FlatOut!
Image default
Car Culture Games Zero a 300

Games que marcaram a infância: V-Rally

Em duas décadas, passamos por quatro gerações de consoles domésticos, e os games da década de 1990 já atingiram o status de clássicos. Um deles está fazendo exatos 20 anos em 2017, e é um dos melhores jogos de rali de todos os tempos – e não somos nós que estamos dizendo isto, e sim a opinião popular. Você já jogou V-Rally?

Talvez você conheça V-Rally como Need for Speed: V-Rally. O game desenvolvido pela Eden Studios foi distribuído na Europa pela Infogrames (o mesmo estúdio por trás do clássico Driver 2). Nos EUA, a distribuidora foi a Electronic Arts, que decidiu incluir o Need for Speed no título para ajudar conquistar o público. E deu certo, apesar de o game ser completamente diferente de Need for Speed II, que também foi lançado em 1997.

37299-Need_for_Speed_-_V-Rally_[NTSC-U]-3 5608_back

Quando você tenta revisitar games antigos, precisa ter em mente que os jogos evoluíram muito em pouco tempo. Então, em vez de encarar um jogo simples como algo superficial demais ou incompleto demais, devemos enxergá-lo como algo orgânico e direto. Não espere uma infinidade de modos, extras, conteúdo exclusivo, nem nada disso. A quinta geração de consoles, que também engloba o Nintendo 64 e o Sega Saturn (além de outros sistemas menos conhecidos), trouxe a revolução dos gráficos tridimensionais e, com isto, o visual dos jogos começou a importar mais. No entanto, ainda era a jogabilidade que fazia a diferença. E a jogabilidade de V-Rally era ótima!

Para começar, o jogo era uma representação fiel (na medida do possível para a época) do campeonato mundial de rali no fim da década de 1990, quando competiam o Subaru Impreza WRX, o Mitsubishi Lancer Evolution, o Peugeot 106 e o Ford Escort. São carros verdadeiramente icônicos hoje, e o melhor que havia na época. No total, são 11 veículos diferentes, incluindo também o Renault Mégane Maxi, o Toyota Corolla, o Citroën Saxo (gêmeo do Peugeot 106) e outros.

O mais bacana, porém, é o número de pistas. São nada menos que 42 delas, em diversas locações diferentes espalhadas pelo globo, reproduzindo todas as etapas do WRC. Ou seja, há estágios na Itália, na Suécia, na Indonésia, na Grécia, na Argentina, na Finlândia, na Austrália, no Quênia e na Espanha. São representações livres, não exatamente  aos estágios de verdade – era mais difícil ser totalmente realista naquela época –, mas eram cenários bem desenhados e detalhados, mais até do que os carros. Ao menos os veículos ficavam danificados com as colisões, resultando em carrocerias amassadas e peças faltantes. Tal recurso gráfico não era tão comum na época.

O game tinha os modos carreira, corrida rápida e time trial, como manda o figurino. E, em vez de disputar baterias cronometradas, como fazia Colin McRae RallyV-Rally colocava os carros todos juntos, tornando as provas mais emocionantes.

pc-64017-31453527777

Os carros eram bastante ajustáveis: você podia mexer nas configurações e, com isto, torná-los mais dianteiros e previsíveis (até demais, na verdade) ou traseiros e propensos a derrapagens. Os modos de dificuldade mexiam com a AI do jogo e tornavam seus rivais mais ou menos competentes, e o negócio ficava mesmo desafiador quando você colocava no modo mais difícil. Era o que os gamers mais experientes faziam depois de passar por todos os estágios do jogo.

Outra boa característica de V-Rally era a sensação de velocidade. Os carros pareciam mesmo rápidos, e sua interação com o piso era muito dinâmica e realista. Nos vídeos deste post, repare no movimento bem pronunciado da suspensão, que deixa claro que o sistema é independente nas quatro rodas. A animação e o comportamento da suspensão e dos pneus é um dos grandes desafios para os desenvolvedores de games de corrida, e o pessoal da Eden Studios tirou a questão de letra em V-Rally.

Não foi à toa que o título foi portado para diferentes plataformas depois do PlayStation. Em 1999, foram lançadas versões para PC e Nintendo 64, com gráficos e menus melhores, além de todos os carros e estágios presentes na temporada de 1998 do WRC.

Também rolou um port muito interessante para Game Boy Color, o portátil de 8 bits da Nintendo vendido até o início dos anos 2000. Era bastante simplificado, mas aproveitava ao máximo a capacidade do pequeno – nem todos os jogos de Game Boy tinham cores vivas assim.

Não foi à toa que a franquia V-Rally seguiu em frente com V-Rally 2, lançado em 2000 e já livre da alcunha “Need for Speed” (até porque a mesma era completamente desnecessária); e V-Rally 3, inaugurando a sexta geração de consoles em 2002. O clássico, porém, é o primeiro game. E você provavelmente já está procurando emuladores pensando em tirar seu PSOne velho de guerra da gaveta, não é?