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Já reparou que o Escort virou (ainda mais) tendência para project car nos últimos tempos?

De vez em quando determinado modelo de carro vira tendência entre os entusiastas e começa a pipocar pela internet. Você sabe que isto acontece. E a gente reparou que, por alguma razão, o Ford Escort está nessa fase.

Quer dizer, talvez a gente esteja viajando, e seja nossa admiração pelo Escort falando – cara, a gente já dedicou posts inteiros para a receita do Escort XR3, nosso clássico nacional, e também falamos das versões bacanas que a gente não teve no Brasil, com visual clássico, tração traseira e integral, motores sobrealimentados e um belo histórico nos ralis. Então, talvez a gente até esteja meio parcial, enxergando o Escort em tudo que é canto nos últimos tempos…

Quer saber? Que nada! E é por isso que a gente decidiu separar alguns dos Escort bacanas que apareceram ~na mídia~ por estes tempos, e também alguns dos que mais chamaram nossa atenção nos últimos anos. Aí, você vai concordar com a gente. Estamos falando de project cars específicos aqui, sejam carros particulares ou projetos de preparadoras/equipes de corrida.

E a gente não está sozinho: recentemente, o Escort tem ficado cada vez mais colecionável no Brasil: os exemplares originais e bem cuidados das gerações mais antigas já estão subindo de preço, em especial o XR3, hatch e conversível. Claro, a coisa não chegou no patamar dos Volkswagen, e as chances de achar um Escortinho inteiro por um preço bacana são mais altas do que as de achar um Golzinho nas mesmas condições.

O Escort Cosworth do Wheeler Dealers

Nada mais justo e apropriado que começar esta lista com o exemplo mais recentes. Você deve lembrar que Edd China deixou o programa Wheeler Dealers (“Joias sobre Rodas, no Brasil”) do canal Discovery Turbo, no início deste ano, por “questões criativas”. Com isto, a preocupação com a qualidade do programa era grande. China era o mecânico do programa – o cara responsável por realizar os consertos nos carros comprados e por explicar de-ta-lha-da-men-te cada conserto que fazia. Mike Brewer, o seu parceiro, era o cara das negociações.

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Dito isto, ao menos no que diz respeito aos carros em si, a qualidade continua. No primeiro episódio com o novo formato, os caras recuperaram um Escort RS Cosworth azul (um verdadeiro unicórnio nos Estados Unidos), dando a ele uma restauração completa e trazendo o quatro-cilindros turbo Cosworth YB a sua velha forma, com cerca de 230 cv que são transmitidos pada as quatro rodas. Vale lembrar que o Escort RS Cosworth é, em essência, um Ford Siera RS500 Cosworth com outra carroceria e tração integral – e é por isso que ele é o único representante da geração Mk5 com motor longitudinal. Os caras do Wheelers Dealers também decidiram incorporar uma terceira asa traseira ao design do hot hatch, simplesmente porque era possível.

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Se a gente estivesse a fim de fazer algo que não se deve fazer, diríamos que você pode assistir ao episódio na íntegra aqui, mas não estamos, e por isso não vamos fazer isto. Também diríamos que está sem legendas, mas tudo bem

Ah, sobre o novo mecânico, Ant Anstead (ex-“Fanáticos por Carros”): por mais que o segmento da oficina tenha perdido bastante destaque, a química entre ele e Brewer foi bastante elogiada pelos espectadores na época da estreia. E Edd China já disse que, por mais que ele e Brewer tenham se desentendido por conta da separação da dupla, os dois são adultos, vão continuar amigos e logo superarão isto.

 

O Escort “Cosworth” do Acelerados

Dizem que dá para contar nos dedos de uma mão a quantidade de exemplares do Escort RS Cosworth que vieram para o Brasil, mas isto não impediu o pessoal do Acelerados de criar sua própria “versão”. Há algumas semanas, eles pegaram o Ford Escort GL 1.8 de um fã, Rodrigo Souza, que estava levantando o carro da maneira que conseguia – cortando custos ali, consertando uma coisa de cada vez, situação pela qual muitos aqui já passaram.

Rodrigo tinha um Escort 1995 com estrutura e interior íntegro, mas precisava de alguns acertos em termos de mecânica e reparos estéticos. O carro recebeu um filtro esportivo Ford Racing; teve o trambulador consertado e a suspensão refeita, com amortecedores ajustáveis do tipo coilover; e toda a pintura foi refeita para reproduzir o Escort RS Cosworth que Rubens Barrichello acelerou nas Mil Milhas Brasileiras de 1994, em Interlagos. Naturalmente, a asa traseira de dois andares foi reproduzida em fibra de vidro.

O último vídeo publicado, há cerca de um mês, mostrando o desmonte do motor

O resultado é um carro com visual racer até interessante (e a cor Wimbledon White, original do catálogo do Escort RS Cosworth, caiu bem), mas ainda carente de alguns ajustes mecânicos. Atualmente, o carro está na oficina High Torque, e a preparação está sendo documentada em vídeo.

A parte mais bacana, porém, foi levar o carro até o autódromo Velo Città para a volta rápida com o Rubinho. Os caras colocaram Rodrigo o lado do piloto e é muito bacana ver os dois se divertindo juntos com o Escort – que não precisa de mais que 100 cv para arrancar gargalhadas até mesmo de quem conhece muito bem o Cosworth de verdade.

 

O Escort XR3 Mk3 do Márcio Fujii

Os nossos leitores das antigas, provavelmente lembra deste post, no qual nosso leitor Márcio Fujii contou como foi a experiência de ir conhecer o Pico do Jaraguá com seu Gol “GT” turbinado no primeiro dia de 2014. Desde então, muita coisa aconteceu. O Gol, por exemplo: o hatchback oitentista não existe mais, pois ficou destruído em um incêndio naquele mesmo ano.

Pois bem: já se passou bastante tempo, o Fujii comprou um Civic Si que já apareceu aqui no FlatOut algumas vezes, e nesta semana decidiu apresentar seu novo brinquedo, com o qual está há alguns meses. Trata-se de um legítimo Escort XR3 1985, movido por um motor 1.6 CHT de 83 cv. Fujii já começou a realizar alguns reparos e modificações, começando pelo acerto no carburador e no trambulador e e seguindo para a troca de alguns acessórios, como volante, bancos (que agora são os Recaro dos Escort XR3 dos anos 1990).

Por fora, Fujii também customizou o carro com elementos dos Escort RS 1600i europeus, como as faixas pretas no capô e os adesivos nas laterais. É só o início do projeto, mas é bacana saber que um dos parceiros do FlatOut desde o início encontrou outro velho carro novo para se encrencar.

 

O Escort Mk2 do Ken Block

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Ken Block foi O ASSUNTO da semana passada por causa de seu novo vídeo da série Gymkhana… ou melhor, Climbkhana, no qual subiu a montanha de Pikes Peak com seu Hoonicorn V2, um Mustang 1965 com motor V8 biturbo, 1.420 cv  e tração nas quatro rodas.

Está certo que o Hoonicorn é, na verdade, uma estrutura tubular com a carroceria obscenamente alargada de um Mustang hardtop, mas é este o estilo de Ken Block, não é? O Hoonicorn V2 é um monstro que combina com a pegada radical do Hoonigan.

Dito isto, há não muito tempo assim, Block acelerou um carro bem mais autêntico à frente das câmeras: um Escort Mk2 1978 com toda a pegada de um monstrinho de rali. O motor quatro-cilindros de 2,5 litros e 337 cv todo feito de alumínio é naturalmente aspirado e capaz de girar a 9.000 rpm. A força é levada para as rodas traseiras através de uma caixa sequencial de seis velocidades.

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O carro foi montado no Reino Unido pela Quick Motorsports, que cuidou de todo o trabalho de suspensão, e decorado pelos amigos de Block no QG da Hoonigan com pintura preto fosco e bandeiras dos EUA no capô e nos vidros traseiros. As rodas brancas são da Fifteen52, de duas peças, feitas sob medida, e calçam pneus Pirelli. O toque final fica pelo body kit exclusivo, com um novo para-choque dianteiro e enormes alargadores nos para-lamas, desenvolvido pela famosa companhia japonesa Rocket Bunny.

Na época (em outubro de 2015, dois anos atrás), Block prometeu uma nova Gymkhana com o Escort. Isto nunca aconteceu, mas de fato o piloto americano gravou um vídeo com ele.

 

O Escort MK1 com motor V8 Hayabusa

É claro que um pouco mais de ousadia nunca faz mal a ninguém. Ousadia do tipo “colocar um motor de supermoto em um carro leve, esperto e de tração traseira” é melhor ainda. E foi exatamente o que o dono deste Escort Mk1 fez. Quer dizer, o carro é composto por uma estrutura tubular sob uma carroceria de fibra de vidro que replica as formas do Escort Mk1, mas nem por isso é menos interessante.

A carroceria é fornecida por uma empresa chamada Old Ford Autos, que vende carrocerias de fibra de vidro para os Escort Mk1 e Mk2. Os painéis de porta têm estrutura interna e podem receber até mesmo vidros elétricos, enquanto os para-lamas podem ter o visual original ou ser alargados como nos Escort que competiam em ralis.

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O motor? Bem, a real é que ele não é “um” motor de supermoto, e sim dois: trata-se de um V8 Hayabusa, em essência formado por dois motores quatro-cilindros de Suzuki Hayabusa unidos pelo virabrequim, e mantendo as características que o perimitem girar a mais de 10.000 rpm com facilidade, como o virabrequim plano e o curso reduzido dos pistões. O motor é oferecido com deslocamentos entre 2,6 litros e 3,2 litros.

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No caso do Escort de Lloyd, trata-se de um V8 de 2,8 litros capaz de entregar 460 cv e 34,5 mkgf de torque, moderado por uma caixa sequencial de seis marchas Quaife 69G – esta, acionada por alavancas atrás do volante. A suspensão traz braços triangulares sobrepostos nas quatro rodas, e os freios são a disco da Wilwood com pinças de seis pistões na dianteira. Tudo isto em um carro com cerca de 700 kg que, como você deve imaginar, é devastador.lw27

Seu dono, o britânico Lloyd Wright, participa de provas de time attack – modalidade automobilística na qual os únicos rivais são você mesmo e o cronômetro. Como os carros não andam juntos na pista, regulamentos técnicos são mais liberais porque há menos risco de acidentes. E o resultado são setups brutais como este.

 

O Escort Mk1 com motor V8 SVT Cobra

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Um V8 Hayabusa é pequeno demais para você? “Quem gosta de motorzinho é dentista?” Pois então se prepare, porque Darren Whitfield, o dono deste Mk1 azul, tem um presente. Assim como o item anterior, este Escort traz bem pouco do Escort que foi um dia, guardando apenas a área envidraçada de um Escort RS Mexico, versão especial que celebrava a vitória do Escort Mk2 no London to Mexico Rally. O evento de quase um mês de duração começava em Londres, atravessava o Atlântico (de navio, é claro, e não rodando) e desembarcava na Colômbia, percorrendo nada menos que 25.400 km.

A carroceria de fibra foi moldada na garagem de Darren no Reino Unido, e chega a lembrar de leve um funny car de arrancada por conta de seu kit aerodinâmico e do formato dos para-lamas alargados, que chegam a cobrir parcialmente as rodas traseiras.

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o V8 do Mustang SVT Cobra desenvolve 310 cv e 41,8 mkgf de torque e é acoplado a uma caixa manual de quatro marchas. No Escort, o motor ainda foi preparado com corpo de borboleta oval, coletores de admissão e escape feitos sob medida, um novo sistema de gerenciamento eletrônico Emerald K6 e uma bomba de combustível Bosch 044. O resultado não é nada muito extremo, mas certamente garante fôlego extra: agora, a potência é de 340 cv, enquanto o torque é de 43 mkgf, aferidos em dinamômetro.

Darren ainda não aferiu todos os números de seu carro, mas garante que a velocidade máxima agora é um pouco maior. E, sendo consideravelmente mais leve — diríamos que o carro pesa menos de 800 kg —, o resultado é uma agilidade muito maior. Ainda que o visual inusitado do Escort divida opiniões, diríamos que este é um caso no qual “os fins justificam as formas”. A gente inventou este ditado agora.

 

O Escort RS Turbo “Red Carbon”

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Este a gente vai desenterrar. Se você já acessava sites e fóruns no fim da década passada, há chances de ter visto um tópico na comunidade britânica Passion Ford, com um Escort Mk4 vermelho bem invocado. É o Escort RS Turbo S2 Red Carbon. Ele pode ter um visual meio datado hoje, mas ao mesmo tempo tinha os upgrades mecânicos para justificar a sua aparência dicurrida (nota: também me fez nutrir uma simpatia muito grande pelo Escort Mk4, e jurar que ainda vou ter um. Isto, naturalmente, não aconteceu ainda).

Original de fábrica, o Escort RS Turbo S2 já é mais interessante do que qualquer Mk4 vendido oficialmente no Brasil. O motor é um 1.6 turbo com comando no cabeçote e 132 cv, capaz de levar o RS Turbo S2 – que também tinha câmbio exclusivo e diferencial com blocante mecânico.

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O projeto é criação de David Platt, membro do fórum Passion Ford que acabou criando um dos tópicos mais acessados da comunidade, descrevendo o processo de alívio do interior, preparação no motor (que recebeu um coletor de admissão mais eficiente, nova central eletrônica e novos turbocompressor e sistema de escape) e ajustes de suspensão. A potência é estimada em 230 cv.

O carro também tem componentes de fibra de carbono na carroceria e um cuidado especial com a estética: o painel de instrumentos customizado foi pintado com tinta preta eletrostática flocada, e até mesmo o motor ganhou uma nova pintura.

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David dedica sua vida ao Escort 1988, que é seu desde 1995 e foi o responsável por fazer seu dono aprender a soldar e moldar metal, e depois a trabalhar com fibra de carbono. O material aparece nas colunas, no teto, nos reforços estruturais do cofre, nas calotas do tipo “turbina” (inspiração direta nos ralis) e na asa traseira móvel que é uma réplica do spoiler do BMW M3 E30 de corrida. Falando nisso, o para-choque traseiro foi feito com a peça vinda de um BMW Série 3 E46 Sport.

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Os detalhes estéticos continuam impressionantes, mas ganharam um toque de classe difícil de conseguir. Os adesivos na carroceria parecem ter sido projetados por um designer profissional, e transmitem muito bem o quê oitentista do RS Turbo S2. As lanternas traseiras escurecidas caem como uma luva nesse caso. O interior ganhou um refinamento estético impressionante, e um banco do tipo concha da Corbeau, revestido em veludo cinza que combina com os bancos originais, é um belo toque, assim como a central multimídia no topo do painel. E, bem, o visual deixou de ser datado e passou a ser retrô. A diferença é sutil, mas existe.

O Escort RS Red Carbon apareceu até em capas de revistas de preparação da época e, há oito anos, já era algo belíssimo de se ver. Depois de dar uma desaparecida, o Escort de David foi tema de uma matéria do Speedhunters em setembro. E, meu amigo, como o carro evoluiu. Fiquei realmente impressionado com o “reencontro”, tanto que até mudei a pessoa e o tempo verbal do post. Foi mal, galera.

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Foto: Jordan Butters/Speedhunters

Antes de encerrar, vamos aproveitar a oportunidade para perguntar: que outros project cars matadores feitos com o Escort você conhece?