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Zero a 300

Fiat Scudo 2024 | O Cupra imaginário | Corvette E-ray banida de competição e mais!

Bom dia, caros leitores! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa rica mistura das principais notícias automotivas do Brasil e de todo o mundo. Assim, você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere conosco.

 

Fiat Scudo 2024 vem com algumas novidades

É engraçado quando se fala que o Fiat Scudo é um “companheiro de plataforma” dos Citroën Jumpy e Peugeot Expert. Na verdade, é um dos mais clássicos casos de “badge engineering” que existe. Como o Fiorino da Peugeot que até me esqueci como chama (Partner Rapid, para quem é chato), não é nem exercício de clonagem genética. É literalmente logotipos de outra marca num carro idêntico.

Mas enfim, divago. O fato é que esta linha de excelentes furgões de carga, e eventualmente passageiros, tem novidades para o ano/modelo 2024. Foram anunciadas no Fiat Scudo somente, por enquanto; mas devido às “semelhanças” entre eles, não devem demorar a aparecer em todos eles.

Quem nunca dirigiu um furgão monobloco moderno não sabe o que está perdendo. São veículos extremamente úteis e práticos, e que protegem a carga das intempéries climáticas, e dos amigos do alheio, fazendo-os mais úteis que as onipresentes picapes. Também o desenho em forma de caixa cria muito mais espaço interno que picapes. E comparados a caminhonetes com chassi separado, são mais gostosos de dirigir; este seu grande segredo, com todo o luxo ar-condicionado moderno, mas câmbio manual e estabilidade e conforto de carro na suspensão. Não vendem mais como veículos particulares por imagem apenas: picape diz agro-boy rico, furgão diz proletário trabalhando. E pela falta de versão com capacidade para mais que 3 passageiros de fábrica, algo francamente ridículo.

Divaguei de novo; o fato em questão aqui é que o Fiat Scudo (e sua versão com o hilário nome de e-Scudo, elétrico) do ano modelo 2024 tem como alteração principal uma suspensão mais alta. São 30 mm no vão livre, para um total de 665 mm agora.

É quase um uma versão “Adventure”; para isso só falta aquele monte de plástico preto e parafusos aparentes nas molduras de roda e parachoques. Um cara não consegue não imaginar um carro chamado “e-Scudo Adventure”, algo que parece saído de um jogo nerd de RPG.

O carro é vendido em duas versões: Cargo e Multi. A diferença é apenas vidros laterais na Multi; estranhamente não há bancos dentro além da primeira fileira, provavelmente para que um terceiro o transforme em microônibus ou van escolar. Os preços são a partir de R$ 202.990 para o Cargo, e R$ 208.390 para o Multi. O e-Scudo (sério, sem piada) aparentemente não teve nenhuma modificação, e custa R$ 334.990.

Normalmente esses carros são sempre brancos, mas já existia a opção de prata. Agora, mais uma cor: preto metálico Carbon. Fora isso, permanece o interessante e moderno furgão com um forte motor turbodiesel de 1,5 litros, 120 cv e 30,6 mkgf, acoplado a um transeixo manual de seis velocidades. O e-Scudo (insert emoji de gargalhada) tem 136 cv e 26,5 kgfm, e uma autonomia de 330 km.

Tem também todas as amenidades modernas: som com Bluetooth, ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, assistência de partida em rampas, volante com ajuste de altura e profundidade, banco do motorista com regulagem de altura, descansa braço central, vidros e retrovisores elétricos. Eu, particularmente, gosto muito. (MAO)

 

Cupra DarkRebel é novo conceito da sub-marca Seat. Mas é só uma brincadeira?

Prestem atenção que essa é difícil de entender. Primeiro, “Cupra”. A Seat é uma empresa que basicamente nasceu fazendo Fiat sob licença na Espanha; o mundo de repente decidiu que ninguém podia ficar só em um país para ser viável, e ela teve que crescer. Por um breve momento, fez carros próprios com desenhos comprados (Porsche no motor, Ital Design na carroceria), mas em seguida virou parte da VW; de Fiat espanhol, virou VW espanhol.

Mas tem que vender em todo lugar, como sabemos, e a marca tinha concorrência interna da Skoda, um VW eu outro país europeu de segunda linha, neste caso, a República Tcheca. No fim, os carros mais esportivos da Seat, chamados de Cupra, fizeram algum sucesso na Europa, mas fora de sua terra natal, a marca não decolou.

O que se faz então? Simples, gafanhoto: transforma-se o tal nome Cupra, de versão (não modelo, versão de acabamento!), para uma sub-marca separada! Em 2018, Cupra foi lançada como uma marca autônoma, e ao mesmo tempo, a SEAT Sport tornou-se a Cupra Racing. Cupra se descreve como “uma marca desafiadora não convencional, baseada em estilo estimulante e desempenho contemporâneo que inspira o mundo a partir de Barcelona com carros e experiências progressivas.” Barcelona, sei. Tá bom.

Mas isso é só o começo dessa notícia. Mais estranho é o que vem em seguida. A empresa mostrou um carro-conceito. Até aí, tudo bem né? Mas aparentemente, é um carro-conceito virtual, que não existirá no mundo real. Só poderá “ser apreciado” no metaverso. Sim, aquele apropriado criado por nosso querido Mark Zuckerberg, do Facebook Meta.

Mostrado em forma de holograma (!?) durante a estreia Cupra Tavascan (um carro de verdade; e um bem mais pragmático SUV-cupê elétrico), é o Cupra DarkRebel. Aparentemente, pode ser configurado em um lugar chamado “Metahype”, que é o espaço de Cupra no metaverso. I’m not making this up!

Cupra Tavascan: “normal” e real

“Depois de 5 anos construindo a marca CUPRA no mundo atual, é hora de pensar no próximo passo. Nosso próximo sonho. O CUPRA DarkRebel é a interpretação definitiva de nossa visão”, disse Wayne Griffiths, CEO da Cupra.

O que é o DarkRebel ? Nada, vento, bobagem, um fragmento de imaginação febril apenas. Mas como incrivelmente gente leva isso a sério, sou obrigado a falar mais: é um carro esportivo bem psicodélico, com tendências de perua esportiva shooting brake, e um longo capô na frente. O que você vê é o que se sabe; nenhum detalhe técnico foi revelado. Não sei o motivo; é tudo brincadeirinha mesmo, se fosse eu dizia que tem um motor de 27 cilindros em V e 23987298347243791 cavalos-vapor.

Como todo mundo, procuro me manter atualizado do que ocorre no mundo, para não virar um fóssil vivo, mas petrificado. Mas entendo que o automóvel é algo que só faz sentido do mundo real. Podemos brincar com eles em videogames, mas como um espelho da realidade, como um simulador que nos dá algo deles, mas não a experiência completa. Inventar carros no metaverso, por mais que tente entender, me escapa a utilidade. Mas posso estar errado, claro. Tem algo aqui que não percebi e pode ser interessante? Me ajudem, por favor. (MAO)

 

Protótipo do Facel II vai a leilão

A França, no passado, era um país cheio de imensos GT’s de luxo exclusivos. Delage, Delahaye, Bugatti, Hispano-Suiza, para todo lado que se olhasse, o mercado de luxo tinha uma marca francesa. Luxo é uma invenção francesa, na verdade, e a indústria apenas refletia isso. Mas depois da guerra, a reconstrução de um país antes orgulhoso, mas agora humilhado por invasão, ocupação e “liberação” por terceiros, foi bem traumática. Um dos resultados deste trauma foi o foco estatal em incentivar apenas carros baratos para o povo. É o que sobrou: marcas de carros normais apenas.

Mas durante este período difícil, uma última marca francesa de GT’s de luxo apareceu, cresceu e floresceu, para depois morrer nos anos 1960. A Facel de Jean Daninos. Uma marca que usava motores americanos, mas criava carros tão impossivelmente chiques que até hoje são insuperáveis no ar de nobreza que carregam. Se você quer parecer um nobre local na Riviera, é o que precisa para seu dia-a-dia. Isso, e chapéus com óculos escuros, por algum motivo.

O último dos cupês grandes da Facel foi o Facel II do início dos anos 1960; para muitos é o mais belo de todos, uma evolução chique do primeiro HK500. E agora, o protótipo deste último moicano reapareceu, e vai a leilão. Passará debaixo do martelo da RM Sotheby’s, num evento em Villa Erba, em maio deste ano.

De acordo com a casa de leilão, o protótipo foi construído em 1959. Apesar de seu status de protótipo, o carro parece fenomenal, completamente pronto e funcional. O desenho lembra ambas as gerações dos Facel Vega, e não nega o que é: o elo perdido da mudança final.

Parece um carro de produção, e não um normalmente provisório protótipo: couro e madeira cobrem praticamente tudo dentro da cabine. Um volante de três raios, interruptores cromados e oito medidores diferentes, incluindo um relógio, completam um interior elegante.

A empresa não dá detalhes da mecânica, mas o Facel Vega de 1959, onde foi baseado este, tinha um V8 Chrysler Big-Block de 6,3 litros (o “383”) e 360 cv, e câmbio automático Torqueflite ou, o raro opcional presente neste carro, o câmbio manual Pont-à-Mousson de quatro marchas. Era o suficiente para fazer o enorme e pesado cupê de 1800 kg fazer o 0-100 km/h em 8,5 segundos, e cruzar tranquilamente o continente europeu a mais de 230 km/h.

O protótipo sumiu por anos e foi registrado pela primeira vez pelo fundador Jean Daninos em 16 de fevereiro de 1965. Isso foi pouco antes da empresa falir e parece que ele só manteve o carro por alguns meses, pois foi entregue ao seu segundo proprietário no dia 6 de maio do mesmo ano. Foi completamente restaurado entre 2020 e 2022. Estima-se que o valor da venda chegue a pelo menos um milhão de dólares. (MAO)

 

Corvette E-ray banido de competições nos EUA

O novo Corvette “eletrificado”, o E-ray, é algo realmente interessante: um motor dianteiro elétrico independente do a gasolina traseiro, para tração nas quatro rodas, modo silencioso para não acordar a vizinhança, e potência de Z06 com o motor V8 do Corvette básico. Parece uma ótima opção para uso GT do Corvette. Mas faz pensar como se comportaria em pista frente ao Z06, também. O que acaba de ficar mais difícil.

O National Council of Corvette Clubs americano, uma entidade que engloba todos os clubes dedicados ao carro nos EUA, decidiu banir o E-Ray de todos os seus eventos de pista. É isso mesmo, o Corvette de aceleração mais rápida de todos os tempos não pode participar nos eventos do circuito NCCC. E mais: o E-Ray nem é permitido estacionado próximo a estes eventos!  Deve estacionar a 9 m de distância mínima de prédios e carros. Barrabás.

O problema vem das regras da competição NCCC. Nelas, existe um parágrafo que afirma que “veículos elétricos ou híbridos que usam baterias de lítio são proibidos em eventos competitivos. Se conduzidos para eventos do NCCC, eles devem estar estacionados a no mínimo 30 pés de estruturas ou outros veículos.”

Não há nenhuma sugestão de que o próprio E-Ray seja inerentemente inseguro. Mas muitos tipos diferentes de veículos equipados com baterias de lítio, incluindo o próprio primo do Corvette, o Chevy Bolt EV, tiveram problemas com incêndios. Também existe a preocupação de que um ambiente de pista de corrida apresente um risco maior porque um impacto pode danificar a bateria e causar um incêndio.

Um medo injustificado, uma aversão ao novo vinda de um grupo tradicionalista? Ou um perigo real e imediato? Provavelmente, um pouco dos dois, já que a verdade, normalmente, é cinza, e nunca branca ou preta. Mas o fato é que o E-ray agora é Outlaw! Quem sabe assim Magnus Walker compre um deles. E diga, do alto de sua infinita sabedoria, que o E-ray é “the next great Thing”. (MAO)