AMG Vision GT
Quando surgiram os primeiros rumores de que a Mercedes-AMG está desenvolvendo um esportivo de rua com powertrain de Fórmula 1, ficamos um tanto céticos sobre a parte do powertrain de Fórmula 1. Se você der uma olhada na notícia que publicamos na época, verá que dissemos se tratar de um powertrain “inspirado” naquele usado pela equipe de F1.
O motivo era simples: motores de Fórmula 1 usam componentes de altíssima precisão, feitos com materiais exóticos que exigem pré-aquecimento antes da partida (veja como eles são preparados neste post) e costumam durar pouco. Além disso, eles usam volantes inerciais ultra-leves (por isso morrem com facilidade) e, para girar além das 12.000 rpm, têm sua lenta na casa das 3.000-4.000 rpm — mesmo equipados com turbos. Além disso, eles não precisam usar catalisadores, nem atender a níveis de emissões estabelecidos por leis altamente restritivas.
Mesmo assim a Mercedes-AMG anunciou nesta última quarta-feira (28) que irá realmente produzir um hipercarro com “o powertrain inteiro do atual carro de Fórmula 1”, ou seja: um V6 turbo de 1,6 litro auxiliado pelo MGU-K, que converte energia mecânica e térmica em energia elétrica, e o MGU-H, que usa o fluxo dos gases de escape para produzir energia elétrica.
O chefe da AMG, Tobias Moers, diz que o modelo terá um pouco menos de potência que a atual especificação da Fórmula 1, que já esbarra nos 1.000 cv. “Nosso motor de F1 é muito mais durável do que as pessoas imaginam, e se você comparar o regime de uso em uma corrida de F1 com o modo que ele será usado nas ruas, irá perceber que temos pouco trabalho a fazer”. O maior desafio será adequar o motor às normas de emissões e ruídos e encontrar um câmbio para ele.
Apesar do otimismo de Moers em relação à facilidade de adaptação do powertrain da Fórmula 1, continuamos um tanto céticos quanto a esse plug ‘n’ play que ele sugere. Nosso palpite é que o modelo use uma versão mais “mundana” do V6 1.6 e dois turbos em vez de apenas um.
Por outro lado… seria ótimo estarmos completamente enganados sobre o powertrain do hiper-Merc.
O esportivo será um cupê de dois lugares com portas asa-de-gaivota baseado em um monocoque de carbono. O motor, logicamente, ficará na porção central-traseira do chassi. A suspensão poderá ser desenvolvida pela Lotus, que já trabalhou com a Mercedes-AMG anteriormente, mas a fabricante alemã não disse nada a respeito.
Embora a AMG ainda não tenha produzido um protótipo funcional do esportivo, a fabricante diz que ele já está em desenvolvimento há algum tempo, e está tão avançado que o chefe da AMG, Tobias Moers, disse que as primeiras unidades serão entregues em, no máximo, dois anos e meio — o que também significa que os primeiros conceitos ou protótipos devem aparecer no início do próximo ano. Quem sabe no Salão de Genebra, em março?