E aí pessoal, tudo bem? Me chamo Rafael Orágio, tenho 25 anos, e sou mais um doido que vem contar sua história aqui no FlatOut. Desde muito pequeno pude estar perto de motores trabalhando e aprendendo bastante sobre engenharia automotiva na oficina do meu pai, que hoje se dedica a compartilhar seus conhecimentos adquiridos ao longo de 34 anos de profissão, como instrutor de aulas de mecânica e injeção eletrônica.
Meu fascínio pela eletrônica comandando um sistema mecânico fez-me querer aprender mais e mais sobre o assunto. Dos 11 aos 19 anos absorvi o máximo possível sobre tudo o que envolve um carro. A partir daí, com o coração apertado, decidi sair da oficina e passei a me especializar na área de engenharia de computação, o que hoje me possibilita enxergar mais a fundo como toda a mágica acontece em um sistema de injeção e ignição eletrônica.
O Carro
Pra começar, acho que a foto de abertura entrega qual é a paixão. Seis canecos em linha! O Omega ao lado é um 3.0 CD alemão, do meu pai. O Opala é um véio de guerra 1978, 4 cilindros, que estava pedindo para que alguém cuidasse dele. Logo mais explicarei com mais detalhes. O encanto pelo “seizão” apareceu antes mesmo de eu nascer, acho que herdado do meu pai, que tinha um 250-S 1973, douradão, com dupla carburação e socado no chão (aí, até rimou)! Um Old School que me faz sentir saudades de um tempo que eu não vivi, e que me deu a motivação essencial para o que hoje eu venho aqui apresentar a vocês.
A foto acima foi tirada no dia em que fui ver o carro pela primeira vez. Foram cerca de dois meses procurando um Opala para restaurar, até que encontrei este. Estava do jeito que eu queria: barato, bom de estrutura e com documentação em ordem. Ele estava parado no mesmo lugar fazia uns quatro meses. A negociação foi simples e rápida, afinal, eu já estava certo do que queria e já havia juntado uma grana pra isso. Recebo muitas críticas do tipo: “cara, você é louco de comprar essa lata velha, vai gastar muito tempo e dinheiro…”. Dinheiro, realmente, mas gosto é gosto. Uns gastam com baladas, roupas, viagens. Eu gasto com carro. Tempo é relativo, pra alguns é perda, pra mim e pra vocês, gearheads, é pura diversão, entretenimento e aprendizado.
A ideia
Como não faço muito do tipo “frisinho” (aquele cara que adora tudo impecável e original, cada frisinho em seu lugar) e não curto muito componentes aftermarket, decidi que iria fazer um carro único, com um sistema de alimentação único. E o motor GM 250 é o protagonista deste projeto. E tem que ser aspirado. Nada contra carros turbos, também curto demais em alguns motores. Mas neste caso prefiro ouvir o ronco engasopado e cuspindo combustível pelo escapamento em marcha… bom, nem preciso falar nada, vocês sabem o que eu quero dizer!
A grosso modo, a ideia é desenvolver um carro de rua com preparação de pista, misturado com um pouco de ousadia inspirada em alguns projetos insanos gringos, principalmente da velha escola e seus projetos imponentes, como por exemplo, este coletor pleno home made com dois carburadores Predator. Insanidade pura!
É claro que irei desenvolver algo mais moderno, mas com alguma insanidade nesta direção. Tenho alguns protótipos desenhados em CAD com simulação de fluxo, etc, mas isso fica para o próximo post, que será mais técnico.
Outra inspiração são os carros da equipe Ramchargers Racing (na foto abaixo, o “High and Mighty, o primeiro projeto dos caras – que usava um Hemi 354 com cabeçotes do 392) também da velha escola, que fazia aquelas alimentações brutas utilizando fortemente a técnica “Ram Effect”, com a utilização de coletores plenos e dutos extremamente longos para atingir o pico de torque em rotações mais baixas, podendo assim intercalar com um comando de maior duração, e por aí vai…
Não tem como não citar também outras lendas inspiradoras e especialistas em GM 250, como Kay Sissell e Mike Kirby (pra quem não sabe, estes dois são os idealizadores do cabeçote utilizado na Caravan da equipe Los Hermanos, do vídeo abaixo), Leo Santucci, Rob Harrison, etc…
Bom, a ideia está lançada! Mas ainda preciso evoluí-la bastante. Estarei aberto a sugestões! Atualmente o carro está parcialmente desmontado, só com as rodas e motor. Ainda neste mês em que escrevo o post (maio), o carro irá para a oficina de um amigo especialista em adaptações para encaixar o novo powertrain (composto pelo bloco da Silverado, câmbio Clark 260-F e diferencial Dana 44), e posteriormente para a restauração da lataria. Em paralelo caminharei com a preparação.
É isso aí pessoal. Em breve contarei os detalhes mais técnicos e a preparação pesada que está entrando, principalmente no cabeçote 586 – sei que muita discussão ainda vai rolar sobre injeção multiponto x portas siamesas. Então, até a próxima!
Por Rafael Orágio, Project Cars #105