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Car Culture

Estes malucos estão colocando a carroceria de um Mercedes-Benz 190E em um C63 AMG

Todo entusiasta adora fantasiar com um belo engine swap — geralmente um carro clássico e colocar um motor potente e moderno, ou um carro pequeno com um motorzão grande. A gente já falou muito a respeito e, se você já leu nosso guia, sabe que não é uma tarefa fácil. Mas e se a gente disser que conhece um projeto capaz de fazer uma troca de motor parecer brincadeira de criança?

OK, talvez a gente esteja exagerando um pouquinho. Mas a verdade é que é impossível não se impressionar com a magnitude deste projeto. Os responsáveis são os caras da preparadora americana Piper Motorsport, que fica em Leesburg, estado da Virgínia. Eles decidiram juntar um Mercedes-Benz C63 AMG da geração passada, a W204, e um clássico 190E (W201) em um único carro.

Qualquer um imaginaria um engine swap com o V8 aspirado de 6,2 litros e 457 cv do C63 no cofre do clássico 190E. E isto seria animal, sem dúvida. Mas eles decidiram tomar o caminho inverso, colocando toda a carroceria do 190E sobre o monobloco do C63. Crazy, right?

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Tudo começou com a compra de um C63 2010 em perfeito estado (rodando e tudo o mais) de uma concessionária Mercedes. E, claro, de um 190E 1985 dourado — um carro careta, que não se parece muito com o insano 190E Cosworth feito para homologar a versão de corrida para a DTM (Deutsche Touren Meisterschaft, o Campeonato Alemão de Turismo). A ideia, certamente, era tornar as coisas mais práticas: em vez de transplantar o motor do C63 no 190E e depois realizar as modificações condizentes na suspensão e nos freios, eles teriam uma base já pronta, porém com uma carroceria clássica. Obviamente, isto não quer dizer que a execução foi fácil.

Ou melhor, não está sendo: o projeto ainda está em andamento. Pudera: trata-se de algo feito nas horas vagas, e é preciso atender os clientes, não é? Assim, o que começou em outubro de 2013, com os dois carros chegando à oficina, tem recebido atualizações periódicas e espaçadas na página da Piper Motorsport no Facebook. Dito isto, o projeto já progrediu bastante, e a última atualização foi publicada no fim de agosto.

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O primeiro passo foi a remoção da carroceria do C63 AMG, deixando à mostra todos os seus componentes mecânicos. Para recapitular, estamos falando de um V8 de 6,2 litros aspirado que entrega pelo menos 457 cv a 6.800 rpm e 61,2 mkgf de torque a 5.000 rpm (na versão Black Series são 517 cv).

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É o bastante para chegar aos 100 km/h em 4,5 segundos com máxima de 267 km/h. A suspensão dianteira é do tipo McPherson e a traseira usa multibraços. Os freios usam discos ventilados e perfurados de 360 mm de diâmetro na dianteira e 330 mm na traseira, com pinças de seis e quatro pistões, respectivamente. A transmissão é automática de sete marchas, com trocas manuais através de aletas atrás do volante. Não é à toa que chamam o C63 AMG de “muscle car alemão”.

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O resumo é que, no fim das contas, seria mais fácil fazer tudo trabalhar em conjunto colocando a carroceria do 190E no monobloco do C63, do que fazer o oposto. No entanto, foi preciso cortar alguns centímetros do chassi do C63 para garantir que tudo coubesse. Eles não disseram quantos centímetros foram removidos, mas considerando que o entre-eixos do 190E mede 2,66 m e o do C63 AMG, 2,76 m, não fica difícil deduzir. A carroceria do 190E também foi removida de uma só vez, com todos os painéis e colunas.

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Primeiro, tudo foi juntado provisoriamente, a fim de ter certeza que tudo se encaixaria. Uma vez confirmado que estava tudo ok, deu-se início a um longo processo de adaptação para a instalação definitiva da carroceria. Sem pressa, uma coisa de cada vez, garantindo que o encaixe entre componentes fosse perfeito.

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A separação dos monoblocos e carrocerias dos dois carros resultou na perda da rigidez estrutural original. Por isso, a primeira providência foi a construção de uma gaiola de proteção sob medida, totalmente integrada às colunas A, B e C do carro, e aos reforços estruturais das soleiras das portas e da parte interna dos para-lamas. A intenção é esconder a gaiola atrás das forrações do interior, mantendo o aspecto original. Na verdade, o interior ainda nem foi instalado, mas já é preciso olhar com atenção para encontrar a gaiola.

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Falando em interior, o painel de instrumentos do C63 também será aproveitado, como vemos na foto abaixo. Afinal, o chassi ainda é do C63…

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Uma vez que tudo foi conectado — em um trabalho de funilaria que levou alguns meses para ficar pronto —, o carro foi colocado no chão, ainda com as rodas originais, para que se pudesse definir o tamanho das rodas e pneus. Depois de alguns testes, foi escolhido um jogo de rodas HRE R43 de 18 polegadas, pintadas de preto texturizado.

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Obviamente, os para-lamas do 190E precisaram ser cortados para acomodar as rodas, que são bem maiores do que as originais. Além disso, na dianteira, as torres dos amortecedores foram elevadas (o curso da suspensão do C63 é maior) e deslocadas, cada uma, 20 mm em direção ao centro do carro.

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Acima, o detalhe das dobradiças feitas sob medida para o capô

No entanto, o que garante o stance do carro são os componentes da carroceria da versão Evo II do 190E 2.5-16 Cosworth: molduras dos para-lamas, para-choques, saias laterais e asa traseira. No caso dos para-lamas, não é só estética: as bitolas do C63 são bem mais largas (1,61 m contra 1,48 m).

Todas estas modificações foram realizadas entre outubro de 2013 e janeiro de 2015. Desde então, a Piper Motorsport se concentrou em adaptar a dianteira do 190E ao novo monobloco. Isto exigiu a fabricação de um painel dianteiro sob medida para acomodar o radiador principal, os faróis e a grade. Os radiadores de óleo foram posicionados atrás do para-choque. Também foi fabricado um novo suporte para o capô — uma bela peça, que inclui entradas de ar para o coletor de admissão e presilhas. É assim que a dianteira está hoje:

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Nós estamos acompanhamos este projeto há alguns meses, e só estávamos esperando uma atualização significativa para trazê-lo até vocês. Na semana passada elas chegaram para mostrar que o carro já está tomando forma — ainda falta instalar o interior e, claro, dar um talento na funilaria e na pintura. Enquanto ele não fica pronto, ouça o ronco do V8 6.2 que irá pulsar nesse clássico renascido:

Nossa aposta é que este vai ser um dos projetos mais fantásticos que já passaram pelas páginas do FlatOut quando estiver pronto. Quer dizer, ele já é.