Há uns dias, lançamos aqui a pergunta: qual foi o carro que te fez gostar de carros? O carro que acendeu a chama? Que fez você perceber que era diferente das outras pessoas porque enxergava os automóveis com outros olhos?
Nosso exemplo (ou melhor, meu exemplo) foi o Audi TT. Com oito anos de idade, uma foto em uma revista me fez perceber que um carro é muito mais do que um meio de transporte. É uma amostra de tudo o que nos torna diferentes dos animais: nossa engenharia, nossa sede por aventura, nosso prazer em conduzir uma máquina, nosso senso estético. Nossas emoções, anseios, devaneios. Claro, não pensei em tudo isto com oito anos de idade, mas foi ali que percebi que era um entusiasta.
As respostas de vocês foram variadas, criativas e divertidas de ler e observar. Muitos também tiveram este momento decisivo em suas vidas marcado por uma foto, mas outros perceberam que gostavam de carros ao ver o carro de um vizinho ou de alguém da família. Alguns só perceberam depois de mais velhos, ao comprar seu próprio carro. Outros tinham uma miniatura especial. Vamos dar uma olhada em alguns dos seus comentários!
Lamborghini Diablo
Sugerido por: Klein
Logo de cara, um ícone das paredes de quarto da década de 90. O Lamborghini Diablo, que foi lançado exatamente em 1990 para substituir o Countach, finalmente e merecidamente aposentado depois de 16 anos de excelentes serviços prestados aos fãs e donos de supercarros nos anos 70 e 80. Indiretamente, até, porque o Countach foi o primeiro supercarro em forma de cunha a conseguir projeção mundial.
O comentário do leitor Klein se resume a uma única foto de um Diablo amarelo. Ao que tudo indica, é um Diablo VT, versão lançada em 1993 e equipada com um V12 de seis litros de 530 cv, tração integral e suspensão ajustável. O original de 1990 tinha um motor de 5,7 litros e 492 cv, além de tração apenas traseira.
O leitor Vinícius Braga ainda fez o favor de nos lembrar de Need for Speed: High Stakes, o quarto game da franquia, lançado em 1999 e parte da adolescência de muitos aqui.
Volkswagen Karmann Ghia
Sugerido por: Delfim
Meu pai teve um Karmann-Ghia azul claro. Eu tinha 10 anos.
Delfim, meu pai também teve um VW arrefecido a ar azul quando eu tinha uns 10 anos. Mas era um Fusca 1600, 1979/80, azul marinho, com volante pequeno e rodas de Brasilia. Foi o primeiro carro que ele teve, eu sei o endereço onde ele está guardado, mas ainda não tive coragem de ir atrás. Quem sabe um dia.
Mitsubishi Eclipse
Sugerido por: Allan Fadel
O leitor Allan Fadel foi bem conciso: década de 90 em peso aqui! No meu caso, o que marcou [foi esse].
Não dá para contrariar, não é? Claro que ele não era o carro dos sonhos de todo mundo nos anos 90, mas sua popularidade entre os futebolistas e o desenho extremamente agradável, com linhas harmônicas, limpas e aerodinâmicas, envelheceu muito bem. Era o que havia de mais moderno há duas décadas. Vai ser bonito para sempre.
E ainda tem o fato de ele ter aparecido no primeiro “Velozes e Furiosos” em 2001, quando ainda era um carro recente. O primeiro filme de Dom Toretto, Brian O’Conner e companhia foi a introdução de muitos ao mundo dos carros.
Volvo NL12
Sugerido por: Eduardo Rodrigues
Não foi bem um carro, meu pai era caminhoneiro quando eu era criança e achava isso a coisa mais legal do mundo. Além disso ele comprar a revista Oficina Mecânica e eu lia tudo. Devo meu entusiasmo a esse Volvo NL12 do pai e ao Josias Silveira. O Mille 94 da vó também ajudou, adorava aquele ronquinho de peido que ele tinha quando ligava no frio.
OK, o Volvo NL2 não é um carro. É um caminhão. Mas é fácil entender que o gosto por máquinas é uma coisa meio que universal – geralmente quem gosta de carros também curte tudo o que tem motor e serve para transportar seres humanos. Ou qualquer outra coisa.
Sobre o Mille 94: o Uno com motor Fiasa não precisa de tempo frio para ter o ronquinho de peido. É o charme dele.
Citroën DS
Sugerido por: Enrico
Primeiro carro que me chamou a atenção, devia ter uns 4 anos de idade, foi um Citroën DS de um amigo do meu pai. Quando ele aparecia em casa eu ficava pulando feito um louco, pedindo para entrar naquela verdadeira nave espacial com desenho futurista. Isso foi no fim dos anos 60 De lá para cá a coisa foi piorando, piorando… hoje viro o pescoço para qualquer tranqueira sobre rodas… e um dia ainda terei um DS pra chamar de meu!
O Enrico diz que passou a infância na Itália e que seu pai dirigia um Lancia. De fato, o Citroën DS tinha tudo para causar uma impressão e tanto em uma criança de quatro anos. Lançado em 1950, ele era tão inovador em design e tecnologia que durou nada menos que 25 anos: saiu de linha só em 1975, com apenas uma reestilização em sua história. Ele foi o primeiro Citroën a trazer a famosa suspensão hidropneumática da marca, que usava esferas preenchidas com fluido hidráulico para elevar ou abaixar a altura de rodagem. Mas mesmo que não tivesse, só suas linhas aerodinâmicas e limpas, contrastantes com tudo o que rodava nas ruas em 1950, já eram suficientes para causar uma impressão.
BMW 635CSi
Sugerido por: Lucas
O carro que me fez perceber que eu era um entusiasta foi um carro que minha tia teve: um BMW 635CSi 1985. Ela tinha comprado de um revendedor de carros de Los Angeles, usou ele por um tempo e eu já o achava lindo. Até que um dia ele foi batido. Ela tinha uma dívida com o meu pai e, de tanto eu inferniza-lo junto com o meu irmão mais velho, convencemos a ficar com o carro e assim acabaria a dívida. Acabou sendo o primeiro BMW de casa, e eu ajudei meu pai com as manutenções (só atrapalhava e perguntava). Lembro muito bem das voltas com ele, quando ia pro colégio e muitas outras situações. Ele foi vendido antes de nos mudarmos para o outro lado do planeta, e hoje em dia não sei mais onde ele se encontra. Era bem parecido com o da foto, inclusive com os para-choques que não eram comuns nos Us Spec, mas ele era verde escuro com interior preto e não tão brilhante como esse. Sinto saudades da época.
Um belo primeiro carro favorito, Lucas. Todos nós temos um carro que marcou nossa vida e hoje não sabemos mais onde está, não é?
Bianco S
Sugerido por: Braulio Pinto
Aí, tipo, foi uma Deusa, saca. MENTIRA!!!!! Num foi uma Deusa. Na verdade verdadeira eu ainda nem sabia lê e iscreve, saca. Mas mesmo criança pequena já era estiloso e tal, saca. E foi cum uns 6 a 7 anos e tal que vi pela primeira vez um possante que me marco pra sempre, saca. O que tinha visto cos olhos da cara num podia mais se desvisto e num saia mais do meu célebro da cabeça superior (a pensante), saca. Vi de longe e foi chegando cada vez mais perto, saca. E passo na minha frente um possante tão baixo e cum visual de carro de corrida, saca. Puro estilo estiloso dos possantes do Speed Racer, saca. Sim, tipo. Já curtia Speed nessa época. Talvez possa até ter sido o início inicial o Speed cum seu Mach 5 e o lindo possante do Corredor X, saca. Mas algo real mesmo foi esse possante branco, baixo e estiloso que passo na minha frente e nunca mais saiu do meu célebro, saca. Só pude realmente saber que possante era muitos anos depois cum o sucesso das internet e tal, saca. Daí pude i pesquisando e tal e descobri que possante era, saca. E fui atrás de 1, saca. Comprei, reformei por 2 anos e mais 7 anos de curtição, saca. Tipo. E infelizmente tive que vende cum a chegada da minha pequena e singela Braulinha, saca. Foi o meu Possantinho, que sinto tanta saudade dele, saca. Meu Amigo Possantinho.
Mas… mas … a visão que tive naquele dia que mexeu comigo pra sempre foi um possante branco igual esse, saca. Imagina isso ao vivo nos ano 80, onde 70% dos possante era Fusca e otros 29% era 147 rsrsrsrsrsrsrsrsrs
Conservamos o comentário do leitor Bráulio Pinto na íntegra porque seu estilo de contar histórias é conhecido de boa parte do leitores e até divertido. Apesar de ser admirador notório da Ferrari F40 e uma figura polarizadora aqui na área de comentários por suas opiniões a respeito de Porsche e McLaren, o Braulio diz ter comprado e restaurado um Bianco S, fora-de-série feito com base no chassi do Fusca e desenho de Toni Bianco. Como contamos neste post, o que faltava em desempenho ao Bianco lhe sobrava em charme e estilo. Não era um esportivo veloz, mas faz parte da história da indústria automotiva brasileira como qualquer outro fora-de-série. Parabéns pelo Possantinho, Braulio. Na boa, valeu.
Ferrari F50
Sugerido por: Samuel Vancouver
Sem mais por hoje. Ainda tenho a F-50 Shell 1/24.
O Samuel se refere a um dos vários brindes relacionados a Ferrari que a Shell distribuia promocionalmente na década de 1990.
A Ferrari F50 foi outro dos poster cars dos anos 90. Quem curtia a F40 não gostava muito do visual arredondado de sua sucessora, mas aqueles que compreendiam que a F50 tinha parentesco direto com os V12 que a Ferrari usava na Fórmula 1 na época. Eu, pessoalmente, lembro dos carros de controle remoto com aquela antena de metal compriiiiida… nunca tive um, e invejava quem tinha.
Dodge Dart
Sugerido por: Green Dart
O meu? Dodge Dart Coupé 1971 Verde Fronteira.
Com um username desses, não poderíamos esperar diferente. Provavelmente o Green Dart se encantou com o V8 318 de 198 cv brutos do Dodge brasileiro, que foi a base para todos os modelos de Dodge V8 vendidos no Brasil de 1969 a 1981. Ao lado do Maverick e do Opala, o Dart (especialmente na versão Charger R/T) era um dos nossos muscle cars. E os muscle cars são a primeira paixão automotiva de vários entusiastas. Mesmo que seu gosto mude com o tempo.
A propósito, a cor Verde Fronteira é a cara dos anos 70.
BMW 540i Touring
Sugerido por: Road/Track-R/T
Lembro que como na época em que meu pai não tinha carro eu adorava andar nos Golzinhoz da empresa. E, apesar de sempre gostar de carro, o dia que eu percebi que eu gostava foi quando meu pai apareceu com uma dessa, do chefe dele, para me buscar na escola.
A “uma dessa” é a versão perua do BMW 540i E39 – uma bela revelação, especialmente vinda de um fã declarado da Dodge! Agora, falando sério: com um V8 de 4,4 litros e 286 cv e um visual tão harmônico quanto o do E39, fica fácil ser conquistado.
Jaguar E-Type
Sugerido por: Poomah
E-Type, quando eu perguntei pro meu pai: “por que aquela Ferrari é verde?”
E foi assim que descobrimos que eu não era daltônico.
E foi assim que eu descobri a Jaaag.
Pois é, Poomah: a Jaguar e a Ferrari eram rivais nas pistas e na preferência do público nos anos 60, quando o Jaguar E-Type foi lançado para ser um esportivo de rua com heritage de pista, e não um carro de pista legalizado para as ruas como eram as Ferrari da época.
Chevrolet Corvette ZR1 C4
Sugerido por: Michel TS
Esta foto deste carro me fez gostar tanto de carros quanto de fotografia.
Uma bela foto de divulgação: o Corvette preto sobre um fundo escuro, muita sombra e icônicas quatro lanternas traseiras acesas. E um bom e velho V8 americano debaixo do capô. De fato, uma visão impressionante. Deltalhe: este é o Corvette ZR1 já reestilizado, com linhas um pouco mais arredondadas e um painel de instrumentos mais tradicional. Que, aliás, foi a inspiração para o painel do Corvette C7.