Fala Galera! Estou um pouco atrasado, é a minha primeira postagem desse 17º ano que estou com o Maverick. Então um ótimo (resto de) 2017, um excelente 2018 que está chegando e vamos lá!
Vamos à sexta e última parte da saga do Ford Maverick que começou a ser restaurado, ficou nove anos parado, andou e voltou para a funilaria. Recapitulando, na quinta parte da história, contei que embora mecanicamente tivesse ficado ótimo, o carro estava bem ruim de aparência, o que me obrigou a encostá-lo de novo para nova funilaria, dessa vez, como ele merece.
Como expliquei no último post, não tinha vontade nenhuma de montar o interior, os vidros, frisos e detalhes do carro, sabendo que ia ter que desmontar tudo de novo, pra refazer a funilaria.
Em fevereiro de 2013, finalmente resolvi encostar o carro na oficina do Marcio Sabatine, a Garage 236, na Mooca.
Sem desmontar ele todo de novo, pois assoalho e cofre estavam prontos (que eu mesmo pintei no meu sítio, conforme relatei no Post 4) tirei tudo que pude mas deixei a mecânica no lugar, pra poupar trabalho e manter o carro funcionando durante a restauração. O prazo pedido pelo Márcio foi de 6 meses, mas como vocês vão ler logo mais, sempre tem alguma surpresa que atrasa o serviço…
Conforme falei, estava reformando um apartamento recém comprado e tocando a restauração do Maverick junto. Minha esposa não tinha como ajudar na “gestão da obra” pois estava trabalhando em outra cidade, então sobrou todo o trabalho pra mim mesmo…
O Márcio, dono da funilaria, fez um vídeo meu, chegando lá de noite pra entregar o carro e no post anterior acabei confundindo os links. Não dá pra ver muita coisa, mas é interessante por ter registrado o “acontecimento”.
Bom, chegando lá começou a decapagem da carroceria. Tirando o teto, um pouco ondulado, o resto (laterais) era novo. Deu uma dó ver todo o material e mão de obra pagos com tanto sacrifício, inclusive o polimento que fiz, virando pó literalmente, mas era necessário.
Quanto às portas e paralamas, foram enviados ao jato de areia, pra serem decapados por completo e analisados.
Voltando do jato, as folhas das portas se mostraram muito ruins. A estrutura estava perfeita, mas as folhas muito onduladas. Os paralamas também. Resquícios da época em que esses carros não valiam nada e os reparos, quando feitos, era de maneira bem porca e com muita massa.
O funileiro me pediu novas peças, mas no caso dos paralamas, só existiam em fibra. As folhas de porta ainda são fabricadas pela Estribex, aqui em São Paulo, no Bairro da Barra Funda. Encomendei-as e também uma caixa de ar, que o Márcio cortou em 2 pedaços, pra usar onde era necessário, dos 2 lados do carro.
Esse trabalho de troca das folhas de porta, atrasou o serviço. Porém, deu gosto de ver ele sendo realizado. As portas ficaram como novas.
O que me chamou bastante a atenção, foi a parte onde vai parafusada a maçaneta externa, o furo do miolo de chave e o “bico” dianteiro da porta, que o Márcio recortou da folha antiga e “costurou” na nova. Nada de “CTRL+C CTRL+V”, um trabalho de artesão. Muito foda!
Esses meses foram uma correria danada, restaurando carro e reformando apartamento.
Acabou o ano de 2013, obra do apartamento estava no fim e nada do carro. Mas, com todo esse trabalho extra e imprevisto, era esperado que a entrega fosse atrasar mesmo. Paciência…
Nesse meio tempo e já que o carro estava parado, mandei restaurar o tanque de combustível.
Também comprei um parachoque traseiro bom, só precisando de cromo e restaurei as “picaretas” ou batentes dele. Comprei parafusos e porcas de inox novos pra tudo e inventei uma luz de placa com uma caixinha de frente de rádio, já que não tinha a original…Criatividade é tudo…hehehe
Quanto aos paralamas são um capítulo à parte…como eu disse, não existem novos e foi preciso recuperar os antigos. Porém, as peças estavam muito ruins, o que obrigou a realização de uma “colcha de retalhos” com eles. Foram cortados e ressoldados, pacientemente, até chegarem no formato mais próximo ao original. Depois, tudo foi lixado e preenchido com solda. Na hora do acabamento, o Marcio teve problemas e ficou sem mão de obra, que é muito difícil nesse tipo de serviço. Duas pessoas diferentes colocaram as mãos nos paralamas, gastaram um monte de material e o resultado não ficava bom. Nessas horas que se vê a diferença entre restaurar um carro no Brasil e em um país com tradição nesse ramo, como os EUA. Lá, teria comprado os paralamas novos, de qualidade e com certeza, a um preço justo. E não teria passado pelo que relato a seguir.
Por fazer serviços em carros comuns também e pela rotatividade da mão de obra, o Marcio ficou sem mexer no meu carro, que inevitavelmente acabou encostado. O tempo foi passando e meu stress aumentando. Tinha deixado o carro em fevereiro de 2013, estava quase no fim de 2014 e nada! Aí começou a acontecer o inevitável e o que tentei a todo custo evitar: Tudo começou a se deteriorar. A bateria, nova, acabou arriando por conta do pouco uso. O Marcio parou de ligar o carro. A suspensão que tinha sido toda desmontada, jateada e pintada, peça por peça, estava começando a oxidar. A parte elétrica que com tanto custo botei pra funcionar, idem. O carro estava imundo, por dentro e por fora, sem os vidros pra proteger. Ia fazendo visitas periódicas à oficina, mas o progresso era lento, pra não dizer imperceptível. Comecei a me arrepender de ter deixado o carro, pois estava vivendo o mesmo pesadelo, pela segunda vez…
Até que lá pra outubro/novembro, após demitir outro funileiro, o Márcio contratou o Ito, um profissional de mão cheia. Ele começou a lixar os paralamas e as formas foram aparecendo.
Acabei pegando o carro em dezembro, 1 ano e 10 meses após ter deixado. Aproveitei a semana do Natal de folga no trabalho, afinal, não teria presente melhor do que poder pegar meu V8 e andar por aí, finalmente com uma aparência decente. No dia 20/12/2014, fui lá com lanternas, rodas, parachoques, bancos dianteiros, faróis, aros de farol, piscas, placa e mais alguma coisa que não lembro. O tanque e os vidros dianteiro e traseiro já estavam na oficina. Cheguei de manhã cedo e enquanto eu ia montando, o Ito ia polindo a pintura. Até o fim do dia tinha montado o carro, ou pelo menos, tudo que eu precisava pra chegar até em casa, assim pensei…
Tinha trocado óleo e filtro uns dias antes, na oficina mesmo. Saí de lá bem à noite, eram umas 21:00 já. Parei no posto pra abastecer e uma surpresa: A bóia do tanque vazou…E bastante!! Pensei em ir assim mesmo, que se foda, amanhã em casa eu veria isso. A essa altura o celular já estava sem bateria, era noite, eu, imundo, todo dolorido, quebrado de ficar o dia todo montando o carro….Resolvi então, a contragosto, voltar pra oficina e deixar o carro até o dia seguinte. Fui pra casa meio frustrado mas depois descobri que fiz certo. Depois vi que na pressa de ir embora, a mangueira de combustível estava velha, meio rachada e encostada no escapamento! Acho que a volta não ia ser muito legal se tivesse insistido…
Cheguei cedo lá no dia seguinte. Tirei a bóia e refiz a vedação e eliminei o vazamento. Redirecionei a mangueira do tanque. Ao terminar o serviço, liguei pra minha esposa que foi até lá no carro dela e me acompanhou até o posto novamente. Enchi o tanque e mesmo assim ainda pingava um pouco. Fomos assim mesmo, até a chegada em casa. Quase lá, encontramos meus amigos que estavam mais uma vez na expectativa e tiramos algumas fotos. Fui montando o resto do carro. Coloquei o carpete, os bancos.
Nesse ano, finalmente, após muitas expectativas frustradas, consegui ir no Maverick Night com ele! E pra minha surpresa, meu carro foi escolhido pra desfilar!!
Pena que estava com as rodas pretas, pois eu já tinha vendido as Mangels direcionais e os pneus Kumho 235/60, pra comprar mais 2 jogos de rodas, também Mangels cromadas e um jogo de pneus BFGoodrich Radial T/A, meu sonho de consumo desde sempre, na medida 255/60 15 (traseira) e 225/60 15 na dianteira, mais adequados ao carro. Estavam fazendo uma “liquidação” de rodas antigas e comprei todas! Só que agora, ao invés de ter as 4 iguais, tala 7,0”, como antes, as dianteiras continuam nessa medida, mas na traseira uso 2 tala 8,0”.
Aí um belo dia no serviço meu pai me liga e diz “tenho uma notícia não muito boa..” Pronto, o coração quase saiu pela boca, achei que era algo com a saúde dele. Mas um vizinho do prédio tinha conseguido bater no meu carro dentro da garagem, embaixo da capa…Inacreditável!!! Não sabia se ficava aliviado pelo meu pai ou puto pelo carro. O seguro do vizinho pagou, o Maverick voltou pro funileiro. Antes de voltar, obviamente, tirei todo o interior (de novo!!!!) o carpete, bancos, maçanetas….Ficou mais 1 mês na oficina…Aproveitei pra retirar as faixas adesivas do Maverick GT fase 2, já que não tinham dado um contraste legal com a cor do carro e tinham ficado muitos anos guardadas e perdido um pouco da cola. Achei melhor deixar sem.
Quando o carro voltou (outra vez) pra casa, lavei o tanque, montei o interior (espero que pela última vez) refiz a linha de combustível com mangueiras lonadas de alta pressão e um pré filtro dentro do tanque, troquei as rodas pelas que tinha adquirido, junto com os ótimos pneus BFGoodrich.
Aprendi a desmontar e limpar o Quadrijet, coloquei o câmbio Tremec T5 (5 marchas) do Mustang 1993, outro upgrade que sempre quis, na oficina do Arthur Graxa, que me filmou saindo da oficina. No vídeo abaixo, dá pra ter uma ideia de como ficou a aparência do Mavecão:
Mandei restaurar a grade dianteira com o meu amigo Mauricio, o mesmo que restaurou os forros de porta de outro projeto que estou tocando em paralelo, um Del Rey Ghia 2.0 injetado, outro projeto que sempre quis fazer e por acaso peguei e também virou PC aqui no FlatOut!.
Comecei efetivamente (e finalmente) a usar o carro, além do Maverick Night, fui a eventos e fiz alguns passeios com os quais sempre sonhei, Maverick Power Tour até Aparecida do Norte/SP, Corrida Maluca, Caixa Dágua da Vila Mariana, Muscle Tour…
Em 2016, voltei até Piedade/SP no Encontro anual de antigos, promovido pelo Ronco Automóvel Clube. Isso mesmo, a cidade onde, nas mãos do funileiro Noel (Caprichadinho) esse carro começou sua história comigo, 17 anos atrás. Foi muito emocionante fazer aquela estrada entre São Paulo e Piedade de Maverick. Chegando lá, colocaram meu carro em destaque, em cima da praça! Foi muito legal, principalmente por que voltei com o grupo “Maverick no Rolê” do whatsapp, um grupo de donos de mavecos, que se incentivam e ajudam com o objetivo de manter os carros sempre rodando por aí.
Pude pegar estrada duas vezes rumo ao Box 54, a primeira no “NUTZ DAY”, estreia do mega documentário “NUTZ”, do meu amigo Dino Dragone (obrigatório para GearHeads como nós).
A segunda vez foi no encontro de Project Cars idealizado pelo pessoal aqui do FlatOut, o Sunset Meet. E o PC 292 representou bonito, mesmo com a chuva!
Foi indescritível a emoção de ver ao vivo os carros cuja história acompanhei por aqui, trocar ideias e informações sobre uma diversidade enorme de culturas, com os outros FlatOuters, num lugar tão bacana quanto o Box 54, que parece um parque de diversões pra nós maníacos. As imagens, vocês conferem aqui.
Fiz outro passeio épico: desci a Estrada Velha de Santos/SP!! Ela também é chamada “Caminho do Mar”, liga São Paulo a Santos e o caminho que até algumas décadas atrás, era uma opção normal de descida. É difícil acreditar que há alguns anos, ônibus e caminhões dividiam essa estrada com Galaxies, Dodges e afins…É algo que consegui riscar da minha lista de coisas pra fazer nessa vida antes de morrer. O mais legal é que minha esposa desceu dirigindo ele e, depois de chamar a atenção pelo fato de ser uma menina num mavecão V8 (eu fiquei quieto e fingi que o carro era dela), foi difícil tirá-la do volante pra poder dirigir na subida…
Fui em três edições do Muscle Tour (que o FlatOut cobriu e fez fotos magníficas, que você vê aqui).
Na última, que aconteceu no dia 22/10/2017, tive inclusive a honra de, em meio a tantos carros fabulosos e cinematográficos, ter a imagem do meu singelo Maverick, registrada pelo FlatOut no evento anterior, escolhida para o material de divulgação e estampada nas camisetas do passeio!
Ah, ia esquecendo, meu carnaval desse ano foi animado! Participei de um Track Day, o “Race Wars” em Interlagos e de V8!! Outro sonho realizado!! E foi logo após instalar a barra estabilizadora traseira original, que entrou no rolo do câmbio 4 marchas.
Pior é que tinha acabado de voltar de um passeio até Ibiúna/SP. Na volta, peguei a Rodovia toda parada, num calor de 40 graus! O carro não ferveu mas a ventoinha ficou ligada direto e quando cheguei em SP, o radiador de cobre abriu o bico. A solução foi fazer um remendo com durepóxi e ir pra pista, no dia seguinte.
A pista exige demais do carro e pude colocar à prova todo o sistema de suspensão. A barra recém instalada, impede que o carro se incline demais nas curvas, além de distribuir a pressão dos pneus traseiros no asfalto, de forma mais homogênea. Funcionou muito bem, o carro ficou bem na mão, o tempo todo. Os pneus também ajudaram bastante. Já os freios falharam na segunda volta. Mas por causa somente do fluido DOT 3…Totalmente inadequado, até pra rua. O carro se comportou muito bem!! Não quebrou, não ferveu e não bati…Está ótimo!!
Mas o remendo no radiador não aguentou e mandei fazer um todo de alumínio e gigante. Comprei também uma ventoinha de Tempra, conselho do Arthur Graxa. Ainda não instalei, mas pelo tamanho dela, acho que meus problemas de temperatura estão resolvidos.
Enfim, galera, 17 anos depois, tem assunto pra mais uns três posts pelo menos… mas posso dizer que finalmente estou curtindo o carro como imaginei que faria um dia. Consigo ir e, mais importante, voltar dos passeios, encontros e mesmo usar ele no dia a dia, pois eventualmente fica sendo meu carro de uso. Vou no mercado, viajo, vou até o trabalho com ele…
Recentemente passei ele no dinamômetro. Com acerto de ponto e carburação só “no ouvido”, deu 215 cavalos de motor a 5.100 RPM (não tive coragem de esticar mais) e 33kgfm de torque, com o Holley 600 e 208 cv com os mesmos 33kg de torque, usando o Holley 390, só que com uma curva de potência e torque bem mais favorável, além do menor consumo, perceptível. Resultado é que eu vou voltar pro carburador de 390 cfm, pois a pequena diferença de potência, não compensa o aumento de consumo. E futuramente, vou mesmo instalar uma injeção eletrônica.
O Maverick ainda não está 100% pronto, mas ficou confiável e em nenhum desses passeios me deixou na mão. Ainda faltam alguns detalhes, os frisos de parabrisa e vidro traseiro que o Biu Old Parts restaurou pra mim e estão guardados ainda,
a ventilação interna e a parte elétrica, que está sendo totalmente renovada. Também já comprei outros upgrades, que estou esperando ter tempo pra instalar, como par de coletores dimensionados curtos, tanque de polietileno da CLA, o conta giros do GT que espero colocar em breve também, botões de painel em alumínio billet da marca Performance V8, bomba elétrica de combustível e quem sabe futuramente, injeção eletrônica! Enfim, como dizem os “Rodders”, um Hot nunca fica pronto. Então quem sou eu pra quebrar essa tradição?
Portanto, posso dizer que realizei meu sonho.
Pra quem quiser continuar acompanhando a saga do Mavecão, ele tem sua própria conta do Instagram. Lá vocês podem ver fotos atuais e algumas antigas inéditas. Fiquem à vontade pra me adicionar! O nome é @myfordmaverick.
Obrigado a todos que acompanharam! E principalmente todos que de alguma forma me apoiaram nessa longa empreitada. Sejam família, amigos, profissionais, ou amigos/profissionais! Seria injusto eu começar a citar alguns aqui e esquecer de outros, então encerro dizendo isso: Nunca, mas nunca mesmo, desistam dos seus sonhos! Um dia você chega lá. De alguma maneira, você chega lá! Podem acreditar, meu carro está aí, nas ruas, pra provar que nenhum projeto é impossível e todo carro tem salvação, basta dedicação, amor, tempo e um pouco de dinheiro!
Por Leo di Salvio, Project Cars #292
Uma mensagem do FlatOut!
Leo, é sempre muito legal ver um projeto sendo concluído — especialmente nestes tempos em que a economia do país esfriou e colocou tantos projetos na geladeira. Melhor ainda é ver seu Maverick rodando por aí, sendo usado como um Project Car merece. Parabéns!