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Projetos Zero a 300

Este Porsche 911 997 se transformou em um belíssimo tributo ao 935 da Rothmans

Todos nós gostamos de um bom projeto de pista – seja ele feito com base em um esportivo de primeira, seja partindo de um carro que normalmente não se vê correndo. Mas nem todo project car precisa ser um monstro de track day ou um carro de drift, arrancada ou subida de montanha. É um hábito pra muitos de nós criticar àqueles que investem apenas em upgrades estéticos, deixando de lado melhorias mecânicas. Acontece que, quando nos propomos a encarar a modificação automotiva como arte, não podemos esquecer que muitas vezes a arte possui apenas a função estética.

Esta pequena reflexão cabe aqui porque este 911 da geração passada, a 997, foi transformado em um tributo ao icônico Porsche 935, carro de corrida feito com base no nine-eleven de acordo com as regras do Grupo 5 da FIA, que competiu oficialmente entre 1976 e 1981. O ponto alto de sua carreira foi, sem dúvida, a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1979 com o alemão Klaus Ludwig e os irmãos norte-americanos Don e Bill Whittington revezando ao volante.

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O carro vencedor daquela corrida foi preparado pela equipe Kremer, um dos times independentes mais bem estruturados do automobilismo na época. Eles tinham uma ligação muito forte com a Porsche e tinham acesso a praticamente todos os recursos da fabricante de Stuttgart. Tanto que, antes mesmo de vencer as 24 Horas de Le Mans com o 935, já haviam criado uma versão de rua do bólido para o bilionário Walter Wolf. Para quem não lembra, Wolf foi o cara que fez fortuna nos anos 70 fornecendo maquinário para exploração de petróleo no Mar do Norte, na Europa, e entre 1977 e 1979 foi o proprietário da equipe Walter Wolf Racing, além de ter dado uma forcinha no desenvolvimento do Lamborghini Countach.

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A ideia de um 935 de rua parece absurda porque estamos falando de um Porsche 911 todo modificado para melhor eficiência aerodinâmica nas pistas, com um kit aerodinâmico extremamente ousado que deixava o carro praticamente irreconhecível como um 911 – exceto pelo formato da área envidraçada. E era tudo funcional: a dianteira mais baixa (flatnose ou slant nose), projetada por Norbert Singer depois que o engenheiro descobriu uma brecha no regulamento, tinha melhor penetração aerodinâmica; já a traseira longa evitava turbulência, ajudando a reduzir o arrasto aerodinâmico.

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Apesar de mudar totalmente a cara do 911, o slant nose é meio que um “fetiche” entre os fãs de Porsche e muito apreciado pelos connoisseurs da marca alemã. Talvez por isso exista um kit oferecido no Japão especialmente para dar a dianteira baixa a qualquer 997. A empresa que o fabrica se chama Old & New, e talvez você já tenha visto alguma foto de um carro equipado com o kit por aí.

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Os farós tão baixos podem ser arriscados do ponto de vista legal – na maioria dos casos eles são considerados baixos demais para uso nas ruas

Além da dianteira baixa, com enormes faróis expostos no para-choque, o kit também inclui respiros na parte superior dos para-lamas dianteiros, (que nos carros de corrida tinham a função de escoar o fluxo aerodinâmico das caixas de roda e/ou o ar quente do radiador de óleo na dianteira), novas saias laterais, alargadores com rebites nos para-lamas traseiros e uma asa fixa sobre a tampa do motor. Os caras fazem questão de mostrar que um 997 modificado com o kit aparece em um vídeo do rapper Ty Dolla $ign com participação de Wiz Khalifa – uma informação meio aleatória que, por outro lado, não surpreende ao constar no site de uma empresa japonesa.

O kit completo custa ¥ 1.550.000, o que dá cerca de R$ 52.000 em conversão direta. Mas o projeto que viemos mostrar hoje impressiona mais por causa da pintura: trata-se de uma homenagem à parceria entre a Porsche e a marca de cigarros Rothmans.

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E é fato que alguns esquemas de cores, como o azul-dourado-vermelho-branco da Rothmans, são maravilhosos. Foi com um Porsche 956 da Rothmans, por exemplo, que Stefan Bellof estabeleceu o antigo recorde de 6:11,13 em Nürburgring Nordschleife, durante os treinos de classificação para os 1000 Km de Nüburgring de 1983.

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O jovem piloto tinha apenas 25 anos de idade e, infelizmente, nos deixou cedo demais: dois anos depois, em 1985, ao volante do Porsche 962 de Jacky Ickx em Spa-Francorchamps. O carro, que saiu da pista na segunda perna da Eau Rouge, também tinha a pintura da Rothmans.

Além de ser um tributo a Bellof, podemos considerar que o 997 pintado com as cores da Rothmans também é uma referência ao Porsche 959 que competiu e venceu no Rali Dakar de 1986. O supercarro usava o 911 como base mas tinha tantas modificações que podia ser considerado um modelo separado – novas faces frontal e traseira, elementos de Kevlar na carroceria e um motor boxer de 2,8 litros com dois turbos e sistema de arrefecimento misto (a ar para o bloco, líquido para os cabeçotes).

Em vez de envelopar o carro, o proprietário deste 997 preto decidiu fazer uma pintura de verdade. O carro, originalmente preto, foi todo desmontado para receber o kit, remontado, lixado e pintado, e o projeto foi documentado em fotos que a própria companhia responsável pelo trabalho, a britânica Reflex Auto Design, publicou em sua página no Facebook. É uma boa oportunidade de ver como se faz uma conversão como esta.

Agora, não estamos falando de um carro de pista, embora a inspiração sejam os clássicos da Porsche no automobilismo. Por isso fizemos o pequeno discurso no começo deste post: o carro obviamente foi feito com apelo estético.

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Ele tem suspensão a ar, rodas alargadas e pneus stretched (que podem ser estilosos para alguns, mas pneus não foram feitos para rodar assim) e suspensão a ar. Quando está parado, o 911 fica colado no chão. Além disso, o interior recebeu apenas uma meia gaiola de proteção, que pode muito bem ser decorativa, e não foi aliviado – revestimentos de porta, painel de instrumentos, bancos e equipamentos estão todos em seus lugares.

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Abrindo um pouco a mente e entendendo que nem todo project car precisa ser feito como a gente acha que deveria, conseguimos apreciar o conceito e a execução deste belo tributo.

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Sugestão de Thiago Rodrigues e Walther Nucci