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Merc9, o ex-Nascar que se transformou em um monstro devorador de curvas (com um V8 de nove litros!)

Sabe o que deve ser melhor do que construir um carro de corrida? Pegar um carro que já competia no passado e trazê-lo de volta à vida. Dizemos isto porque este absolutamente insano Mercury Cyclone, que competiu na Nascar nos anos 1970 e hoje acelera em corridas para carros antigos. Acontece que, de antigo, ele só tem mesmo o visual e o apelo — há um V8 de 555 pol³ (nove litros) construído pela John Kaase Engines e tudo o que há de mais moderno em termos de chassi. O resultado é o Merc9, um carro de corrida que destroça crânios, para colocar de forma suave.

Primeiro: que carro é este? Estamos falando de um chassi tubular que corria na Nascar na virada da década de 1970, usando uma carroceria de Ford Torino. Matt Robinson, atual dono e piloto do carro — e participante regular de corridas de turismo desde a década de 1990 — não conseguiu encontrar muita coisa a respeito do carro.

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Sabe-se que, na época, o dono do carro era um cara chamado John Nissen, e que ele era pilotado por outro cara, de nome J.C. Danielson. Eles não conseguiram resultados muito expressivos e nem entraram para a história, mas é fato que eles participaram da categoria Grand National West da Nascar na década de 1970 — ou seja: estamos realmente falando de um carro de corrida das antigas.

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Acontece que mais de 40 anos passaram desde sua concepção e muita coisa, muita coisa mesmo, mudou. Agora, o ex-carro da Nascar faz curvas para todos os lados, e não apenas para a esquerda. E ele agora parece mais uma máquina pós-apocalíptica de Mad Max do que uma bolha de stock car. Só isto já seria motivo suficiente para que ele aparecesse aqui. Mas não é só isto.

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A carroceria de Torino foi substituída por outra, vinda de um Mercury Cyclone 1971 — de acordo com o site do Merc9, por questões de aerodinâmica. É com esta carroceria que o carro está até hoje — claro, com diversas modificações ao longo do tempo. Diversos componentes foram substituídos por fibra de vidro, incluindo os para-lamas alargados. No entanto, quase todas as formas originais do Mercury de rua foram preservadas. Uma gigantesca asa traseira e um enorme spoiler na dianteira, aliados aos enormes pneus slick e à pintura dão um aspecto ainda mais maléfico ao Merc9 e ainda o mantém colado no chão.

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Aliás, o carro se chama Merc9 porque usa uma carroceria de Mercury e um V8 de nove litros. Simples, não? O V8, feito pela John Kaase Engines — especializada em motores de altíssimo desempenho, entrega cerca de 800 cv. É muita potência para um carro de turismo, mas estamos falando de um muscle car de corrida que pesa mais de duas toneladas. E, cara, que carro rápido!

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Laguna Seca, setembro de 2014

Todo o trabalho de transformação ficou a cargo de Stewart Hall, da Hall Fabrication & Racing, que incorporou reforços estruturais ao chassi tubular (o que ajuda a explicar o peso do carro), refez todo o sistema de suspensão e instalação do conjunto mecânico, além de adaptar todos os sistemas do carro para os padrões modernos. Assim, a transmissão é uma caixa sequencial Weismann de cinco marchas, a suspensão usa braços sobrepostos e amortecedores ajustáveis da Naake Suspension Specialists — coisa fina, diga-se.

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O interior do carro mostra bem seu espírito. Nada é muito organizado, há fios, cabos, botões e seletores por todos os cantos e, pela estrutura tubular visível, dá para imaginar a resistência do chassi. No entanto, o que mais impressiona é o sistema de escape, cujos tudos saem do motor, passam ao lado do motorista e desembocam nas saídas laterais.

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Desde sua concepção, o chassi do carro traz o motor bastante recuado e deslocado algo entre 15 e 20 cm para o lado do carona — algo feito para melhorar a distribuição de peso na época da Nascar, compensando a inclinação da pista. Aparentemente o arranjo também é bastante eficiente em circuitos não-ovais, como mostra este vídeo gravado em Sonoma Raceway, na Califórnia.

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Você imaginou, algum dia da sua vida, que um muscle car de 2.000 kg seria capaz de acompanhar um carro de Fórmula 1? Pois é: trata-se de um McLaren que, segundo a Merc9, foi usado por Alain Prost na década de 1980.

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O carro participa de competições para carros de corrida aposentados (nada muito diferente da Historic Trans-Am, por exemplo) pelos EUA já há algum tempo. Há fotos do Merc9 de quando ainda não era Merc9, acelerando em Laguna Seca há mais de 15 anos.

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Ainda que, infelizmente, não existam registros em vídeo de todas as suas épocas, é muito bacana ver a transformação pela qual o Merc9 passou ao longo do tempo — ele continua sendo um carro de corrida das antigas, mas ganhou potência e selvageria. Não dá para achar isto ruim.

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