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Ferrari 812 Superfast: a sucessora da F12berlinetta tem 800 cv e um nome histórico

Já faz cinco anos que a Ferrari apresentou a F12berlinetta, que até hoje era sua representante no segmento dos cupês GT de tração traseira com motor V12. Sua usina de força deslocava 6,3 litros para entregar nada menos que 760 cv. Como se não bastasse, em novembro de 2015 a Ferrari revelou a F12tdf, com bitolas e pneus mais largos, esterçamento nas quatro rodas (4WS, veja como funciona aqui) e uma versão ainda mais potente do V12 8.3, com 780 cv.

A F12tdf não tirou a F12berlinetta de linha: ela servia como uma versão ainda mais radical, para quem queria um carro com dinâmica mais afiada, que ficasse mais à vontade na pista. Era como a 599 GTO para a 599 GTB. Agora, pouco mais de um ano depois, a F12berlinetta ganhou uma substituta: a Ferrari 812 Superfast.

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O número “8” no nome é uma dica discreta a respeito da potência: o motor, agora um V12 de 6,5 litros, entrega nada menos que 800 cv a 8.500 rpm, enquanto o torque máximo é de 73,2 mkgf aparece a 7.000 rpm (sendo que 80% já estão disponíveis a 3.500 rpm). De acordo com a Ferrari, além de mais deslocamento, foi adotado um novo sistema de injeção direta de 350 bar. O motor também recebeu um coletor de admissão de geometria variável, cujo design é derivado daquele usado nos carros de Fórmula 1 naturalmente aspirados de um passado não tão distante.

O motor é acoplado à transmissão de dupla embreagem e sete marchas da Ferrari, com escalonamento específico para a 812 Superfast. Segundo a companhia, o novo câmbio ficou mais rápido tanto nas trocas ascendentes quanto nas reduções de marcha.

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Já “Superfast”, bem, significa “super rápida” em português. O que é verdade: a Ferrari diz que a 812 Superfast é capaz de chegar aos 100 km/h em 2,9 segundos, com velocidade máxima de mais de 340 km/h. No entanto, há outra inspiração para o nome Superfast – o que não surpreende, pois a Ferrari quase sempre valoriza sua história ao batizar seus carros. Neste caso, a inspiração é esta:

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A Ferrari 500 Superfast. Fabricada entre 1964 e 1966, a 500 Superfast foi a última versão da série Superamerica, que começou em 1957 e consistia em grand tourers exclusivos, feitos para o público americano. O motor, naturalmente, era o V12 Colombo de cinco litros, alimentado por seis carburadores Weber 40 DCZ/6 de corpo duplo. Entregava nada menos que 400 cv (!) a 6.500 rpm, e era capaz de levar a 500 Superfast até os 280 m/h de velocidade máxima.

Apenas 36 carros foram feitos em três anos, sendo que 24 deles tinham câmbio manual de quatro marchas com overdrive, enquanto os 12 exemplares restantes foram equipados com câmbio manual de cinco marchas.

Fora o nome, conseguimos enxergar influência da 500 Superfast no design da 812, mais especificamente na traseira. É algo sutil: ambas as Ferrari têm a face traseira plana, com lanternas circulares (três na 500, duas na 812) e um discreto spoiler do tipo lip embutido.

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Falando em design, a 812 deixa claro que ainda parte da mesma base que a F12 nas proporções gerais, mas ficou um pouco mais longa e mais larga: ela tem 4,67 m de comprimento e 1,97 m de largura, enquanto sua antecessora tem 4,61 m e 1,94 m, respectivamente. O entre-eixos da 812 ainda não foi divulgado. Seu peso, apesar das novas dimensões, é o mesmo da F12berlinetta: 1.525 kg.

As diferenças estilísticas não são revolucionárias, mas são notáveis: além da nova traseira, que ficou mais retilínea e imponente, os faróis agora têm contornos ligeiramente mais arredondados e incorportam entradas de ar para o capô. A grade dianteira perdeu as barras horizontais e longitudinais cruzadas e ganhou um padrão do tipo colmeia, ficando mais arrojada e esportiva. Os para-lamas dianteiros agora têm dutos de escoamento e um enorme vinco percorre toda a lateral do carro. Nas colunas C, na base da janela traseira, há outros dois dutos aerodinâmicos que ajudam a aumentar o downforce.

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Por baixo da carroceria há outras mudanças importantes: a 812 Superfast é a primeira Ferrari a empregar um sistema de direção com assistência elétrica – a F12berlinetta tinha direção hidráulica, visto que a companhia de Maranello não estava satisfeita com o nível de feedback dos sistemas elétricos existentes até então. Na 812 ela se rendeu: o sistema elétrico permite diferentes pesos e relações para tornar a condução mais versátil e precisa. Prova disso é que o sistema da 812, patenteado em 2014, trabalha em conjunto com todos os sistemas eletrônicos do carro e calcula todas as correções necessárias para reduzir o tempo de resposta das rodas aos movimentos do volante. E a 812 Superfast também traz o sistema de esterçamento das rodas traseiras, o Passo Corto Virtuale, já empregado na F12tdf.

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O interior da nova Ferrari lembra o da F12berlinetta nas proporções e na posição de seus elementos, como o quadro de instrumentos, as saídas de ar e os comandos do console central. No entanto, o visual e os detalhes agora seguem a escola dos lançamentos mais recentes, com formas mais agressivas e telas digitais coloridas no cluster, onde antes ficavam mostradores analógicos. Sem muitas novidades aqui.

Mas nem precisava, não é mesmo? A Ferrari 812 Superfast já nasceu histórica. Ao menos é o que aponta o horizonte dos esportivos de Maranello: é possível (e muito provável) que esta seja a última das Ferrari V12 aspiradas, sem nenhum tipo de assistência — seja por hibridização ou sobrealimentação. Dito isso, os 800 cv do motor V12 de 6,5 litros parecem ter sido calculados sob medida para encerrar o ciclo dos motores naturalmente aspirados puros para o cavalinho rampante. Um fim digno e memorável.