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Jeremy Clarkson dá sua versão de como a equipe do Top Gear foi expulsa da Argentina à força

Na semana passada algo impressionante aconteceu na Argentina na última quinta-feira (2), durante as gravações do especial de fim de ano do Top Gear na América do Sul: o trio de apresentadores e toda a equipe tiveram que fugir do país depois de serem hostilizados por parte da população, que os atacou com pedras, paus e tijolos. Agora, Jeremy Clarkson conta a sua versão da história. Se for verdade, tudo fica ainda mais absurdo.

Não faltam motivos para acreditar que Clarkson provocaria, sim, o argentinos: Jezza é polêmico e, em meio a acusações de racismo e ofensa a diversos grupos de estrageiros, sempre consegue provar que as coisas “não foram bem assim” e se safar. Só que, desta vez, a primeira coisa que Jeremy Clarkson fez ao deixar Buenos Aires e chegar ao Reino Unido foi esclarecer que não houve intenção alguma de provocar.

Ele diz, em sua coluna no Sunday Times, que antes mesmo de chegar à Patagônia, na Argentina, as placas do Porsche foram removidas quando um usuário do Twitter alertou que a combinação alfanumérica “H982 FKL” poderia esquentar os ânimos no país.

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Placa do Porsche no momento do apedrejamento era HI VAE, como visto no destaque acima

Quando chegamos na Terra do Fogo o carro não tinha nem placa na frente e um monte de letras sem sentido atrás”, ele esclarece. E deixa claro que, se fosse para irritar os argentinos, seria bem mais direto. “E não, não era W3WON. Teria sido se eu quisesse mesmo provocar“.

W3WON, ou we won — “nós vencemos”. É, parece mais a cara dele, mesmo.

E tem mais: aparentemente, os britânicos sabiam que a Guerra das Malvinas é como o Vietnã para os Argentinos, e que o povo jamais digeriu totalmente aquela derrota bélica e política. Por isso, estavam fazendo o máximo para não causar problemas em sua passagem pela Argentina e, na cidade de Ushuaia, foram bastante educados e comportados.

A gente estava posando para todas as fotos e dando autógrafos com muito prazer. Estava ensolarado. Tudo estava calmo. A gente estava até se referindo às montanhas como ‘radiantes’. Certamente não havia sugestão alguma de que tínhamos entrado no meio de uma guerra que, para nós, acabou há 32 anos”.

Acontece que isto não impediu que um grupo de manifestante se juntasse no pé das montanhas e deixasse claro que o Top Gear não era bem vindo ali. Apresentadores e equipe foram orientados a interromper as filmagens e ir para um hotel — onde, supostamente, seria mais seguro. Eles foram.

Imediatamente, uma aglomeração de manifestantes começou a se formar no estacionamento do hotel. Clarkson diz que foi nesta hora que as coisas começaram a ficar mesmo feias.

Um grupo de pessoas estava lá esperando. Eles disseram ser veteranos de guerra, o que me pareceu improvável, visto que a maioria estava na casa dos 20 ou 30 anos. (…) Richard Hammond, James May e eu corajosamente nos escondemos debaixo das camas dos quartos enquanto os manifestantes vasculhavam o hotel atrás de nós. O estacionamento estava ficando mais cheio. Mais deles estavam chegando. A coisa começou a ficar feia. O Twitter foi tomado com mensagens dos moradores locais. Eles queriam nosso sangue. Um deles disse que iria fazer churrasco de nós e comer a carne.”

A partir dali a situação tomou outra forma na visão de Clarkson. Para ele, não era uma questão de provocação — quando as autoridades pronunciaram-se dizendo que a segurança dos britânicos não estava mais garantida, Jezza chegou à conclusão de que tudo aquilo fora uma armadilha para a promoção política do governo.

Oficiais do governo então se pronunciaram, dizendo que não éramos mais bem-vindos na cidade, que nossa segurança não era garantida e que a gente dinha que sair da Argentina imediantamente. Fica claro que eles nos deram permissão para visitar simplesmente para fazer capital político nos ejetando assim que chegamos.

Sei que tablóides ingleses mal intencionados disseram que foi tudo minha culpa por causa da placa. Mas isto não foi nem mencionado na Argentina porque a placa em questão já tinha sido substituída. Não, eramos ingleses (fora um câmera australiano e um médico escocês), e aparentemente era uma boa razão para que o governo fizesse 29 pessoas passarem uma noite regada a ódio e tijolos voadores.

‘Olha só o que nós fizemos”, eles vão dizer nas próximas eleições. ‘Mandamos os ingleses para casa.'”

E ainda não acabou. Segundo o Daily Mail, as 29 pessoas a que Clarkson se refere são o resto da equipe — os três apresentadores conseguiram chegar a Buenos Aires e, de lá, pegar um voo de volta à Inglaterra. Os outros membros ainda foram perseguidos pela multidão e tiveram que fugir para o Chile por terra, em uma viagem de seis horas — durante as quais foram alvejados por mais tijolos, e duas pessoas ficaram feridas.

Ao chegar em Rio Grande, na Terra do fogo, os britânicos encontraram mais uma emboscada com cerca de 300 manifestantes. Para evitar novos ataques, eles fugiram a pé, deixando os carros (e milhares de libras em equipamentos) onde estavam, atravessando a fronteira com o Chile em um ponto remoto — e não havia nem uma estrada, e sim um rio, que foi cruzado de trator.

Clarkson diz que, ao longo destas seis horas, não teve nenhum tipo de contato com a equipe. “Não sabíamos se eles tinham sido pegos e se nossos amigos estavam vivos ou mortos. Foi uma longa noite.”