Nem tudo o que a gente curte no FlatOut precisa ter quatro rodas e um motor. Na verdade, este veículo não tem nem um, nem outro — e ainda assim a gente adoraria dar um passeio nele. É o catamarã Flying Phantom, que flutua sobre a água.
Catamarãs são embarcações de origem europeia com dois cascos em vez de um. As vantagens de ter dois cascos são a estabilidade e a maior velocidade, atingida graças à menor área de contato com a água.
O Flying Phantom, um catamarã para velejo esportivo feito pela Phantom International, leva estas vantagens a outro nível: usando duas lâminas na parte inferior dos cascos, o barco é capaz de levitar por sobre a água, proporcionando uma navegação mais veloz e extremamente suave e silenciosa. Mas como?
O segredo está nas lâminas em formato de “J”, chamadas de hidrofólios. Como o nome diz, são “aerofólios aquáticos” que, devido a seu formato, são capazes de levantar a embarcação no ar a partir de certa velocidade, sustentados pela pressão vertical da água. No caso do Flying Phantom, ventos de 7 nós (~12 km/h) já são suficientes para que o catamarã decole sobre suas lâminas.
O momento em que o Flying Phantom começa a levitar já foi descrito como “soltar um freio de mão”. Em um barco comum, à medida em que se ganha velocidade, fica mais difícil cortar a água — é preciso brigar com a resistência e com o movimento das ondas, o que torna qualquer ganho mínimo de velocidade uma grande conquista. Com o barco levitando 60 cm sobre a água, estes obstáculos são eliminados, e tudo fica mais suave, rápido e silencioso, e qualquer impulso do vento se transforma diretamente em aceleração.
Resultado: o Flying Phantom é capaz de chegar aos 33 nós (pouco mais de 60 km/h) de velocidade máxima. Segundo a Phantom, em tese é possível ir ainda mais rápido — é preciso, porém, contornar a cavitação causada pelas lâminas quando se ultrapassa os 45 nós (cerca de 80 km/h).
O vídeo abaixo demonstra o Flying Phantom em funcionamento. A suavidade do barco é realmente impressionante, e velejadores acostumados com barcos convencionais descrevem o navegar do catamarã como um “passeio em um tapete mágico”. A desvantagem é que, caso aconteça algo que force o barco a “pousar” de volta, o impacto é repentino e a desaceleração, muito forte. É preciso, portanto, saber o que se está fazendo ao velejar um catamarã como este.
Catamarãs com lâminas não são exatamente novidade — barcos com dois cascos capazes de levitar sobre a água são produzidos comercialmente desde os anos 90. Mas foi nos últimos anos, com a popularização de barcos de competição como os da America’s Cup, que podem atingir mais de 40 nós (por volta de 75 km/h), que eles começaram a atrair a atenção de fabricantes e entusiastas. Em 2009, um barco deste tipo chamado Vestar Sailrocket II quebrou o recorde de velocidade para veleiros, atingindo impressionantes 65,45 nós, ou 121,21 km/h. O número pode não impressionar em um mundo onde carros chegam a 435 km/h, mas lembre-se de que estamos falando de um veículo sem motor e sem freios, movido apenas pela força do vento.