Hassanal Bolkiah não é um cara muito adorado pelos entusiastas automotivos, e a razão é compreensível: ele é (ou foi) dono de uma das maiores coleções de carros do mundo, repleta de raridades de valor inestimável, e os deixa (ou deixava) pegando poeira em seu depósito particular. Reconhece a descrição? Pois Bolkiah é o infame Sultão do Brunei, e aparentemente ele tinha grana o bastante para que a Ferrari quebrasse seus rígidos protocolos.
Como conta o Jalopnik US, não se sabe ao certo quantas F40 o Sultão comprou — porque uma não era o suficiente para ele —, mas uma fonte confiável afirma que foram sete, porque a Ferrari só realizaria a conversão se o cliente comprasse pelo menos seis F40. O Sultão comprou sete porque, bem, ele podia.
Mas que fonte confiável é esta? Estamos falando da Talacrest, empresa britânica que há mais de três décadas mantém, restaura e vende Ferrari clássicas, e se orgulha de já ter vendido mais de um bilhão de dólares em carros da marca de Maranello. Por outro lado, há quem acredite que o Sultão comprou dez unidades da F40, todas convertidas para a mão inglesa e pintadas de cores diferentes a um custo extra, visto que, supostamente, todas as 1.315 F40 fabricadas entre 1987 e 1982 saíram da fábrica exibindo o reluzente Rosso Corsa na carroceria.
Como já vimos aqui mesmo no FlatOut, a F40 também fica muito bem de outras cores — e um dos carros que saíram da coleção do Sultão e foram parar no Reino Unido, aos cuidados da Talacrest, foi este carro cinza com frisos vermelhos (um esquema de cores que, se querem saber, nos traz à mente logo o Peugeot 205 T16) que, além da cor e do volante do lado direito, tinha algumas outras modificações que o aristocrata Asiático tinha uma conta bancária gorda o bastante para exigir.
Os bancos eram mais largos e confortáveis (a Ferrari oferecia três tamanhos de bancos) e o interior trazia alguns elementos da Ferrari 512 TR, evolução da Testarossa lançada em 1992 (mesmo ano de fabricação desta F40), como saídas de ar do painel e revestimentos de porta — com direito até mesmo a vidros elétricos, algo que a Ferrari não aprovava, provavelmente abrindo uma exceção ao ver o valor na folha de cheque.
Anos depois o carro foi totalmente restaurado pela também britânica DK Engineering, que devolveu à F40 o icônico Rosso Corsa e deu a ela os bancos da Ferrari F40 LM, versão de competição para a qual alguns exemplares da F40 (menos de 20, segundo consta) foram convertidos.
Há outro exemplar que pertenceu ao Sultão do Brunei e que também foi levado para o Reino Unido e vendido pela Talacrest — uma F40 amarela Giallo Modena que supostamente foi preparada pela Michelotto, a mesma empresa responsável pela F40 LM, e entrega por volta de 650 cv — um belo salto além dos 478 cv do V8 biturbo de 2,9 litros original.
O Sultão era exigente com seus carros e torrava rios de dinheiro na compra, mas provavelmente jamais dirigiu suas F40 — na verdade, é por esta razão que os gearheads não vão com a cara dele. Ambas foram vendidas com quilometragem baixíssima (a cinza-que-ficou-vermelha, por exemplo, só rodou cerca de 8.300 km em toda a sua vida), e tudo o que se sabe sobre elas é o que a Talacrest conta.
Esta história toda não nos deixa esquecer que, por mais icônico que um carro seja, sempre há algo a aprender sobre ele, e a F40 não é exceção.
[ via Jalopnik US ]