Imagine se o seu carro fosse equipado com um dispositivo que permitisse que as autoridades desligassem o motor a qualquer momento, bastando o toque de um botão. Pois é exatamente isto que a União Europeia fazer até o fim da década.
De acordo com o The Thelegraph, o plano secreto foi revelado por documentos confidenciais de um comitê policial da União Europeia que propõe “parar veículos de forma remota”. A objetivo seria, principalmente, ter a capacidade de desligar um veículo roubado evitando perseguições policiais em alta velocidade.
De uma central, um oficial seria capaz de interromper a injeção de combustível e cortar a ignição de um veículo que estivesse sendo dirigido por um fugitivo ou suspeito, evitando uma fuga em alta velocidade e reduzindo drasticamente suas chances de escapar da prisão. Além disso, todos os riscos a que estão sujeitos o ambiente e as pessoas ao redor de uma perseguição em alta velocidade seriam eliminados.
O documento ainda diz que a tecnologia está prevista para ficar pronta daqui a seis anos. Perfeito — seria possível acostumar a população com a ideia e criar um sistema que 100% seguro neste tempo. Para aumentar a segurança nas ruas, tudo é válido, certo?
Acontece que existem alguns pontos controversos nesta história toda. Afinal, deve haver alguma razão para que o plano esteja sendo discutido em segredo, não é?
Primeiro: não duvidamos que seja possível implantar um sistema como este em todos os carros imediatamente — nem seria precisos esperar seis anos para desenvolver um dispositivo. Bastaria que o módulo de controle do motor, ou ECU, tivesse um receptor de rádio. Através dele, o comando de um botão poderia instruir o módulo a cortar o fornecimento de combustível e a ignição ou até mesmo desligar o carro de forma gradativa — desacelerando com suavidade e mantendo a direção, servofreio e até os sistemas de segurança totalmente funcionais.
O problema é que nenhum sistema eletrônico é a prova de falhas — nem nunca será. Sendo assim, seria uma questão de tempo para que surgisse um bloqueador de sinal (conhecido como jammer) capaz de inutilizar o sistema. Ou então, que criminosos consigam controlá-lo e utilizá-lo em sequestros.
E esta não é a única questão: quem fiscalizaria quando e sob quais circunstâncias um carro seria parado? E, mesmo que o carro fosse freando suavemente — um carro reduzindo a velocidade em uma via expressa poderia causar um acidente de grandes proporções, ferindo e matando quem não tem nada a ver com o crime.
Ainda há a questão da privacidade. A Statewatch, organização sem fins lucrativos criada para fiscalizar e monitorar as forças policiais e assegurar a liberdade civil, chamou o plano de “ataque à liberdade”. Em contrapartida, os idealizadores do plano argumentam que criminosos assumem riscos para escapar depois de um crime, e que na maioria dos casos a polícia não consegue capturá-los por falta de um meio eficiente de pará-los. É liberdade contra segurança.
Mas será que este é realmente um risco tão grande a ponto de justificar a instalação do sistema em todos os automóveis? O que você acha?
[ Fotos: Getty Images ]