Quando falamos em destinos incríveis para uma viagem gearhead, os lugares que vêm à cabeça são Nürburgring, Passo Stelvio, as Autobahnen alemãs ou, quem sabe, a Rota 66 e as planícies de sal de Bonneville, nos EUA. Mas recentemente descobrimos um outro roteiro, bem menos badalado e tão interessante quanto qualquer outro da lista sugerida por vocês, leitores, há alguns meses.
Seu nome é Grand Tour of Switzerland e, como você já deduziu, trata-se de um roteiro pelas estradas da Suíça. Sim, aquelas estradas cobertas por um tapete de asfalto, com uma alternância quase perfeita de curvas e retas e vistas de tirar o fôlego que a gente vê nos filmes e nas TVs — e às vezes nos vídeos subidas de montanha da Sessão da Manhã. Lembra da cara que os apresentadores do Top Gear fizeram quando toparam com o Passo Stelvio? É exatamente aquilo, só que por 1.600 km ao redor de todo o país helvético.
O roteiro
O roteiro é composto de onze trechos que, juntos, somam 1.643 km e formam uma volta completa pelo país. A variação altimétrica é de 2.236 metros — o ponto mais baixo, o Lago Maggiore fica a 193 metros do nível do mar, e o mais alto, o Passo Furka, fica a 2.429 metros. Como cada trecho tem em média 150 km você não precisa passar o dia inteiro dirigindo, e sobra tempo suficiente para conhecer as principais cidades antes de voltar para o carro e pegar a estrada.
Aliás, aqui vale ressaltar que, segundo o próprio órgão de turismo da Suíça, a principal atração do Grand Tour é o prazer de dirigir pelo país. É sério: no site oficial eles recomendam “dirigir pelo menos cinco horas por dia” ao longo de sete dias para completar a rota principal. Não soa perfeito para um gearhead? “Nossa atração turística é dirigir pelo menos cinco horas por dia em estradas paradisíacas com um carro bacana”.
O roteiro foi planejado para ter o máximo de estradas secundárias possíveis, usando as rodovias somente em alguns trechos para te tirar do trânsito mais adensado de algumas cidades. Parece que alguém no Ministério do Turismo gosta muito de carros.
As passagens alpinas
A Suíça é um país cortado por um pedaço dos Alpes, a cordilheira mais famosa da Europa, por isso é natural que você precise atravessá-los em alguns trechos. Durante os 1.600 km do roteiro há cinco “passagens” entre as montanhas, os chamados “Passo” ou “Pass” — que são os trechos que realmente conquistam os entusiastas com suas curvas e variações de altitude. No trecho entre Davos e Sagliains você irá dirigir pelo Passo Flüela, que fica a 2.383 metros acima do nível do mar e se estende por 26 km:
Em seguida há o Passo del Giulio, um trecho de 42 km a 2.284 metros acima do nível do mar que liga St. Moritz a Tosana. A variação altimétrica é de 1.433 metros e ele tem menos hairpins que o Flüela, mas é um trajeto bastante usado por supercarros que se encontram em St. Moritz e fazem viagens em grupo.
O Passo San Bernardino vem em seguida, a 2.065 metros, ligando Hinterrhein a San Bernardino em um trecho de 60 km. O pessoal do Top Gear passou por lá ao procurar a melhor estrada do mundo.
Depois há o Passo St. Gotthard, que liga Airolo a Göschenen por um caminho de 27 km a 2.108 metros de altitude. É um dos mais sinuosos e também com as vistas mais belas, como mostra aquela foto mais acima.
Por último, há o Passo Furka, que fica a 2.429 m acima do nível do mar e liga Realp a Oberwald. Nesse trecho, em 1962, foi gravada uma das perseguições de “007 Contra Goldfinger”:
Com que carro eu vou?
O Grand Tour foi planejado para carros e motos, então tudo depende do seu gosto e do seu bolso. Na locadora Sixt, por exemplo, um Mercedes-Benz Classe A dos novos sai por US$ 422 por sete dias com quilometragem livre, enquanto um BMW Série 4 Cabriolet custa US$ 800 pelo mesmo período, porém com limite de 2.000 km pelo preço.
Se dinheiro não for problema, eles também têm modelos Mercedes-AMG ou Maserati por cerca de US$ 1.800 pelos sete dias — o único pré-requisito é ter 25 anos de idade e cinco anos de habilitação. Você ainda pode tentar uma locação nas outras locadoras mais famosas como a Avis ou a Hertz, mas a oferta é mais limitada em termos de carros empolgantes.
Quando ir?
Como em praticamente toda a Europa, o inverno suíço é bastante rigoroso, com temperaturas constantes abaixo de zero grau e muita neve. Com isso, algumas estradas acabam fechadas devido ao acúmulo de neve, o que pode interromper o circuito. A época do ano mais recomendada para fazer a viagem é entre abril e outubro, os meses mais quentes (ou menos frios) do ano.