Dizem por aí que, para quem quer fazer drift mas não quer um Chevrolet Chevette, uma alternativa é o Lada Laika. O modelo russo chegou ao Brasil em 1990, junto com o SUV Niva, e também fez sucesso por seu preço baixo — ainda que a rede de concessionárias fosse pequena e o projeto, datado da década de 1960 (o Laika tem como base o Fiat 124, lançado em 1966). Mas ele é um sedã de tração traseira que custa pouco e, por isso, dá para entender de onde vem sua fama.
A real é que, na prática, a gente nunca viu um Lada Laika de drift (ao menos não pessoalmente). Talvez isto aconteça porque eles não são tão comuns quanto o Chevette, que não é consagrado à toa. Mas, de vez em quando, os gringos nos mostram que é bem possível fazer um Lada bacanudo para escorregar de lado pelo asfalto. Como o dono deste Lada 2107 (um dos vários nomes pelos quais o Laika é chamado no Leste Europeu), que colocou um V8 BMW debaixo do capô. Sim, um russo com coração alemão!
A gente falou que este carro é a nova investida dos russos por causa daquele Niva com motor 2JZ de Toyota Supra, mas a verdade é que ele foi feito por um polonês. De qualquer forma, a Polônia e a Rússia são geograficamente próximas o bastante para não perdermos a piada…
Mas vamos ao carro: ele foi feito por um cara que mora em Gdansk, uma das maiores cidades da Polônia, o que explica o fato de ele ter colocado o V8 de um BMW Série 7 E32 no cofre do sedã russo — por lá, estes BMW grandalhões e luxuosos dos anos 1980 e 1990 são comuns e baratos, e é comuns que os entusiastas os comprem para aproveitar os componentes mecânicos em seus projetos malucos.
O E32 é a segunda geração do BMW Série 7, lançada em 1986 e, na versão 730i V8, equipada com um V8 (é mesmo?) de três litros, 218 cv e 29,5 mkgf de torque. A transmissão é manual, de cinco marchas, vinda do mesmo Bimmer doador.
Parece pouca potência, mas não esqueça que estamos falando de um carro bem mais leve do que o original — enquanto o topo de linha da BMW pesa pelo menos 1.720 kg, o humilde Lada mal chega a 1.000 kg. É o bastante para se mover com desenvoltura, como mostra o vídeo abaixo:
O conjunto mecânico, porém, não foi a única herança alemã que este Lada recebeu: a suspensão agora tem o arranjo dianteiro de um BMW Série 3 E36 na dianteira, e o conjunto multilink do Série 5 E39 na traseira — com amortecedores ajustáveis KW Competition nos quatro cantos.
O carro ainda recebeu um sistema de escape dimensionado feito em inox (com duas ponteiras nada discretas na traseira) e uma customização visual bem interessante, que mistura influências militares (especialmente na cor) com elementos estéticos do JDM, como os para-lamas alargados e as rodas; e até alguns detalhes tipicamente americanos, como a persiana no vidro traseiro.
Já o interior, bem, é o interior de um carro de drift: vários componentes desnecessários, como revestimentos de porta, carpete e acabamentos do painel, foram removidos. O cluster de instrumentos do Série 7 foi adaptado no painel, que agora tem elementos de fibra de carbono, e os bancos são do tipo concha. Há uma gaiola de proteção integral e o porta-malas abriga um tanque de combustível selado.
É um projeto simples, mas muito bacana exatamente por isto — a gente realmente gostaria de ver algo parecido aqui no Brasil — e nem precisa ser um V8 alemão no cofre do Lada. Quem vai ter os colhões, camaradas?