Quando vemos limousines em filmes ou na TV, especialmente do lado de dentro, é fácil esquecer por alguns instantes que, antes de tudo, uma limousine é um carro. Por alguma razão, porém, elas são tratadas como salões de festa sobre rodas que estão tão propenso a acidentes quanto qualquer outro veículo — talvez até mais.
Quem diz não somos nós, e sim os caras do Fifth Gear, que afirmam ter feito “o primeiro crash test com uma limousine em alta velocidade do mundo” em 2007. Sim, sabemos que já são sete anos atrás, mas é que o vídeo foi publicado no canal do programa no YouTube há poucos dias.
O que é ótimo, porque é bem provável que você ainda não tenha visto — talvez estivesse ocupado demais assistindo àquele outro programa, que também é britânico, tem um nome parecido e três apresentadores palhaços… ah, sim, Top Gear. Aliás, Fifth Gear é tão bom quanto Top Gear (na verdade, talvez seja até melhor para quem curte menos humor e mais técnica), e um dos apresentadores, Tiff Needel, até já apresentou a versão antiga do nosso programa automotivo favorito.
De qualquer forma, as limousines não mudaram muito de 2007 para cá (assim como não haviam mudado até então): elas continuam sendo, em sua maioria, sedãs das décadas de 1980 e 1990 que são partidos ao meio e ganham alguns metros de metal a mais na porção central. E o modo como elas reagem a acidentes (e como as pessoas se comportam dentro delas) também não deve ter mudado muito.
Ouch. Lição número 1: em uma limousine não seja o motorista. Nem o cara ao lado dele.
Embora as aparências nos digam o contrário, a seção acrescentada à limusine não é nem um pouco frágil. É justamente o contrário, visto que as soldas são especialmente reforçadas e são usadas mais chapas de metal, quase transformando a área ocupada pelos passageiros em uma célula de sobrevivência.
“Quase” porque de nada adianta ser resistente a impactos se não há a absorção da energia — se for rígida demais, esta energia acaba quase totalmente transferida para os passageiros. A situação piora se eles não fazem sua parte e, por “fazer sua parte”, estamos falando de algo simples como “usar o cinto de segurança” para o caso de um acidente — algo que te faria lembrar-se imediatamente de que, ainda que não pareça, você está dentro de um carro em movimento.
E as chances de algo dar errado não são exatamente pequenas: uma limusine, com entre-eixos bem mais longo e centenas de quilos a mais, tem distribuição de massas e dinâmica totalmente diferentes das de um sedã (como o Lincoln Town Car como o carro do vídeo). Se precisar fazer uma mudança brusca de direção ou frear bruscamente, o carro vai reagir de forma atrasada. Ou o que você acha que nos faz gostar tanto de hot hatches com entre-eixos mais curto? Sim: eles mudam de direção com muito mais facilidade.
Além disso, o interior de uma limusine não é como o de um “carro normal”: há poltronas, mesas, estantes, televisões e garrafas de champagne que, com suas quinas, pontas e bordas afiadas, podem se tornar riscos enormes no evento de uma colisão. Aém disso, a parte mais pesada, a porção central, esmaga totalmente a dianteira. Sem o cinto de segurança, os bonecos de teste acabaram se tornando parte dos escombros. É um conjunto de fatores que, interligados, tornam a situação desesperadora.
Por esta razão o uso de cinto de segurança (que, sozinho, pode deixar as consequências de um acidente com uma limusine bem menos feias) é obrigatório em todos os assentos, como em qualquer carro — obrigação que é frequentemente ignorada. Péssima ideia.