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Car Culture Zero a 300

Este Shelby GT500 1967 conversível é o Ford Mustang mais raro do mundo – e ele nem deveria existir

Como você já deve saber, neste mês a Ford está comemorando a marca de 10 milhões de exemplares do Mustang fabricados. E a gente está aproveitando o embalo para fazer alguns posts especiais sobre o pioneiro dos Pony Cars. Para começar bem a sexta-feira, aí vai mais um: você sabe qual é o Ford Mustang mais raro do mundo? Ao que tudo indica, é o carro que aparece nas fotos deste post – um Shelby GT500 conversível fabricado em 1967. O único que existe no mundo.

O cara que desenterrou toda esta história, contada no site Mustang 360, é Brian Styles, atual dono do carro. Ele comprou o Mustang comprou em 2009 com a intenção de restaurá-lo. Logo nos primeiros meses com o carro Brian percebeu que havia algo diferente nele. As fotos que acompanhavam o carro e certos documentos davam indícios de que era um carro especial – possivelmente um protótipo ou conceito que previa o lançamento do Shelby GT500 conversível em 1968. No entanto, anos de pesquisa mostraram que a verdade era ainda mais impressionante do que as especulações.

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Se você é fã do Ford Mustang, provavelmente sabe que a primeira versão de alto desempenho do Mustang foi o GT350. Baseado no modelo fastback e criado como uma resposta ao sucesso do Chevrolet Corvette nas ruas e nas pistas, ele foi modificado e construído por Carroll Shelby, que já havia mostrado à Ford do que era capaz ao transformar o mundano roadster britânico AC Ace em um esportivo brutal ao equipá-lo um V8 Ford de 289 pol³. Shelby foi contratado pela Ford para apimentar o Mustang já em julho de 1964. Era o início de uma relação que culminaria com o programa do GT40 em Le Mans.

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O Shelby GT350 foi revelado em janeiro de 1965 e tornou-se um ícone instantâneo. A Ford disputou (e venceu!) corridas de turismo com ele e até criou uma versão especial para a locadora Hertz. O sucesso do carro nas ruas e nas pistas levou a Ford, em 1966, a convocar Shelby para ir até a Europa e ajudar sua equipe a transformar o protótipo GT40 em um carro capaz de superar as Ferrari nas 24 Hora de Le Mans. A história é conhecida (leia o post completo aqui): Henry Ford II havia tentado comprar a Ferrari no ano anterior mas, ao ter a proposta negada pelos italianos, decidiu que iria derrotá-los na maior corrida de carros esporte do planeta.

Tudo bem claro até agora? Ótimo, porque a partir daqui as coisas ficam meio confusas. O caso é que Carroll Shelby, apesar de inteiramente dedicado ao projeto do GT40, continuou tocando o desenvolvimento do Shelby GT350. E mais: para o ano de 1967, ele planejava expandir a linha.

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De fato, em 1966 (como modelo 1967) foi lançado o Ford Mustang GT500. Naquele ano a Ford promoveu mudanças na carroceria, que ficou 50 mm mais longa e 70 mm mais larga, além de ganhar bitolas 21 mm maiores nos dois eixos. Além de ficar mais robusto visualmente o Mustang ficou com o cofre do motor mais largo, o que possibilitou o nascimento dos primeiros Mustang com motor big block – o V8 390 da família FE, imortalizado no carro de Steve McQueen em Bullitt (1968); o Boss 429 e o épico 428 Cobra Jet, que era o motor usado pelo GT500, com 360 cv.

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O plano de Carroll Shelby era oferecer seis combinações diferentes do Mustang Shelby a partir da metade de 1967 – três carrocerias (hardtop, cupê e conversível) para cada versão (GT350 e GT500). Dito isto, em agosto de 1966 a Shelby American encomendou à Ford 111 carros, que seriam enviados de Dearborn, em Michigan, onde ficava a fábrica da Ford, para a sede da Shelby em Los Angeles, na Califórnia, onde eles seriam modificados. As especificações: um GT500 hardtop, um GT500 conversível, e o restante seriam fastbacks, tanto do GT350 quanto do GT500.

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Até aí tudo bem. O problema era que Carroll Shelby estava enrolado com o programa da Ford em Le Mans e, por isso, não pode acompanhar o processo de produção dos Mustang de perto. E isto era péssimo porque, apesar da parceria oficial com a Ford, a Shelby American era uma companhia pequena e não tinha estrutura para lidar com a produção de tantas versões diferentes do Mustang Shelby.

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Para começar, os funcionários da Shelby estavam tendo dificuldades com o encaixe das peças de fibra de vidro usadas nos carros – especialmente no GT500, que tinha capô, painel frontal, painel traseiro e respiros nos para-lamas traseiros feitos do material. Além disso, a companhia sofria com prazos de entrega e mesmo recursos financeiros, o que impediu os carros de ficarem prontos a tempo mesmo tendo começado com vários meses de antecedência.

A Ford viu-se obrigada a intervir, e por isso convocou um de seus funcionários, Ray Geddes, para mudar-se de Dearborn para Los Angeles e assumir a direção do projeto no lugar de Gerald W. Nuznoff. Também levou o engenheiro-chefe Fred Goodell para ocupar o cargo – eles seriam os olhos da Ford dentro da Shelby para garantir que tudo sairia do jeito certo. Além disso, uma empresa especializada em fibra de vidro chamada A.O. Smith Plastics (a mesma que havia construído as carrocerias do Chevrolet Corvette) foi contratada para resolver os problemas com a fibra de vidro.

O resultado: em outubro de 1966 cerca de 100 exemplares do Shelby GT350 ficaram prontos. Entre novembro e dezembro foi a vez dos três Shelby GT500 – primeiro o hardtop, depois o fastback e, por último, o conversível. Os carros foram concluídos na linha de produção da Ford em San Jose, na Califórnia. Ou seja: ao contrário do que se pensava, o carro não é um protótipo e nem um conceito: é um Mustang 1967 de série.

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Os GT500 foram os três primeiros exemplares da versão registrados pela Shelby American (números 0100, 0131 e 0139). Também foram os três Mustang a receber o motor V8 big block 428. No caso do conversível, oficialmente concluído em 7 de dezembro de 1966, havia ainda outros pioneirismos: ele foi o único com esta carroceria a sair de fábrica com dois carburadores de corpo quádruplo, e o único conversível 1967 com motor 428. Por fim, também foi o primeiro Mustang Shelby a receber a caixa automática C-6 PCG-R de três marchas, cujo número de série é #000001.

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Apesar da intervenção da Ford, os problemas de qualidade e a dificuldade em cumprir prazos continuaram atrapalhando as operações da Shelby American. Então, após encomendar uma última leva de Mustang para a Ford em 1967, Carroll Shelby adiou os planos para a fabricação dos conversíveis, que só chegaram ao mercado em 1968 e com uma nova atualização de estilo. Em maio daquele ano todos os carros, materiais e ferramental da Shelby na Califórnia foram levados para Dearborn, no Michigan, e a própria Ford seria responsável pela montagem e distribuição dos Mustang Shelby.

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O conversível acabou recebendo modificações na carroceria de acordo com o visual do ano-modelo de 1968, com lanternas de Ford Thunderbird e faróis auxilires menores nas extremidades da grade – em 1967 as lanternas eram as do Mercury Cougar e os faróis auxiliares, maiores e centralizados.

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Após posar para diversas campanhas publicitárias, o GT500 conversível foi dado de presente a uma das secretárias de Carroll Shelby. Mais tarde ele foi devolvido à Ford, que o vendeu através de seu programa “B-Lot”, para carros usados.

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O carro passou por vários donos, incluindo um museu de carros antigos em Chicago, Illinois, que o comprou em 2001 e mandou fazer uma restauração completa. Foi quando o carro voltou a sua forma original, com o visual de 1967. O único de sua espécie, e o Mustang de produção mais raro do mundo.

 


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