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Legacy Power Wagon é a picape restomod que você sempre quis – com um V8 supercharged de 593 cv!

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Dodge ficou encarregada de produzir veículos para o exército americano. A chamada WC Series compreendia diversos tipos de utilitários — ambulâncias, picapes de transporte, veículos de reconhecimento e outros —, todos construídos sobre o mesmo chassi e compartilhando motores e peças da carroceria.

Robustos e simples ao extremo, os utilitários da WC Series eram quase tratores, com eixo rígido na dianteira e na traseira, pneus grandes e garrudos e linhas arredondadas.

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Fabricados entre 1941 e 1945, os veículos mostraram seu valor a serviço dos EUA e, como era comum entre os utilitários da época (basta lembrar do Jeep CJ, que seguiu um caminho parecido), acabaram ganhando uma versão civil que ficou conhecida como Power Wagon.

Mirando nos trabalhadores rurais e empresas que precisassem de veículos de carga, a Power Wagon nunca foi uma picape confortável — com exceção da cabine totalmente fechada e das novas cores, ela ainda era, em essência, um veículo militar. No entanto, o robusto seis-em-linha de3,8 litros com válvulas integradas ao bloco, a caçamba de 2,43 metros e a suspensão indestrutível eram tudo o que seu público alvo precisava.

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Existem exemplares da Power Wagon que jamais deixaram de trabalhar desde que foram fabricadas, o que diz muita coisa a respeito de sua durabilidade — ainda que a Power Wagon tenha sido produzida até 1980. E há quem lamente seu fim até hoje.

Para estes caras, no entanto, há esperança: uma empresa americana chamada Legacy Classic Trucks está trazendo às Power Wagon de volta à vida, e da melhor forma possível: conservando suas linhas e sua resistência, porém adicionando mais potência e conforto. Afinal, qualquer um pode ir a uma concessionária uma Ram (antiga Dodge Ram) novinha, mas qual é a graça nisso?

O trabalho da Legacy Classic Trucks, que fica na cidade de Jackson Hole, Wyoming, começa com busca por um exemplar de chassi íntegro. Não importa se a pintura está lastimável, carroceria está cheia de pontos de ferrugem ou se o motor já morreu há décadas: o importante é que o chassi esteja em boas condições. Porque a Legacy fabrica todo o resto do zero, e equipa suas picapes com motores bem mais potentes que o original — que era capaz de levar a picape até os 80 km/h, no máximo.

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A picape que ilustra este post, por exemplo, foi encontrada em uma fazenda, coberta por vegetação e sujeira. Ela foi fabricada em 1947 e comprada pela cidade de Breckenridge, no Colorado, para ser usada como limpa-neve. Trinta anos depois, em 1977, uma empresa de construção civil a utilizou por mais dez anos como veículo de carga antes de aposentá-la. Desde então, ela ficou parada — até que a Legacy a encontrou..

A única parte mantida original é o chassi, que passa por uma restauração e completa — quaisquer danos causados pelo tempo e pelo uso são eliminados, a estrutura é repintada e recebe novos componentes de suspensão, sempre da melhor qualidade. A Legacy, então, instala uma nova carroceria. Eles são capazes de fabricar quaisquer componentes necessários — pára-lamas, capô, cabine, tudo mesmo —, com exceção da caçamba, que é fornecida por uma companhia em Detroit.

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O detalhe: enquanto a cabine da Power Wagon original era simples, apertada, frugal e servia mais para que os ocupantes não ficassem expostos aos elementos, as picapes feitas pela Legacy são bem superiores, do ponto de vista prático. Para começar, mesmo a cabine simples é mais longa, a fim de oferecer mais espaço interno. Além disso, existe a opção por uma cabine estendida, permitindo que se leve objetos atrás dos bancos, ou dupla, com quatro portas e espaço para mais três pessoas.

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No caso da cabine estendida, o metal extra é fornecido por picapes mais novas, enquanto as janelas traseiras curvas (para melhorar a visibilidade) vêm de caminhonetes dos anos 50. A versão de cabine dupla é a mais trabalhosa, pois exige que duas cabines simples sejam emendadas, e pode demorar até 600 horas para ser concluído.

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O maior barato é que, além de mais espaçosas, as cabines refeitas são muito mais confortáveis. Em todas as versões, a picape recebe isolamento acústico e térmico (algo simplesmente inexistente na Power Wagon original); novo sistema de direção, muito mais preciso e com assistência hidráulica; ar-condicionado, aquecedor e descongelador e instrumentos novos, porém com visual clássico, iluminados por LEDs.

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O visual é complementado pelo volante Nardi, pelos carpetes de Mercedes-Benz e pelo revestimento de teto, feito de microfibra, da Porsche. Os bancos são do Cadillac Escalade, com ajuste de altura e distância e aquecimento, revestidos com couro italiano. A Legacy garante que o conforto e a sensação ao volante não devem em absolutamente nada a uma Ram moderna, com a vantagem de se estar em um veículo de visual clássico muito próximo ao original.

No entanto, a mudança mais importante está debaixo do capô. São três as opções de motor. A primeira e mais popular é pelo V8 Chevrolet de 6,2 litros — crate engine vendido pela própria Chevrolet, aspirado ou com compressor mecânico. No primeiro caso, são 436 cv e 58 mkgf de torque e, no segundo, 593 cv e 80,2 mkgf de torque. Considerando que a versão de cabine simples pesa 2,9 toneladas, o tempo de 0-100 km/h em 6,2 segundos e a velocidade máxima superior a 160 km/h proporcionados pelo motor supercharged impressionam.

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Para quem precisa de torque, há a opção por um motor turbodiesel Cummins de quatro cilindros, 3,9 litros e 170 cv, com 69,1 mkgf de torque já a 1.600 rpm. Por fim, se você acha que uma Power Wagon com motor Chevrolet é heresia, pode escolher um Hemi 426 (sete litros) de 435 cv e 69,1 mkgf de torque. Os motores Chevrolet usam transmissão automática de quatro marchas, e quanto o Cummins e o Hemi são acoplados a uma caixa manual de cinco marchas — em ambos os casos, com tração integral e reduzida.

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Todos os motores são muito bem tratados pela Legacy Power Wagon, que recebe um novo sistema de arrefecimento superdimensionado e, no caso do V8 supercharged, um radiador de óleo em uma caixa na caçamba. Na versão com motor a diesel, esta caixa dá lugar a um tanque de combustível de 190 litros. É ou não é a receita perfeita?

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O mais impressionante é que, apesar de serem, em tese, veículos de trabalho, as Power Wagon da Legacy são feitas artesanalmente e recebem acabamento de altíssimo nível. O que, somado ao extensivo trabalho de engenharia, acaba deixando o produto final não exatamente acessível: a versão de cabine simples parte de US$ 185 mil (o equivalente a quase R$ 720 mil em conversão direta). A cabine estendida eleva seu preço para US$ 225 mil (R$ 870 mil), enquanto a cabine dupla te faz pagar US$ 250 mil (R$ 970 mil). Pois é — quase um milhão de reais por uma picape!

Para ficar melhor (e mais caro) do que isso, só transformando uma Power Wagon em uma casa…