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História

Irmscher Senator: um super-Omega de luxo com motor de quatro litros e 272 cv

Muito se fala sobre o Lotus Omega (ou Lotus Carlton, se estivermos falando do modelo britânico) – um carro que podia ter até a mesma essência do Chevrolet Omega vendido no Brasil, porém com uma overdose de veneno: motor seis-em-linha de 3,6 litros, dois turbos, caixas de roda alargada e diversas outras modificações estéticas e mecânicas o transformavam em um rival de peso para o BMW M5 da geração E34, seu contemporâneo.

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Nós adoramos o Lotus Omega – tanto que até “ensinamos” a transformar um Omega brasileiro em um super sedã britânico neste post. Mas há outro primo europeu nervosinho do Omega que merece a nossa atenção: o Irmscher Senator, derivado do Opel Senator.

 

O Opel Senator era uma versão mais refinada e luxuosa do Omega, com 158 mm a mais no comprimento (4.845 mm contra 4.687 mm) e identidade visual distinta, com novos faróis, grade e lanternas. O interior mantinha a mesma arquitetura do Omega (saídas de ar e comandos para o motorista ficavam no mesmo lugar, por exemplo), mas os detalhes estéticos e de acabamento eram exclusivos do Senator.

Além disso, diferentemente do Omega, que na Europa foi vendido até mesmo com o motor 1.8 Família II da General Motors, o Opel Senator só era oferecido com motores de seis cilindros – todos da família CIH (Cam-in-Head) da Opel. O menor deles deslocava 2,5 litros e entregava 140 cv, enquanto o mais potente deles tinha uma versão de três litros com injeção Bosch Motronic e 204 cv. Quer dizer, o mais potente oferecido de fábrica pela Opel. Cortesia da Irmscher, havia uma versão de quatro litros e 272 cv que poucos conhecem: Seu nome era simples e direto: Irmscher Senator.

A relação da Opel com a preparadora Irmscher já era antiga no começo dos anos 1990. Fundada em 1968, a Irmscher colaborou com o programa de rali da Opel nas décadas de 1970 e 1980, além de desenvolver diversos kits de preparação e customização para os modelos de rua da fabricante — incluindo o Opel Ascona/Vauxhall Cavalier (o equivalente europeu ao nosso Chevrolet Monza):

O kit para o Monza tinha apelo mais estético, sem modificações no motor – que, ainda assim, era uma interessante variação do Família II com dois litros, injeção multiponto e 130 cv.

Mas, no caso do Opel Senator, a brincadeira era mais séria. Entre 1990 e 1993, a Irmscher colaborou com a Opel no desenvolvimento do Irmscher Senator – a Opel realizou boa parte do desenvolvimento técnico, enquanto a Irmscher cuidava da fabricação e dos acertos finais.

O ponto de partida era o motor CIH 3.0, que tinha o diâmetro dos cilindros e o curso dos pistões ampliados, passando de 95×69,8 mm para 98×88 mm – assim, o deslocamento era passava de 2.969 cm³ para 3.983 cm³. O motor ganhou até mesmo um bloco novo, reforçado, e um código no catálogo da Opel: C40SE.

Com o aumento de um litro no deslocamento, uma reprogramação no sistema de injeção e um cabeçote de 24 válvulas retrabalhado, além de um coletor de admissão de geometria variável, conseguiu-se aumentar o rendimento do motor de forma muito eficaz. O seis-em-linha de quatro litros entregava 272 cv a 5.800 rpm e 39,5 kgfm de torque a 3.300 rpm – eram 204 cv a 6.000 rpm e 27 kgfm a 3.600 rpm na versão de três litros. Embora não fosse um monstro como o Omega Lotus, o Irmscher Senator era rápido: o zero a 100 km/h era cumprido em 5,8 segundos, e a velocidade máxima passava dos 255 km/h. Para se ter ideia, o BMW M3 E34, que tinha 340 cv, só era 0,4 segundo mais rápido que o Irmscher Senator em linha reta.

Aqui, vale uma observação: este motor também foi oferecido para o Opel Omega na edição especial Evolution 500, especial de homologação para a DTM – porém, como opcional. Falamos mais a respeito do Omega Evo 500 neste post.

A Irmscher tratava de realizar outras modificações no carro, eliminando os detalhes de acabamento cromado no exterior e dando ao sedã um novo para-choque, com desenho mais esportivo. Também eram instalados molas e amortecedores mais firmes, enquanto as rodas de 16 polegadas calçavam pneus 225/55 e garantiam mais tração. Os freios do Senator 3.0, com discos de 296 mm na dianteira e 270 mm na traseira, já eram superdimensionados e se mostraram suficientes para segurar a versão da Irmscher.

Por dentro, a Irmscher caprichava com revestimento de couro no painel, velocímetro que marcava até 300 km/h, detalhes de madeira genuína e bancos Recaro com aquecimento e ajuste elétrico com memória. Era possível também optar por um telefone celular e um mini-frigobar para os ocupantes do banco traseiro (que também era da Recaro).

O Irmscher Senator era feito sob encomenda, em quantidade limitada – e recebeu até mesmo uma versão perua, que teve 11 unidades vendidas entre 1990 e 1993. Uma delas pertencia ao próprio Günther Irmscher, o fundador da preparadora, que morreu em 1996 aos 59 anos de idade. Foi o último carro que ele teve, com o qual rodou mais de 300.000 km em três anos.

O Imrscher Senator deixou de ser fabricado quando a Opel tirou o modelo de linha em 1993. A fabricante julgava que o Omega, sozinho, já era suficiente para representar bem a marca no segmento de luxo.

Olhando em retrospecto – e conhecendo as qualidades inerentes ao projeto do Omega  – o Senator era mesmo um carro redundante no portfólio da Opel. Mas ele tinha suas qualidades, e deveria ser um carro mais conhecido fora da Alemanha. Lembrando que, no ano que vem, a versão da Irmscher completa 30 anos de idade. E você sabe o que isto significa…