O atual rei de Nürburgring Nordschleife é o Porsche 911 GT2 RS, que com seu flat-six biturbo de 700 cv, 76,5 mkgf de torque e tração traseira, virou absurdos 6:47,3 no Inferno Verde – dez freaking segundos a menos que o hipercarro híbrido 918 Spyder e quase cinco segundos a menos que o Huracán Performante. Tudo isto original de fábrica, exatamente igual ao que se pode comprar nas concessionárias Porsche.
Até agora, os carros que superaram o Porsche 911 GT3 RS são protótipos que, em alguns casos, sequer podem rodar nas ruas. É uma competição acirrada, e mais um concorrente acaba de chegar: o Nissan GT-R de mais de 1.100 cv da prepradora britânica Litchfield Imports.
A Litchfield trabalha com manutenção de superesportivos importados mas, paralelamente a isto, desenvolveu uma boa variedade de componentes e serviços de preparação para o Nissan GT-R. O Godzilla é, sem dúvida um dos carros mais populares entre seus clientes: lançado em 2007, ele causou rebuliço ao valer-se da eletrônica, da tração integral e da potência absurda (para a época) de seu V6 biturbo de 3,8 litros para entregar desempenho aterrador mesmo pesando mais de 1.700 kg. Mais do que isto, conseguiu manter-se competitivo ao adicionar potência, aerodinâmica e novos parâmetros eletrônicos à receita ao longo dos anos.
O atual Nissan GT-R Nismo, versão de rua mais potente e veloz de todas, tem 600 cv e 66,5 mkgf de torque, tração nas quatro rodas, câmbio de dupla embreagem e pesa seus quase 1.800 kg. Seu tempo mais veloz no ‘Ring é de 7:08,6 – 21 segundos mais lento que o 911 GT2 RS. Claro, estamos falando de um carro lançado em 2015, e que de qualquer forma é muito rápido. Mas, com uma diferença destas, só nascendo de novo o GT-R seria capaz de superar o mais potente dos nine-eleven. Não estamos sendo parciais, não, é só fazer as contas.
Pois bem: demos estes números todos do GT-R Nismo só para te situar. O Nissan GT-R da Litchfield Imports, batizado como “LM1 RS GT-R”, não é um Nismo, nem um carro original, e só pode rodar nas ruas porque, no Reino Unido, você pode colocar faróis e lanternas em um protótipo e passar na inspeção do departamento de trânsito. Ele não está concorrendo, portanto, ao recorde para carros de produção, e sim entre os protótipos. E, nesta briga, estamos colocando caras como o McLaren P1 GTR Lanzante (6:43), o Subaru WRX STI Type RA NBR Special (6:57) e até mesmo o Pagani Zonda R (6:47) e o elétrico Nio EP9 (6:45). E, para conseguir o sub-7, ele passou por mudanças consideráveis.
Para começar, o carro foi todo desmontado e recebeu painéis de fibra de carbono por toda a carroceria, que também recebeu componentes aerodinâmicos, como os canards no para-choque dianteiro, o splitter frontal e a asa traseira, “inspirados” no Nissan GT-R que a Nismo usa no campeonato FIA GT3. Com a nova carroceria e o interior aliviado, o carro perdeu nada menos que 350 kg em relação ao Nissan GT-R básico e original de fábrica que foi um dia. Ou seja, em vez de 1.783 kg, ele pesa 1.433 kg.
O sistema de arrefecimento dianteiro deu lugar a um gigantesco intercooler. Atrás, radiadores auxiliares ajudam no resfriamento do motor, alimentados por dutos NACA nas janelas laterais traseiras. Aliás, todas as janelas são de acrílico
Mas a gente falou em 1.100 cv, não é? Pois bem: a Litchfield entende uma ou duas coisinhas de dar mais potência ao GT-R, oferecendo aos donos do superesportivo diferentes pacotes de modificação que elevam a potência do VR38DETT para até 750 cv – cavalaria disponível ao instalar o pacote “Stage 5”, que inclui novos coletores de admissão, novos turbos, retrabalho nos cabeçotes, bloco reforçado, reprogramação eletrônica e novo sistema de escape.
Eles também oferecem o “Stage 6”, pacote personalizado feito sob medida para cada carro de acordo com a potência almejada por seu proprietário. Para o LM1 RS GTR, eles criaram um pacote especial com novos comandos e cabeçotes, escape direto, dois turbocompressores BorgWarner 6758 (iguais aos utilizados na Fórmula Indy), coletores de admissão de Inconel (liga de níquel e cromo bastante leve e especialmente resistente a temperatura elevada) e uma ECU feita sob medida.
Eles ainda não foram muito específicos quanto aos upgrades, mas dizem que, além dos 1.100 cv, o motor entrega 110 mkgf de torque. Dá para girar a Terra ao contrário, como diz o clichê.
O carro também recebeu rodas de fibra de carbono, freios de carbono-cerâmica, suspensão com molas e amortecedores Öhlins e geometria retrabalhada especialmente para Nürburgring e um assoalho plano como nos carros de corrida. Alguém aqui duvida que este bicho vai voar?
E veja só: este monstro de fibra de carbono com preparação extrema no motor provavelmente vai virar o sub-7 em Nürburgring, e tem chance de superar o Porsche 911 GT2 RS original de fábrica. Tem chance, com 400 cv a mais. O pessoal de Stuttgart caprichou mesmo.