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Estes caras fazem esportivos britânicos clássicos novos em folha – conheça a Frontline Developments

O Mazda Miata sempre foi sinônimo de diversão ao volante, da primeira geração, lá de 1989, até a elogiada quarta geração, lançada em 2015. Todo Miata tem as mesmas qualidades: potência na medida, tração traseira, dinâmica afiada e robustez mecânica.

Mas e se você pudesse ter tudo isto em uma embalagem clássica, como a dos roadsters britânicos que inspiraram o próprio Miata? É exatamente isto o que os caras da Frontline Developments, no Reino Unido, fazem. E é espetacular.

Os roadsters esportivos foram uma parte importante da cultura automotiva britânica nos anos 50 e 60. Modelos como o Triumph Spitfire, o MG MGB e a enorme família da Austin-Healey povoaram as ruas e estradas do Reino Unido, caindo no gosto dos entusiastas por sua agilidade nas curvas, que era muito mais fruto do baixo peso e do acerto da suspensão, visto que os motores raramente passavam dos 150 cv.

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Eles só tinham um problema: não eram lá muito confiáveis, tornando sua manutenção, que já não era das mais fáceis na época, ainda mais difícil nos dias de hoje. Por isso, pode ser uma boa ideia adquirir um dos carros da Frontline Developments, que mantém o estilo clássico do MG MGB e melhoram todo o resto — acabamento, mecânica, suspensão, freios e equipamentos.

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A FD começou como uma oficina especializada em consertar o MGB. Seus fundadores, Tim Fenna e Ed Braclik, disputavam corridas regionais com o MGB nos anos 90 e, naturalmente, transformaram a experiência com os clássicos britânicos em um negócio rentável — seus clientes, gentleman drivers, não eram exatamente do tipo que mede gastos na hora de manter o carro rodando em ordem. Foi uma questão de tempo até que a dupla decidisse que não era preciso se limitar a deixar os roadsters em ordem — era possível melhorá-los.

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A sacada da Frontline Developments é que cada carro que deixa a oficina em Abingdon, Oxfordshire, é efetivamente um carro antigo, só que novo. Cada carro começa sua vida como um MG MGB que iria para o ferro velho, mas fornece a estrutura (e o número do chassi) para que a FD instale uma nova carroceria, um novo interior, nova mecânica, e ainda alguns recursos extras, como ar-condicionado, sistema de som moderno e isolamento acústico. E não há razão para que os fãs mais puristas do original se incomodem. Pelo contrário: todos os componentes que puderem ser aproveitados são enviados para o clube de proprietários MG Car Club, que os disponibiliza para seus membros. Todo mundo ganha.

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A estrutura, então, recebe alguns reforços estruturais e quaisquer reparos que sejam necessários — tudo para ficar o mais rígida possível, a fim de receber a nova carroceria construída pela British Motor Heritage — companhia fundada em 1975 como subsidiária da British Leyland, o império de fabricantes de automóveis que monopolizou a indústria automotiva britânica entre 1968 e 1986.

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Criada para fornecer componentes originais para os carros da BL, a British Motor Heritage é tudo o que restou da companhia nos dias de hoje. Isto possibilita que a nova carroceria — feita com aço mais resistente, porém usando todo o ferramental dos anos 60, seja classificada pelo governo britânico como uma peça original e, por isso, os carros continuam sendo, para todos os efeitos, antigos.

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Acontece que, na prática, eles são novos. Além da carroceria, praticamente todo o resto é novo, feito do zero pela Frontline Developments ou comprado de fornecedores selecionados. A suspensão, que usa braços triangulares sobrepostos, usa componentes de alumínio e foi desenvolvida in house, assim como os bancos de estrutura de alumínio. O interior pode ser revestido com tecidos de mais de 60 padrões e três texturas diferentes, tudo de acordo com a preferência do cliente. Os instrumentos, feitos pela Smith sob encomenda, são idênticos aos originais, porém as marcações de rotações e velocidade são mais altas para adequar-se a performance do novo conjunto mecânico.

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Motor e câmbio são comprados novos, vindos direto da Mazda. O motor é o quatro-cilindros de dois litros com comando duplo no cabeçote do Miata de terceira geração. Originalmente capaz de entregar 170 cv, o motor passa por um minucioso processo de preparação que inclui novas bielas e virabrequim de alumínio billet, pistões forjados revestidos com Teflon e novo sistema de injeção com corpos de borboletas individuais de 45mm.

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Assim, a potência passsa para 215 cv a 7.200, com torque de 24 mkgf — o suficiente para, de acordo com a FD, chegar aos 100 km/h em 5,1 segundos com máxima de 260 km/h. É este o motor que vai para o cofre do MG LE50, versão “básica” oferecida por £ 54.900, ou cerca de R$ 270 mil em conversão direta. Se quiser um pouco mais de pimenta, pode optar pelo LE50 “Plus”, com 240 cv e os mesmos 24 mkgf de torque, capaz de chegar aos 100 km/h em 4,9 segundos, que custa £ 57.995 ou R$ 270 mil. Em ambos os casos é possível acrescentar opcionais e escolher o acabamento — obviamente, arcando com os custos extras.

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Se você quiser algo ainda mais veloz, pode encomendar o MG Roadster Abingdon Edition, que preserva a capota de lona e conta com um motor de 2,5 litros preparado para render 305 cv — o bastante para chegar aos 100 km/h em menos de quatro segundos. Nesse caso, o valor parte de £ 79.990, ou pouco mais de R$ 390 mil.

Um MG novo da Frontline Developments custa mais que o dobro de um Miata 0km no Reino Unido — este parte dos £ 20.000. Se o visual exclusivo e o capricho na construção valem o custo extra, porém, não é nosso dever julgar. De qualquer forma, é impossível não admirar o trabalho dos caras.