Foto: Orlei Silva
Como se fosse fácil correr de carro em um autódromo no Brasil, em outubro de 2015 veio a notícia: o Autódromo Internacional de Curitiba seria fechado, vendido e sua área, transformada em terrenos para condomínios. Estávamos de luto até agora, se querem saber. Até que ontem (15), veio a boa nova: o AIC permanecerá aberto, e “por tempo indeterminado”.
Vamos dar um tempo para você comemorar.
Pronto? Agora, vamos explicar o que aconteceu. Como você deve lembrar, o Autódromo de Curitiba foi construído em 1967 naquele que hoje é o município de Pinhais. Na época de sua construção, porém, Pinhais era um distrito de Curitiba — e uma área afastada do centro urbano. Hoje em dia a coisa mudou — a cidade cresceu e o autódromo fica bem no meio dela.
Como dissemos na época em que a notícia da venda foi divulgada, a expansão imobiliária seria um dos motivos para a venda. Sem conseguir recuperar o investimento feito em 1995, quando o AIC foi todo reformado e modernizado, o presidente Jauvenal Oms começou a negociar a venda do autódromo e, logo de cara, conseguiu 12 propostas. A venda foi confirmada em novembro de 2015.
A nota no Gazeta do Povo dizia, na época, que o AIC não tinha data para fechar. Então, em janeiro de 2016, veio nova notícia de que o autódromo encerraria suas atividades esportivas em junho. Depois disso, daria lugar a “um novo empreendimento imobiliário”, que ainda dependia da aprovação da prefeitura de Pinhais. Para muita gente, a história acabava ali.
Então, quatro meses depois, em maio, nova notícia: o fechamento do AIC havia sido adiado — provavelmente, por conta da burocracia necessária para aprovar a construção de condomínios no terreno. Falava-se, ainda, que os responsáveis pelo empreendimento estudavam uma forma de manter a pista no local, utilizando-a como “infraestrutura viária”. Jauvenal Oms disse que as atividades esportivas do circuito, então, ocorreriam ao menos até dezembro.
Seria o fim da história até a noite de ontem, quando o jornalista e comentarista esportivo da Globo, Reginaldo Leme, publicou em seu blog a informação exclusiva: o AIC não irá mais fechar, e suas atividades continuam “por tempo indeterminado”. Mas o que aconteceu?
A nota é breve: segundo a fonte de Reginaldo, a direção do Autódromo Internacional de Curitiba tomou a decisão de manter as atividades do circuito por tempo indeterminado “em razão de mudanças positivas na economia do País” — ou seja: com um panorama econômico mais otimista para o futuro, não seria mais necessário transformar a pista em um condomínio. O automobilismo venceu, afinal, não?
Bem, acontece que talvez não seja exatamente assim a história. É uma excelente notícia, mas talvez a razão seja exatamente o oposto do que diz a declaração — pode ser que, justamente por causa da situação econômica do País, os compradores tenham desistido do empreendimento. Nesse caso, “por tempo indeterminado” pode significar “até que uma nova proposta seja concretizada”. É claro que isto pode demorar bastante tempo e, com tantas reviravoltas nesta história, não será uma surpresa tão grande assim se o AIC não for mais vendido.
O automobilismo agradece — e, sendo otimistas, talvez um dia até seja possível ver novamente momentos marcantes como a corrida da BPR Global GT (a categoria que deu origem à FIA GT) que aconteceu em 8 de dezembro de 1996. Foi uma prova de exibição, que não valia para o campeonato, mas e daí?
Na época, o Autódromo de Curitiba recebeu carros de lendários, como o McLaren F1 GTR e a Ferrari F40 GTE. Aliás, foi com um F1 GTR que Nelson Piquet venceu a prova, pilotando em parceria com o venezuelano Johnny Ceccoto.