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Car Culture

“Ferrari”: o que é real e o que é ficção no filme?

Como “Ford vs. Ferrari”, o filme “Ferrari” conta uma história real e tem seu roteiro baseado em um livro. No caso de “Ford vs. Ferrari”, o livro era “Go Like Hell: Ford, Ferrari and Their Battle for Speed and Glory at Le Mans” de A.J. Blaime (não editado no Brasil), enquanto “Ferrari” é inspirado em um capítulo do livro “Ferrari: O Homem Por Trás das Máquinas” do jornalista Brock Yates.

Também como “Ford vs. Ferrari”, por questões de roteiro e de envolvimento do público, algumas passagens foram simplificadas, alguns personagens foram condensados, alguns fatos históricos foram deslocados temporalmente, enquanto outros fatos foram simplesmente inventados.

Em nossa resenha do filme, deixamos de lado estas questões porque elas mereciam uma matéria a parte, porque foram muitos pontos que alteram a realidade em nome da magia do cinema. Agora, é hora de ver o que é fato e o que é ficção em “Ferrari”.

 

Enzo Ferrari

O sr. Ferrari dirigia mesmo um Peugeot?

Logo no início do filme vemos Enzo Ferrari entrando em um sedã Peugeot 403. Soa curioso o dono da poderosa Ferrari dirigindo um Peugeot 403 e não uma Ferrari, um Alfa Romeo ou um Fiat. Acontece que Enzo Ferrari realmente dirigia carros da Peugeot. Mas não em 1957.

O sr. Ferrari dirigia um… Peugeot?

Ao menos segundo seu motorista particular, Dino Tagliazucchi. Em entrevista ao clube da Peugeot na Itália, Tagliazucchi disse que Enzo começou a usar carros da Peugeot na metade dos anos 1960, por influência de seus amigos da Pininfarina, que estavam desenhando suas Ferrari e também projetavam os Peugeot desde os anos 1950.

Na Pininfarina, Enzo conheceu Martino Severi, que era representante da marca francesa na Itália e lhe forneceu um Peugeot 404 sedã prata com interior de couro claro. Enzo instalou no 404 um volante Nardi e faróis de neblina do Lancia Flaminia, e o usou até 1969, quando o substituiu por um modelo maior, 504 sedã. Este carro era azul metálico com interior bege, e não tinha teto solar, nem passou por modificações.

O 504 foi usado por apenas um ano, até 1970, quando ele comprou aquele que ainda hoje é considerado um dos mais belos Peugeot já feitos, um 504 Coupé azul, com interior monocromático de veludo. O carro foi usado até 1973, quando Enzo passou a usar os carros da Fiat.

Como em 1957 ele ainda mantinha Sergio Scaglietti dentro da Ferrrari, fazendo as carrocerias, é provável que Enzo ainda não fosse tão próximo da Pininfarina como se tornaria depois que o estúdio ficou encarregado de seus carros.

Portanto, o Sr. Ferrari dirigia um Peugeot? Sim. Mas em 1957 é mais provável que ele tivesse um Alfa Romeo ou uma Ferrari mesmo.

Enzo Ferrari perdeu dois amigos nas corridas?

Um dos traumas de Enzo Ferrari no filme é a perda de dois amigos em 1933 — Campari e Borzacchini. Os dois eram pilotos da Scuderia Ferrari, que havia comprado os carros da Alfa Romeo no ano anterior, depois que a fabricante desistiu de investir no automobilismo.

Borzacchini e Campari

Durante o GP da Itália em Monza, Campari e Borzacchini estavam em uma disputa acirrada pela liderança quando o carro de Campari escorregou em uma mancha de óleo sobre a pista já umedecida pela garoa que caía.

A derrapagem o lançou contra a barreira de contenção externa e ele caiu da pista sobre as árvores. Morreu na hora. Borzacchini tentou desviar da mancha, mas rodou para a parte interna da pista e capotou. Apesar de ter sido levado com vida ao hospital, ele não resistiu e também morreu horas mais tarde.

Enzo Ferrari realmente ajudava as viúvas de seus pilotos?

No filme, Enzo Ferrari reconhece a namorada de Eugenio Castellotti — que se chama Cecilia Manzini — e lembra que conhece a mãe da moça. Depois, mais à noite, ele pede a Laura que envie uma certa quantia a Cecilia para ajudá-la, agora que seu noivo está morto. Ele ainda menciona que Castellotti morreu por causa da intensa pressão de sua mãe, o que era verdade.

O relacionamento de Castellotti com a bailarina e atriz Delia Scala fez com que ele aparecesse mais nas colunas sociais e páginas de fofocas do que no caderno de esportes. A vida atribulada dos dois era um grande problema para o relacionamento, e a mãe de Eugenio ainda o pressionava para romper com a garota.

Contudo, ao que tudo indica, a personagem Cecilia foi inspirada em duas pessoas reais. Uma delas a própria Delia Scala, enquanto a outra era Fiamma Breschi, viúva de Luigi Musso, piloto da Ferrari morto em 1958. Fiamma acabou se envolvendo romanticamente com Enzo Ferrari após a morte do piloto e, segundo a biografia dela própria, recebia uma quantia mensal de seu amante, além de ajudá-lo em questões de mercado com seus carros. Ela ganhou, por exemplo, a primeira de todas as Ferrari pintadas de amarelo, uma 275 GTB4.

Enzo Ferrari “sabia mais de nefrologia do que mecânica” realmente?

Quase. Enzo realmente cuidou obsessivamente do filho, mas ainda era mais especializado em mecânica. Quando descobriu que seu filho tinha distrofia muscular de Duchenne, Enzo tentou salvá-lo a qualquer custo. Em sua biografia, disse:

“Eu me iludi, como os pais sempre fazem. Achei que nossa atenção ajudaria Dino a recuperar sua saúde. Eu estava convencido de que Dino era como um dos meus carros, então eu fiz uma tabela de valores calóricos da comida que ele tinha de comer — os tipos de comida que não machucariam seus rins — e mantive um registro diário atualizado de sua taxa de albumina, do peso específico de sua urina, do nível de uréia em seu sangue, sua diurese etc. Assim eu poderia ter um indicativo da doença. A triste verdade é diferente: meu filho estava gradualmente definhando com a distrofia muscular progressiva. Ele estava morrendo desta doença terrível que ninguém compreendia, nem sabia curar, e contra a qual não havia defesa além da profilaxia.”

Esse trecho foi usado quase que integralmente na cena em que Enzo e Laura discutem a morte do filho, e foi dito em uma entrevista ao jornalista que escreveu sua biografia. O que nos leva à próxima verificação…

Enzo Ferrari manipulava a imprensa?

Ao que tudo indica sim. Enzo era direto e reto com os jornalistas e frequentemente oferecia trocas de favores para plantar notícias de seu interesse na imprensa. No filme, ele chama um jornalista italiano e pede que ele plante uma notícia sobre uma suposta negociação da Ferrari com a Ford, a qual Enzo nega veementemente. Em troca, ele oferece uma entrevista exclusiva sobre sua vida pessoal ao jornalista.

O boato realmente existiu, mas somente no início dos anos 1960, quando Enzo Ferrari estava realmente negociando com a Ford — no episódio que levou à história do filme “Ford vs. Ferrari”. Não há registros, contudo, de uma negociação anterior.

A negociação com o jornalista, por outro lado, pode ter sido real. Gino Rancati era realmente um jornalista envolvido com a Ferrari e publicou um livro sobre Enzo Ferrari (“Enzo Ferrari: the man”)  40 anos depois, em 1988, após a morte do comendador.

Enzo Ferrari usou realmente a Ford para negociar com a Fiat?

Sim. Mas não como está no filme. Nem quando acontece no filme. Desde meados dos anos 1950, Enzo Ferrari e Henry Ford II se cortejavam à distância — Enzo chegou a presentear Henry Ford com uma Ferrari que, supostamente, teria inspirado a criação do Thunderbird, que foi uma resposta fracassada ao Corvette.

Em determinado momento de sua vida, Enzo Ferrari percebeu que precisava dar continuidade à sua empresa e sabia que o melhor seria vendê-la a alguma grande fabricante. Foi aí que veio a negociação com a Ford, que culminou com a guerra de Le Mans e terminou com a compra da Ferrari pela Fiat. Só que isso só aconteceu durante os anos 1960, e não em 1957.

Enzo Ferrari realmente foi rejeitado pela Fiat?

Sim. Antes mesmo de fundar a Scuderia Ferrari para fazer dela a equipe oficial da Alfa Romeo nas pistas, ele procurou a Fiat, mas foi rejeitado por ter pouca experiência.

 

Laura Ferrari

Laura Ferrari era realmente melancólica?

Sim. A morte de Alfredo cobrou um preço caro de seu relacionamento com Enzo e de sua saúde emocional. Laura jamais superou a perda de seu único filho, e seu comportamento se tornou gradualmente mais errático e instável.

Laura Ferrari realmente apontou uma arma para Enzo?

Quando Enzo chega “atrasado” para o café da manhã em sua casa oficial, onde moram sua esposa Laura e sua mãe Adalgisa, Laura saca uma arma de sua gaveta e a aponta para Enzo, atirando propositalmente na parede para assustá-lo. Ela, em tese, tem uma arma pois anda com o dinheiro dos funcionários na bolsa. Mas no mundo real é pouco provável que ela tivesse realmente uma arma, muito menos que atirasse em seu próprio marido.

Enzo realmente fez um cheque para Laura Ferrari? 

Laura Ferrari era realmente dona da metade da Ferrari, mas não da forma como aparece no filme. Na época, todo casamento acontecia em regime de comunhão universal de bens e, por isso, o que foi construído pelo casal era compartilhado pelos dois cônjuges. Não era uma questão de um contrato social no qual parte da empresa era de Enzo e parte de Laura. Ela era proprietária pois era esposa do proprietário.

Nesse caso, ela realmente precisava consentir a venda da empresa, mas não parece crível que ela tenha exigido um cheque ao marido. Enzo, anos mais tarde, chegaria ao ponto de colocar a Ferrari em grande risco para proteger a honra de Laura, no episódio que ficou conhecido como ‘A Grande Debandada”. Por isso, parece pouco provável que ela tivesse precisado de uma caução como mostra o filme.

 

A equipe e seus pilotos

A Ferrari estava mesmo à beira da falência em 1957?

Este é um fato real, que foi antecipado para efeito dramático. A Ferrari teve problemas com suas finanças em algum momento dos anos 1960, mas em 1957 ela ainda ia muito bem. O maior problema mesmo era a crise institucional e o caos na vida pessoal de Enzo.

Laura Ferrari comandava realmente a empresa com a mão firme e, como sugerido no filme, o aumento da produção dos carros de rua ajudaria nas finanças. A partir do ano seguinte o volume de produção aumentou e a Ferrari começou a vender carros exclusivos de rua, não apenas derivados das pistas.

Alfonso de Portago em 1956

A troca de pilotos no GP de Mônaco foi real?

No GP de Mônaco daquele ano, Enzo não está confiante sobre a gana de Alfonso de Portago. Acompanhando a corrida pela TV, ele vê de Portago tirar o pé numa disputa de curva com Jean Behra, pega o telefone, liga para os boxes de Mônaco e solicita que ele seja trocado. O carro entra nos boxes, e Alfonso deixa o cockpit para que Peter Collins continue a corrida.

A história é parcialmente verídica. Ele realmente teve um GP dividido com Peter Collins, mas na Grã-Bretanha em 1956. Collins classificou o carro, Portago largou e, durante a prova, entregou a direção para o britânico. Depois, em 1957, no GP da Argentina, aconteceu a mesma dinâmica, mas agora com o argentino José Froilán González classificando o carro e terminando a prova, enquanto de Portago só guiou parte da corrida. Em nenhum dos dois casos há registro de ordens de equipe para a troca dos pilotos.

A Ferrari precisava vencer a Mille Miglia para se salvar? 

Aqui a ficção fala mais alto: não, a Ferrari não precisava vencer a Mille Migla para se salvar. Eles haviam acabado de conquistar o título mundial de Fórmula 1 com Juan Manuel Fangio e lideravam o Mundial de Carros Esporte (WSC). A vitória era uma questão de honra mais para Piero Taruffi, que já tinha seus 51 anos e nunca havia conquistado a Mille Miglia.

Enzo conheceu De Portago na pista, no dia do acidente de Castellotti?

Não. De Portago já corria pela Ferrari desde o ano anterior e teve seu primeiro contato com a Scuderia em 1953, quatro anos antes. A cena em que ele chega de trem e tenta falar com Enzo no meio da rua, portanto, é fantasiosa não apenas devido à data, mas também porque Alfonso de Portago era um nobre espanhol, atleta olímpico e piloto, o que torna pouco provável que ele tivesse chegado à cidade de trem e saído caminhando pelas ruas atrás de Enzo Ferrari.

Jean Behra em 1957

O recorde da Maserati é real? E a tentativa de quebrá-lo? 

Sim. A Maserati havia acabado de quebrar o recorde informal do Autódromo de Modena com Jean Behra. Naquele mesmo dia, Enzo Ferrari ligou para Eugenio Castellotti, que estava de férias em Florença com sua namorada, a atriz e bailarina Delia Scala.

Castellotti interrompeu suas férias e pegou o trem para Modena. Logo no começo da tarde de 14 de março de 1957, ele entrou no Lancia D50/Ferrari 801 e começou a acelerar na pista para aquecer os pneus e, com sorte, baixar o tempo da Maserati. Na terceira volta, um problema com o carro — supostamente no câmbio, como mostra o filme — o levou a perder o controle e a bater uma das rodas dianteiras numa guia próximo da chicane. O carro foi lançado e começou uma série de capotamentos que lançaram o piloto para longe. Seu corpo foi encontrado a mais de 90 metros dos destroços da Ferrari, já sem vida.

 

Piero

Piero Ferrari era “escondido” da sociedade?

Parcialmente. Somente o círculo de amigos mais próximo de Enzo sabia que ele tinha um filho com Lina Lardi. Laura Ferrari não sabia, e só descobriu a existência de Piero em 1957, como conta o filme. Esse fato foi confirmado pelo próprio Piero Ferrari em um vídeo oficial da Ferrari.

Depois desse episódio, contudo, Piero passou a participar ativamente da rotina diária do pai, como sugere o final do filme. Ele realmente foi levado ao túmulo de seu meio-irmão, Dino, e ao completar 19 anos, em 1964, já trabalhava na Ferrari junto de seu pai.

Piero e Lina Lardi

Piero Ferrari pediu um autógrafo do Alfonso de Portago?

No filme vemos o pequeno Piero pedindo a seu pai um autógrafo de Alfonso de Portago. Enzo esquece de pedir a assinatura em cada um dos encontros com o piloto espanhol, exceto na Mille Miglia, onde recebe o papel assinado. O próprio Piero Ferrari desmentiu essa história, dizendo que, na época, ninguém pedia autógrafos como se faz hoje — “ao menos não era algo que eu e meus amigos fazíamos”, disse ele. A história, portanto, foi colocada no roteiro como um elemento dramático, especialmente porque Enzo consegue pedir o autógrafo na última chance que teria de conversar com de Portago.

O drama do nome de Piero foi real? Houve pressão para batizá-lo como Ferrari?

Não. A questão é que na Itália dos anos 1950, a legislação não permitia o divórcio, tampouco o registro de filhos ilegítimos (ou seja: filhos nascidos de relação extra-conjugal). Mesmo que quisesse, Enzo Ferrari não poderia batizar seu filho Piero com o nome Ferrari. Ao menos não enquanto fosse casado com Laura. Quando Laura morreu, em 1978, ele finalmente pôde receber o nome do pai, tornando-se Piero Lardi Ferrari. Em 1990, após a morte de Enzo, ele mudou o nome novamente para Piero Ferrari, sem o nome de sua mãe.

No filme, os fatos estão corretos, mas não a forma: Laura pede que Piero nunca receba o nome Ferrari enquanto ela estivesse viva, algo que era impossível pela legislação italiana da época.

 

A Mille Miglia

O Maserati de Stirling Moss abandonou mesmo por causa do pedal do freio?

Sim, e Moss conseguiu evitar uma tragédia. Logo após a saída de Brescia, Stirling Moss ficou sem freios devido à quebra do pedal. Como estava próximo do público, ele forçou as reduções de marcha até a primeira para desacelerar o carro e evitar um acidente, e conseguiu parar em um cemitério — mais ou menos como mostra o filme.

Jean Behra pegou uma carona com Piero Taruffi?

Não. Jean Behra sequer participou da corrida. Durante os treinos, ele teve uma quebra de motor impossível de se reparar a tempo e, por isso, ficou fora da corrida. Portanto, não houve nem a disputa acirrada com de Portago, nem o acidente que o tirou da prova, muito menos a carona com Piero Taruffi.

#535: a Ferrari de Taruffi

A Maserati era a favorita para a Mille Miglia?

Sim. Os Maserati 450S, com motor de 4,5 litros, eram os carros mais rápidos do mundo, segundo uma matéria de época da revista Sports Illustrated. A fabricante entraria com dois 450S, um pilotado por Sitling Moss, e outro por Jean Behra — que havia acabado de quebrar o recorde do autódromo de Modena — além de um 350S e um 300S, menos potentes. A Ferrari só se tornou a favorita à vitória quando Taruffi assumiu a dianteira após a quebra de Moss.

O filme ainda mostra que todos os Maserati abandonaram, o que não é verdade. O quarto colocado, atrás do trio de Ferrari, foi o piloto Giorgio Scarlatti, com um Maserati 300S — o único carro da equipe oficial de fábrica a concluir a prova.

O acidente da Mille Miglia foi grave e chocante como no filme?

Infelizmente sim. Apesar de o filme mostrar uma ridícula decolagem da Ferrari, que a jogou contra o topo de um poste telefônico, a dinâmica do acidente foi realista: De Portago e seu navegador Edmund Nelson estavam a cerca de 240 km/h quando um dos pneus dianteiros do carro estourou. Portago perdeu o controle do carro, acertou um poste telefônico, acertando alguns espectadores. Ao bater no poste, o carro foi rebatido novamente para a estrada, atingindo mais um grupo de espectadores antes de parar de cabeça para baixo em um córrego no outro lado da estrada.

Alfonso De Portago, Edmund Nelson, cinco crianças e outros quatro adultos, morreram na hora. A cena era devastadora, exatamente como os gráficos toscos do filme tentaram retratar. Além dos mortos, outros 20 espectadores foram feridos.

Como resultado, as autoridades italianas proibiram a realização da prova no ano seguinte, encerrando assim a história da Mille Miglia clássica.

Enzo Ferrari foi acusado de homicídio culposo?

Sim. De acordo com a Ferrari, o governo italiano acusou Enzo Ferrari e a fabricante de pneus Englebert de homicídio culposo, alegando que o carro de Alfonso de Portago não tinha pneus adequados para o trajeto da Mille Miglia.

As autoridades citaram este erro como a causa do estouro do pneu e, consequentemente, da morte das 11 pessoas. A disputa judicial foi pesada e durou até 1961, quando Enzo Ferrari conseguiu provar que o acidente fora um mero acidente e não fruto de negligência.