A chegada ao Box54 no último domingo foi um pouco diferente das outras vezes que estivemos por lá. Em vez de cruzar a cancela de entrada e subir até o pátio principal, como de costume, tivemos que parar logo após a entrada. O motivo? Mais de 200 Subaru de todos os modelos, anos e estilos juntos para o 4º Encontro Nacional do Clube Subaru.
Repetindo o formato inaugurado no ano passado, o evento não foi restrito aos proprietários de Subaru e membros do Clube, mas aberto a todos os gearheads e admiradores da marca. Foram mais de 600 pessoas reunidas no Box54 em um belo domingo ensolarado, interagindo e reforçando a cultura automotiva e expressando sua paixão por carros e, claro, por estes grandes boxers.
Um dos pontos altos do evento — e certamente o mais emocionante — foi o minuto de pé embaixo em homenagem à memória do subarista Felipe Mello, que nos deixou há alguns dias em um acidente e tinha sua presença confirmada.
Vamos dar uma olhada no que rolou por lá?
Destaques
Double shark
Nos primeiros passos entre os Subaru topamos com uma dupla matadora de Imprezas “Shark”. O STI Blue Mica do Weverton Terci, e o WRX do Rafael Agostinho.
O primeiro tem visual stock, mas uma série de surpresas sob o capô (e também sob o chassi e no porta-malas). O motor foi forjado e todo retrabalhado pela preparadora Speciallizer — do cárter ao comando de válvulas.
O intercooler original foi substituído por um Mishimoto, que foi reposicionado na dianteira do carro, onde também está o novo radiador de óleo. A turbina agora é uma Blouch Dominator 5.0 que opera a 21 psi e, lá atrás, onde um dia houve espaço para bagagem, agora há um catch tank e uma bomba auxiliar de dois estágios. O conjunto produz nada menos 465 whp com etanol.
Já o segundo passou por uma transformação mais extensa e, embora seja pouco menos potente, compensa com um novo acerto de suspensão. A turbina TD04 original deu lugar a uma TD05-20G, assim como o inercooler, que foi substituído por um verticooler Process West. O motor foi montado pela Custela Subaru Team e, acertado pelo Antonioni, passou a produzir 400 whp usando etanol.
O WRX também ganhou uma nova suspensão com coilovers da D2 e camber plates, um novo capô de fibra de carbono da Seibon 10 kg mais leve que o original, e freios Brembo. Por dentro, as modificações são poucas mas funcionais: banco Bride para o motorista e volante original Subaru STI em Alcantara.
Turborocket
A SW Rocket do Du Sammartino já é conhecida pelos leitores de longa data: ela foi um dos destaques do encontro do ano passado, mas está de volta com algumas novidades que a deixaram ainda mais insana.
Se você ainda não foi apresentado, ela é uma WRX SW “Blob Eyes” que teve todo o powertrain/drivetrain Subaru removido e substituído por algo um tanto inesperado para um modelo japonês: um V8 Chevrolet LS1 biturbo ligado somente às rodas traseiras. A instalação não exigiu modificações na carroceria, porém a suspensão, motor, câmbio e diferencial são montados em subchassis tubulares feitos sob medida — na dianteira, o projeto é da Fast Nigel Fabrication, e na traseira, o sistema é da TSSFab. Ambos montados pela Biroscar, enquanto os equipamentos Fueltech (como a FT-500) foram instalados pelo Ricardo Nunes da G-Tech.
Na última vez que a vimos, o LS1 estava com 4,8 litros e seus dois turbos Schwitzer S200 a ajudavam a produzir 564,5 hp. Desde então o motor foi todo forjado e a cilindrada foi aumentada para 4,9 litros, enquanto os turbos receberam uma nova caixa quente para produzir cerca de 650 cv. O jeito de transferir tudo isso para o chão foi usando rodas 18×10,5 com pneus 285 na dianteira e 295 na traseira, (quase) cobertos por imensos arcos de para-lamas.
Bem de família
Você talvez esteja se perguntando porque uma Legacy SW 1994 “all stock” está entre os destaques do Encontro. Ela não tem preparação alguma, e só passou por um leve facelift com componentes do modelo 1998. O que nos interessou foi sua história: ela foi tirada zero-quilômetro pelo pai do atual proprietário, Erick Dias, quando ele tinha apenas alguns meses de vida.
Erick contou que tem fotos suas, ainda criança, na cadeirinha instalada no banco traseiro da perua. Foi com esta perua que sua irmã foi buscada na maternidade, e foi nesta perua que ele aprendeu a dirigir aos 15 anos. Quando começou a dirigir, herdou o carro e o manteve assim, impecável, como você vê nas fotos.
Flat-6 Wagon
Outro destaque é o Impreza GF 2000 de Sérgio Brandão, que teve seu boxer de quatro cilindros substituído pelo EZ-36 do SUV Tribeca, de 3,6 litros e 260 cv. O motor é alimentado por uma injeção Megasquirt 2 e usa coletor e escape completo de inox. O câmbio é o original de cinco marchas, com short-shifter. A perua ainda recebeu bancos de WRX 2007, rodas Enkei Evo 5 de 17 polegadas com pneus Toyo 215/45 e spoilers do STI.
Todas as fotos por Pedro Spina