a alimentação é feita por um sistema de injeção eletrônica sequencial com corpos de borboleta individuais. E ele também é absurdamente leve: pesa apenas 68 kg.
Além de empregá-lo em suas motos, desde 2014 a Motus oferece o MV4 como crate engine — o motor vem completo, pronto para ser instalado. Opcionalmente, ele pode vir acoplado a uma transmissão sequencial de seis marchas, também desenvolvida pela Motus para suas motocicletas. Infelizmente o RCR Monoposto foi criado unicamente para demonstrar uma das possibilidades de uso do MV4 e não será produzido em série. Mesmo assim foi uma bela maneira mostrar o potencial do motor, especialmente por que seu tamanho compacto, deslocamento reduzido e alto regime de trabalho, lembra muito os motores usados nos carros de Fórmula 1 da década de 50. E ele até ronca como um:
Vendo um motor tão pequeno e eficiente, apostamos que você ficou cheio de ideias malignas, não é? Mas fica ainda melhor: na última sexta-feira (10), a Motus apresentou no Handbuilt Motorcycle Show, evento para motos artesanais e customizadas que aconteceu em Austin, no Texas, a Lone Star 2, uma moto feita à mão (em um processo que levou apenas quatro semanas) para demonstrar a versão supercharged do Baby Block MV4 — sim, uma moto com compressor mecânico!
Com novo sistema de escape e taxa de compressão reduzida, segundo a Motus o MV4 supercharged é capaz de entregar 230 cv. Apesar disso, ainda não é possível encomendar um — a fabricante diz se tratar de um modelo experimental para testar as respostas do módulo de controle do motor à sobrealimentação.
A versão de aspiração natural, por outro lado, parte de US$ 9.000 (cerca de R$ 27 mil em conversão direta). A Motus faz questão de dizer que está aberta a ouvir seus planos para o motor, e até te ajudar a montá-lo, prepará-lo e instalá-lo da melhor maneira possível. O que você faria com um motor desses?