O ano de 2014 será excelente para quem quiser um supercarro “de entrada”: a Lamborghini apresentou o sucessor do Gallardo, seu maior sucesso até hoje, e a McLaren atualizou o já excelente 12C criando um intemediário entre ele e o P1. Lamborghini Huracán e o McLaren 650S estão no Salão de Genebra, e enquanto não podemos dizer qual deles é o melhor, vamos descobrir que armas eles usarão nessa nova disputa de supercarros.
Lamborghini Huracán
Ficamos até sem jeito de chamar o novo Huracán de Lamborghini “de entrada”, porque ele é, talvez, o carro mais avançado de Sant’Agata Bolognese. Nós destrinchamos todos os aspectos técnicos do Huracán neste post, mas não custa relembrar.
O motor é um V10 de 5,2 litros, com base no mesmo que equipava o Gallardo, mas retrabalhado para render 610 cv — por isso o sobrenome LP 610-4. O torque é de 57,1 mkgf. A potência máxima aparece aos 8.250 rpm e o torque, a 6.500 rpm. Com 40 cv a mais do que mesmo o mais potente dos Gallardo, o Huracán vai de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos — 0,2 segundos a menos do que o Gallardo LP570-4 Edizione Tecnica, e dois segundos a menos do que o Gallardo básico. Para acelerar até os 200 km/h, o Huracán leva 9,9 segundos. A velocidade máxima é de 323 km/h.
A potência vai para as quatro rodas através o novo câmbio de dupla embreagem e sete marchas, batizado de Lamborghini Doppia Frizione ou simplesmente LDF. Para se ter uma ideia, até o Aventador usa um câmbio com embreagem única. Não haverá câmbio manual, mas a boa notícia é que uma versão de tração traseira está nos planos.
O sistema de tração usa controles eletrônicos para distribuir o torque entre os eixos, levando 70% para as rodas traseiras e 30% para as rodas dianteiras. Esta relação padrão, porém, pode ser alterada a qualquer momento graças a um novo sistema chamado Plattaforma Inerziale, consistindo em um dispositivo posicionado no centro de gravidade do carro. Dotado de três acelerômetros e três giroscópios, o sistema ajusta todos os controles eletrônicos do carro e o câmbio para trabalhar de acordo com as condições do piso. A distribuição de torque pode variar entre 50-50 e até 100% para as rodas traseiras — tudo de forma automática.
Para frear o carro, discos de cerâmica são de série. O sistema de suspensão magnética ajustável, porém, será opcional.
O visual do Gallardo, apesar de atualizado algumas vezes, não conseguia mais esconder o peso da idade. O Huracán traz o baby-Lambo direto para 2014, e certamente permanecerá atual por muito tempo antes de precisar receber sua primeira reestilização. A carroceria moderna esconde uma estrutura de alumínio e fibra de carbono que pesa menos de 200 kg. Graças a ela, o Huracán pesa quase 100 kg a menos do que o Gallardo, ao mesmo tempo em que é mais rígido que seu antecessor.
O interior deu um salto gigantesco em relação ao Gallardo, com visual mais agressivo com leve inspiração aeronáutica, e um cluster de instrumentos que consiste em uma tela de 12 polegadas amplamente configurável. Não há nenhuma tela no console central, que em vez disso usa os bons e velhos botões físicos, que também estão no volante.
A Lamborghini pretende apresentar uma versão conversível já no ano que vem.
McLaren 650S
A primeira coisa que vem à mente quando se olha o McLaren 650S é: “cara, isso é um 12C com dianteira de P1!” Mas este carro é bem mais do que isso.
A proximidade entre o 650S e o 12C é evidente ao olhar para ele. Contudo, por baixo da carroceria, 25% dos componentes são totalmente novos. Posicionado entre o 12C e o P1, ele traz a proposta de ser mais potente, mais rápido e mais luxuoso do que o modelo de entrada. Logo de cara estarão disponíveis versões cupê e conversível — como o 650 é baseado no 12C, as duas carrocerias já estavam praticamente prontas. A McLaren diz que, graças à estrutura em monobloco de fibra de carbono, o conversível não exigiu reforços estruturais para manter a rigidez do cupê, embora o teto rígido retrátil tenha adicionado 40 kg aos 1.330 kg do supercarro.
Os dois compartilham o mesmo motor V8 biturbo de 3,8 litros que recebeu novos cabeçotes e pistões para produzir 650 cv a 7.250 rpm e 69,1 mkgf a 6.000 rpm. Esse potencial é moderado por um câmbio de dupla embreagem e sete marchas, que a McLaren diz ser ainda mais rápido do que o do 12C, o 650S vai de 0 a 100 km/h em três segundos cravados e chega aos 200 km/h em 8,4 segundos, com máxima de 333 km/h. O conversível leva 0,2 segundos a mais para atingir os 200 km/h, e chega aos 331 km/h.
Quando dizemos que o interior é mais luxuoso do que o 12C, nos referimos não só ao acabamento, mas também aos recursos. Tanto o ar-condicionado quanto o sistema de som Meridian de alta fidelidade são automáticos, e compensam as variações de temperatura e ruído com o acionamento da capota. Revestimento em Alcantara domina a cabine e pode ser adicionado também ao volante — de série, a forração do volante é de couro.
Outras novidades foram espalhadas pelo carro. O freio aerodinâmico, antes ativado sob frenagens em alta velocidade ou manualmente, agora age sempre que o carro detecta a necessidade de uma carga extra de downforce.
Se a dianteira é bem parecida com a do P1, com os faróis que remetem ao logo da McLaren, a o resto do carro permanece bem parecido com o 12C, mas com novas entradas de ar na lateral e um difusor traseiro parecido com o que existe no McLaren 12C GT3.
O plano inicial da McLaren é ter o 12C como modelo de entrada, o 650S como intermediário e o P1 (que já teve todas as suas 375 unidades vendidas) como topo de linha.
Enquanto o McLaren 650S tem mais desempenho do que o Huracán — mais potência, velocidade máxima 10 km/h mais alta, menor tempo de 0-100 e 0-200 km/h e já estará disponível na versão conversível, o Huracán traz o apelo de ser um modelo totalmente novo. E, como modelo básico, seu potencial definitivamente ainda precisa ser explorado — nos próximos anos certamente veremos edições especiais Superleggera mais potentes e mais leves, e possivelmente até com tração traseira (que o 650S já tem).
De qualquer forma, estamos ansiosos para os comparativos que vão aparecer nos próximos meses.