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Carros Antigos

Ferrari 330 P4: ouça a resposta italiana ao Ford GT40 em alto e bom som

Geralmente, quando se fala em Le Mans nos anos 1960, os carros que vêm à mente são a Ferrari 250 GTO e seu rival Daytona Coupe, e a sequência de vitórias do Ford GT40, que praticamente baniu a Ferrari dos pódios da prova.

Você conhece a história: Henry Ford II ficou chateado por Enzo Ferrari ter se recusado a negociar sua fábrica de esportivos e para se vingar construiu o GT40, que derrotou a Ferrari em seu próprio jogo quatro vezes seguidas e, depois da surra, ela nunca mais viu a cor de um pódio em Le Mans. Fim da história, certo?

Mais ou menos. Obviamente, a Ferrari tentou reagir logo após à primeira vitória da Ford antes de deixar o Mundial de Carros Esporte (WSC) — ou você pensa que eles demitiram o engenheiro e foram todos chorando comer minestrone quentinho na casa da nonna?

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Na verdade a cena foi mais ou menos a seguinte: depois de perder para a Ford nas 24 Horas de Le Mans de 1966, Enzo Ferrari chamou seu engenheiro Mauro Forghieri ao seu escritório e, sem tirar seus óculos escuros (pra dar um ar mais ameaçador) deu uma ordem simples e direta: vença, cazzo!

A instrução era fácil de entender — especialmente vindo de um cara de quase dois metros de altura e furioso por ver seus esportivos puro-sangue derrotados por uma fabricante de carros comuns — mas não era simples superar Carroll Shelby, um chassi Lola e um motor V8 de sete litros.

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Isso não significa que eles não tentaram, e o nome dessa tentativa é Ferrari 330 P4. Ela não tinha um motor de sete litros como os americanos; em vez disso, ele e seus engenheiros apostaram no refinamento mecânico de seus carros para compensar a diferença de mais de 3.000 cm³. Um desses refinamentos era a injeção de combustível da Ferrari, que ajudava a produzir 450 cv, chegando a uma potência específica de 114 cv/l, enquanto o Ford GT40 deslocava sete litros para gerar 500 cv (pouco mais de 70 cv/l) com seus carburadores Holley.

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E apesar de somente metade da história ter se popularizado — mais especificamente a parte que fala sobre a segunda vitória do GT40 — o outro lado é que a Ferrari conseguiu uma trinca nas 24 Horas de Daytona, no quintal da Ford, além de uma dobradinha em Monza. Ah, e o troféu do WSC foi para a sala de Enzo, em Maranello, no fim daquele ano.

Foram feitas três 330 P4, identificadas pelos números de chassi 0856, 0858 e 0860. Destas três, duas foram convertidas em 350 Can-Am pela própria Ferrari e mais tarde receberam réplicas de suas carrocerias originais. Somente uma delas, a de chassi 0856, permanece totalmente original, e pertence ao bilionário canadense Lawrence Stroll. 

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Foi ele quem emprestou o carro aos caras do Petrolicious para o vídeo mais pornográfico dos últimos tempos. O carro é apresentado pelo instrutor da Ferrari Corsa, Nick Longhi, e ele conta que apesar de ser um protótipo dos anos 1960, ele é tão bem equilibrado que praticamente qualquer pessoa consegue pilotar o carro.

“Mesmo quando comparada a esportivos modernos, com auxílios eletrônicos, poucos carros no mundo são equilibrados como ela. […] Ela diz que está tudo ok e te fala para acelerar mais e mais e mais. O jeito que ela acelera, que ela se comporta… você só dirige e vai em frente”.

Segundo Nick, isso é resultado da qualidade dos pilotos que desenvoveram o carro — Chris Amon e Lorenzo Bandini — e da capacidade que eles tinham de definir o que era preciso para fazê-la andar o mais rápido possível. E de fato ela andava: apesar de não ter recuperado o título das 24 Horas de Le Mans em 1967, elas não somente terminaram a corrida, mas também chegaram em segundo e terceiro lugares.

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