Quando perguntamos a vocês quais seriam os carros de dois motores mais incríveis que já foram feitos, citamos cinco deles, mas sabíamos que haveria muitos mais por aí — e por isso decidimos deixar a cargo de vocês a seleção desta lista. Aqui estão os carros de dois motores mais incríveis já fabricados escolhidos por vocês!
Citroën 2CV Sahara
O primeiro 2CV com dois motores foi criado em 1954 pelo engenheiro Pierre Bonnafous. A ideia era criar um 2CV com tração nas quatro rodas, algo que o motor original de 375 cm³ não seria capaz de fazer.
Em março de 1958, a Citroën apresentou seu primeiro protótipo oficial. Mais tarde, em outubro do mesmo ano, no Salão de Paris do mesmo ano, a marca apresentou um segundo protótipo. Haveria ainda mais um protótipo até que o carro recebesse sua aprovação final. Sua produção começou em dezembro de 1960. Em 1962, a Citroën abandonou o nome Sahara e passou a chamá-lo apenas 4×4 até o fim da produção, em 1967.
Como os motores se entendem?
O Sahara tinha duas partidas. O motor padrão era o da dianteira, como um 2CV qualquer. Caso fosse preciso mais força para sair de um atoleiro ou de uma duna, o segundo podia ser acionado. O acelerador era ligado apenas ao carburador do motor dianteiro. Se o segundo fosse ligado, seu carburador era diretamente ligado, por cabo, ao carburador do segundo.
O seletor do câmbio era no assoalho. À direita dele, uma outra alavanca permitia escolher se as trocas seriam apenas para o primeiro motor ou para os dois. Havia um câmbio e um tanque para cada motor. Eles ficavam sob os bancos dianteiros, e cada uma das portas dianteiras do 2CV Sahara trazia um bocal de tanque.
Twin Mill
O que deveria ter ficado apenas como um dos modelos mais famosos dos Hot Wheels, criado por Ira Gilford em 1968, acabou virando o projeto de um carro em tamanho real em 1998, no trigésimo aniversário da divisão da Mattel. Encomendado à Hot Rods by Boyd, de Boyd Coddington, o carro ficou a cargo do então empregado da empresa Chip Foose. Mas a Hot Rods by Boyd faliu e o carro só foi terminado em 2001, por Barry Lobeck.
Ao contrário do que poderia parecer para um carro inspirado em um brinquedo, o Twin Mill é funcional. E traz dois V8 big block 502 (8,2 litros) com compressores, suficientes para uma potência total de mais de 1.400 cv. O carro teria custado US$ 7 milhões. E a turma da Mattel chegou a tirar uma onda, dizendo que o venderia no dia 1º de abril.
Como os motores se entendem?
Não há detalhes técnicos disponíveis sobre o carro ou como ele funcionaria, uma frustração para quem curte a parte de engenharia de toda a brincadeira. Mas não daria para excluí-lo só por isso. É legal demais para ficar de fora da nossa lista!
Mini Twini
Existe a versão clássica e a moderna do Mini com dois motores. A pioneira era chamada de Twini e, ao contrário do 2CV, não foi fabricada em série. Criado pelo departamento de competições da BMC, ele pretendia se tornar um fenômeno das pistas e foi inscrito na Targa Florio de 1963. Parecia promissor: seus dois motores geravam 180 cv, mas o motor traseiro superaquecia e acabava se tornando um peso morto. O projeto foi encerrado depois que John Cooper quase se matou em um Twini.
A versão moderna do Twini foi um projeto do tuner Jacques Andres. Ele pegou um Mini 2002 e colocou na traseira outro motor 1.6 turbo, como o que ele tinha na dianteira e com tudo que ele tinha ali, inclusive suspensão.
Como os motores se entendem?
No Twini clássico e no moderno, havia duas transmissões, mas o antigo também tinha duas alavancas de câmbio. Elas era fisicamente ligadas, o que permitia trocar as marchas, nos dois câmbios, simultaneamente. Usando apenas uma delas. As duas transmissões tinham exatamente as mesmas relações de marcha e diferencial (3,44:1), mas o motor traseiro era maior e mais potente. Enquanto o dianteiro tinha 1.088 cm³ e 83 cv, o traseiro tinha 1.212 cm³ e 97 cv. Isso talvez explique as dificuldades de refrigeração que ele enfrentou.
No caso do Mini mais novo, a eletrônica e a tecnologia facilitaram bastante as coisas. Como o câmbio usa cabos, bastou ligar todos eles a um único seletor. O acelerador, eletrônico, também podia ter seu sinal encaminhado para os dois sistemas de injeção eletrônica sem muito trabalho. Cada motor gera 250 hp, o que leva o Twini a 500 hp, ou 507 cv. Até Jay Leno quis dar uma voltinha.
Mosler TwinStar Eldorado
Quem já ouviu falar do Mosler MT900S nem imagina que seu criador, Warren Mosler, é também um economista e um investidor renomado. E que, antes do MT900S, ele já havia feito coisas interessantes sobre rodas, como o TwinStar Eldorado.
A ideia, segundo Mosler, era criar um Cadillac de motor central, mas o carro funcionou tão bem com dois motores que acabou ficando assim mesmo. Qualquer um com um Eldorado podia ter o TwinStar. Bastava levar o carro e mais US$ 30 mil à Mosler. O valor da transformação incluía o segundo motor. E, ao contrário da maior parte dos carros de dois motores, o TwinStar conservava espaço para cinco passageiros.
Como os motores se entendem?
O motor 4.6 V8 NorthStar original, que rendia 279 cv a 5.600 rpm, recebia a companhia de outro 4.6, com 305 cv a 6.000. Cada um com sua própria transmissão. O mais potente, da traseira, tinha relações de marcha menores e faixa e corte de giro mais alta. Como só o acelerador e a seleção de marchas eram sincronizadas, os dois motores tinham trocas em tempos diferentes.
Segundo a revista Car and Driver, que testou o carro na edição de julho de 2000, nada disso impedia que o carro fosse bastante equilibrado (0,83 G no skidpad). Pelo contrário, até ajudava, já que, enquanto um motor estava no intervalo da troca de marcha, o outro continuava empurrando sem interrupções. Só cinco foram fabricados.
VW Scirocco
Quando a primeira geração do Scirocco nasceu, havia uma briga entre os departamentos de engenharia da Volks e da Audi. Enquanto a marca das quatro argolas deitava e rolava nos ralis com o Quattro, a Volkswagen se sentia relegada. Foi por isso que o departamento de competições da marca desenvolveu um Scirocco com dois motores.
Quando ele nasceu, o motor 1.8 ainda não existia, mas estava para ser lançado. Para não apresentar um projeto antiquado, a equipe de engenharia encomendou a Eckhart Berg, construtor de motores a quem ela sempre recorria, para aumentar os 1.6 para 1.8. Com injeção Zenith Pierburg de competição, pistões forjados e câmara de combustão retrabalhada, cada motor rendia 180 cv a 7.200 rpm. Sua velocidade máxima ficava perto de 290 km/h e ele acelerava de 0 a 100 km/h em 4,5 s. Empatava com o Quattro em 0 a 100 km/h e o batia em velocidade máxima.
Como os motores se entendiam?
O Scirocco ganhou um sistema chamado de E-gas, possivelmente o pai do acelerador eletrônico. O cabo do acelerador era ligado ao motor traseiro. Ali, um potenciômetro media a posição do acelerador e enviava um sinal ao motor dianteiro, para operar uma válvula que controlava sua aceleração e a distribuição de força entre a traseira e a dianteira. O Scirocco podia rodar com qualquer um dos motores ou com os dois simultaneamente. A distribuição de peso era de 52,6% na frente e 47,4% atrás.
As duas transmissões eram manuais de cinco marchas e eram mecanicamente ligadas por varetas e manivelas, o que permitia o uso de apenas um seletor. Um segundo Scirocco de dois motores resolveu o problema adotanto câmbios automáticos de três marchas para os dois motores, agora os 1.8 definitivos. O escorregamento dos conversores de torque servia como forma de compensar eventuais diferenças de giro dos motores.
Ford 1927 Double Trouble
O engenheiro de telecomunicações neozelandês Gordon Tronson era um apaixonado por hot rods e motores americanos. Ele queria criar algo que ninguém mais tivesse. Foi daí que veio a ideia de um Ford 1927 com dois motores.
Exagerado, Tronson não se contentou em ter dois V8 4.6 na dianteira de seu Fordinho, mas, para matar completamente a visibilidade dianteira, ele adicionou quatro compressores mecânicos aos motores, um sobre cada bancada de cilindros, e conseguiu um carro com mais de 1.200 cv. Ele tem até site próprio. E vale a visita.
Como os motores se entendem?
Em vez de adotar uma transmissão para cada motor, Tronson usou uma só. Os motores movem polias ligadas a uma polia que E preferiu colocar os motores um ao lado do outro, para não ficar com um entre-eixos absurdo de grande.
Jeep Hurricane 4×4
Outro conceito, o Hurricane não tinha apenas dois motores. Tinha dois V8 5.7 Hemi de 340 cv a 5.000 rpm para cada um de seus eixos rígidos. Mas ia além: todas as suas quatro rodas eram esterçantes. Havia três modos de esterçamento: as rodas de trás viravam em sentido oposto ao das dianteiras, diminuindo o raio de esterço, as quatro viravam no mesmo sentido, o que o fazia “andar de lado”, como um caranguejo, e o que fazia as pontas de cada eixo convergirem, , o que permitia que ele girasse sobre seu próprio eixo.
Como os motores se entendiam?
O Hurricane tinha uma caixa de transferência central, ligando os dois motores, com um sistema de distribuição de torque para cada uma das rodas do carro. Isso fazia o Hurricane ter um cardã para cada roda e uma tração excelente em todas as condições de piso, segundo a finada DaimlerChrysler, empresa sob a qual ele foi criado.
Saveiro trimotor
Infelizmente não conseguimos informações suficientes para falar deste projeto nacional que, a rigor, nem poderia ser citado, já que não tinha apenas dois motores, mas três! A VW Saveiro trimotor competia em arrancadas e tinha três motores turbinados: um dianteiro e dois traseiros. Seu desenvolvedor seria alguém chamado Folgaro, mas não há informações sobre ele ou sobre o carro disponíveis. Se alguém conhecer os figuras e puder nos ajudar a saber mais sobre o projeto, deixe seu comentário!
Como os motores se entendem?
Boa pergunta. Este vídeo indica que a Auto Giro Racing talvez tenha sido a responsável por montar a picape. Tentaremos falar com eles para conseguir mais informações.
Mercedes-Benz A 38 AMG
Nos anos 2000, a Mercedes-Benz criou uma versão experimental do Classe A de primeira geração que colocou não um motor 1.9 sob o assoalho sanduíche, mas dois. A intenção da marca parecia claramente promover o carrinho, que enfrentava vendas abaixo da expectativa no mundo todo. Tanto que não foi feita apenas uma unidade do A 38 AMG, mas quatro. Duas delas ficaram com pilotos da McLaren, Mika Hakkinen e David Couthard, que usava motores da Mercedes-Benz, na época, uma ficou com a fábrica e a outra… não se sabe.
Como os motores se entendem?
O modelo de dois motores e duas transmissões diferentes também foi adotado no Classe A bimotor, mas havia mais elementos eletrônicos para ajudá-lo — basicamente os sensores de rotação das rodas e as centrais eletrônicas do controle de estabilidade, ABS e tração. Se um motor estivesse girando mais do que o outro, sua embreagem patinava até que o outro entrasse na mesma faixa de rotação.
Alfa Romeo Bimotore
Enzo Ferrari foi o responsável pela equipe Alfa Romeo de competição nos anos1930. Em 1935, de olho nos carros de 16 cilindros da Auto Union e da Mercedes-Benz, Ferrari resolveu colocar dois motores de outro cilindros em linha, com 3.165 cm³, em seu carro de competição, o famoso Alfa Romeo Bimotore. Veja o bicho em ação:
O grande objetivo do carro, além de ganhar corridas, era trazer Tazio Nuvolari de volta ao volante da Alfa Romeo. O curioso é que o Bimotore é considerado o primeiro Ferrari. Mas, seja como for, Nuvolari voltou a competir pela Alfa depois deste carro. Não sem um “pedido especial” de Benito Mussolini…
O carro não foi tão bem em corridas. Pesado e com tendência de sair de traseira, ele consumia combustível e pneus com a mesma ferocidade. Mas foi recordista mundial de velocidade em 1935, quando atingiu 364 km/h em uma reta de Florença a Livorno.
Como os motores se entendem?
Apesar de ter dois motores, o Bimotore tinha apenas um câmbio e uma embreagem. Seu pulo do gato estava num complexo sistema de transmissão: o eixo piloto do motor traseiro ia até a frente, passando pelo câmbio e ficando conectado ao volante do motor dianteiro. O eixo piloto do motor dianteiro era oco e passava por fora do eixo piloto do motor traseiro. Desta forma meio maluca, os dois motores ficavam conectados ao volante do motor dianteiro, permitindo que ambos ficassem com as rotações sincronizadas mecanicamente e que compartilhassem a mesma embreagem. Com tanto eixo indo pra lá e pra cá, como fica a transmissão para as rodas, já que não há espaço para o diferencial?
Pois é: o câmbio de três marchas acabou virando também um transeixo meio esquisito, transmitindo o torque resultante da dupla de motores às rodas traseiras por dois cardãs diagonais. Com semi-árvores tão compridas, fica difícil de afirmarmos que este era um sistema robusto. Muito menos pouco complexo.
Hurst Hairy Oldsmobile
Este carro nasceu com a função específica de mostrar que o novo transeixo automático do Oldsmobile Toronado era confiável. Como ele tinha engrenagens planetárias separadas do conversor de torque, e a ligação entre eles era feita por uma corrente metálica, havia o receio de que ela não aguentasse o tranco.
Para mostrar do que a transmissão TH425 era capaz, a Hurst colocou não um, mas dois motores V8 425 (de 7 litros) no Hairy Olds, cada um com um compressor mecânico GMC 6-71, queimando um misto de nitrometano e álcool. Cada um com mais de 1.200 cv e ambos com a nova transmissão de três marchas. O carro foi apresentado em 1966 e teve carreira curta, já que era incrivelmente difícil de dirigir. A potência criava um esterçamento por torque brutal e o carro só seguia em linha reta depois de muita briga.
Como os motores se entendem?
Como cada motor guiava uma ponta do carro e funcionava de modo independente, tudo dependia do piloto. O carro tinha dois aceleradores e duas alavancas de câmbio, que era automático.
Suzuki Cultus Pikes Peak
O carro que Nobuhiro Tajima usou em sua estreia em Pikes Peak, em 1992, foi absolutamente fora do comum. O Cultus, um Swift, como o carro era vendido no resto do mundo, recebeu dois motores 1.6 turbinados, capazes de gerar 400 cv cada um.
Como os motores se entendem?
Também tinha motores com funcionamento independente, ligados a transmissões manuais também independentes a não ser pela alavanca de marchas, que movia os dois câmbios.
Limusine do James May
No sexto episódio da nona temporada do Top Gear, a missão era construir uma limusine para levar celebridades ao British Music Awards de 2007. James May resolveu juntar as dianteiras de um Saab 9000 1994 e de um Alfa Romeo 164 1996 para a missão.
Como os motores se entendem?
Cada ponta do carro tinha seu motor e câmbio independentes, e cada um tinha volante e sistema de direção. Obviamente eles não se entendiam — e essa foi a graça da coisa toda.