Fala, galera do Flatout! Vamos à segunda parte da saga do meu penúltimo VTi até o momento! Para quem perdeu a primeira parte, ela está aqui! Como eu finalizei no post passado, o VTizinho estava parado havia seteanos, sem motor, e já a ponto de virar um doador de peças para outros VTi. Como a maior parte dos Hondinhas da década de 1990, este sofreu com a “geração Velozes e Furiosos”.
Foi comprado relativamente novo pelo seu dono anterior, que o preparou para arrancadas. Mecânica turbo, parachoques, faróis, lanternas e demais itens ao puro estilo xunning (hoje, porque na época era o máximo) eram a sua realidade. Entretanto, após quebrar o motor várias vezes nas arrancadas, o ex-dono simplesmente vendeu o que sobrou do motor e largou o carro por anos debaixo de uma árvore.
Quem encontrou o bichinho e teve a ideia de fazer um projeto de restauração foi meu amigo Leandro Portela (vulgo Macho), mas como ele tinha outro VTi com uma preparação aspro bem pesada (droga das fortes), o vermelhinho estava meio que de lado, aguardando o dia de ser ressuscitado. O carro estava na KingzAuto, oficina do Duda e referência em Honda aqui no DF e, sempre que eu passava por lá, me doía o coração de ver o carrinho com tanto potencial lá em seu eterno stand by.
Obviamente a situação era feia. Encostado em um canto da oficina, pegando poeira, sem motor e aparentemente sem futuro, poucos teriam coragem de encarar a brincadeira de restaurar à sua glória original um carrinho tão emblemático.
Foi quando me veio essa coragem e decidi encarar a brincadeira. Restaurar Hondas já não era mais algo tão novo pra mim e, com a aprovação da patroa e a venda do Prelude, acertei uma forma de pagamento com o Leandro pra chamar o vermelhinho de meu e começamos os trabalhos. O carro já possuía uma quilometragem extremamente baixa (cerca de 80.000 km) e estava impecável de estrutura, apesar da pintura simplesmente horrível.
E aí, por uma destas sortes do destino, achamos uma mecânica completa de VTi a venda por um preço justo (sim, porque o “Raio Hondeirizador” não está perdoando ninguém) com cerca de 60 mil km. Até a correia dentada era a original. E pra melhorar, o motor ainda era o raríssimo B16A3, que só saiu nos VTis 1995 e que, reza a lenda, possui cerca de sete cavalos a mais que os B16A2 “comuns”, totalizando 167cv. E nunca é demais lembrar que estamos falando de um motor de apenas 1.6 Litro. Descobrimos que ainda por cima havíamos sido sorteados com uma versão especial da central P30 que até o momentos desconhecíamos. Ela vem chipada de fábrica, com chip original Honda pra gravação com infravermelho e talvez seja daí que venham os míticos 7 cv a mais.
Foi um verdadeiro “taca-le pau neste carrinho”! Com todas as peças em mãos, fui diariamente para a KingzAuto por cerca de um mês para finalizarmos a montagem. As peças de manutenção foram todas trocadas por novas e originais, como correias, bomba d’água, mangueiras, termostática, MAP, rolamentos, filtros, sonda lambda, juntas, cilindro mestre de freio, pastilhas e por aí vai. O objetivo era deixar o carro o mais confiável possível para ser usado no dia a dia, sem dor de cabeça.
Ainda em construção…
Aproveitando a mão na massa, já demos um senhor trato na parte cosmética do cofre e adquiri também alguns itens que alguns consideram de performance e outros consideram perfumaria. Um deles foi o filtro de ar Simota, que segundo informações funciona bem como um CAI e que pelo seu formato acelera o fluxo de ar para a admissão. Outro foi o conjunto de mangueiras SAMCO em silicone. Aproveitamos também para fazer o escapamento em inox de 2,5” até o final.
E agora em sua versão final!
Apesar dele ser 1993, consegui também todo o interior de um VTi 1995 (os bancos e alguns detalhes de forração são diferentes) e um aero dos 1995 (é ligeiramente maior, mas menos exagerado que os modelos Spoon), o que completava o visual OEM que eu pretendia.
Foi um senhor trabalho, mas a alegria da primeira volta no carrinho foi incomparável. Carrinho forte, divertido e confiável, assim como todo VTi deve ser. A expressão “built, not bought” (construído, não comprado) que os americanos gostam tanto de usar nos seus projetos nunca fez tanto sentido pra mim. No final das contas, não tenho tantas fotos de toda esta etapa de construção porque a vontade de por a mão na massa era tão grande que até me esqueci de documentar este processo.
Mas fiquem tranquilos. Na terceira e última parte, onde vou contar a longa saga da pintura e a finalização do EG, teremos muito mais fotos. Nos vemos em breve!
Por Flavio “Zaca” Diniz, Project Cars #363