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Mercedes-AMG E63 S Estate vira 7:45,19 e se torna a nova perua mais rápida de Nürburgring – veja o onboard!

Como vocês sabem, o atual recordista de Nürburgring Nordschleife entre os carros produzidos em série é o Porsche 911 GT2 RS, a besta de 700 cv que fez 6:47,3 no circuito alemão. É um tempo tão absurdo que, depois dessa marca do GT2 RS, a conversa sobre o recorde absoluto dos carros de produção no inferno verde subitamente cessou, o famoso hands down! Contudo, isso está longe de querer dizer que a briga nos outros escalões esfriou: tenha a certeza, por exemplo, de que a disputa pelo recorde entre os hot hatches continuará incendiária. E hoje, o que temos para apresentar para vocês é o casamento perfeito entre entusiasmo, função e pornografia automotiva: a Mercedes-Benz E63 S Estate e seu V8 biturbo 4.0 de 612 é a mais nova perua recordista do Nordschleife, com o tempo de 7:45,19.

Quer referências para botar em perspectiva? Mesmo pesando criptoníticos 2.100 kg, ela chegaria apenas 5s atrás de um Radical SR3 2002 e está em um empate técnico com o Civic Type R, que foi cerca de 1,5 s mais rápido. Mas deixou para trás alguns monstros: M3 GTS E92 (7:48), M4 (7:52), Gallardo Superleggera (7:46), Ferrari 599 GTB Fiorano e Porsche 911 Turbo 997 mk1 (7:47). Tudo isso mais a capacidade de levar uma geladeira na bagagem…

A geração atual do E63 foi apresentada há exatamente um ano, em novembro de 2016. Na versão normal, o motor entrega 571 cv e 76,5 mkgf de torque, enquanto que na versão S são 612 cv e 86,6 mkgf de torque – mais potente que os 585 cv do AMG GT R, o track monster da Mercedes e rival direto das versões mais ardidas do Porsche 911.

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Em ambas as versões a força é multiplicada por uma caixa automática de nove marchas Speedshift MCT e distribuída para as quatro rodas no sistema 4Matic+ (não há mais E63 com tração traseira apenas), que conta com enorme amplitude de distribuição de torque entre os eixos dianteiro e traseiro e ainda conta com sistema autoblocante controlado eletronicamente no caso da versão S (na normal, o sistema LSD é mecânico).

A capacidade do sistema de realizar a vetorização de torque ajuda muito a mitigar os efeitos da massa de mais de duas toneladas no traçado complexo de Nürburgring: por exemplo, em uma curva fechada à direita, o sistema deixa o carro quase 100% tração traseira na entrada da curva, permitindo mais aderência no eixo dianteiro. O trabalho conjunto das pinças de freio e dos diferenciais operados eletronicamente causam um torque de rotação no veículo que o faz ser “sugado” pra dentro na tomada da curva e durante o início da reaceleração, reduzindo o sub-esterço. E, claro, na saída da curva, a tração nas quatro rodas faz toda a diferença frente aos insanos 86,6 mkgf de torque.

Este comportamento é perceptível no vídeo onboard que foi divulgado ontem (9) no canal da Sport Auto. Aumente o volume sem dó, porque a AMG domina a maestria de fazer um V8 turbinado soar matador – talvez falte aquele extra de rispidez sonora do V8 naturalmente aspirado de 6,3 litros de outros tempos, mas não faltam agressividade e violência. Mal dá para ouvir os turbos, o que é uma coisa boa nesse caso.

Sport Auto é uma das entidades que mais realizam medições em Nürburgring, e boa parte dos recordes que vemos na lista do top 100 foi aferida por eles, lembrando que não há um órgão que centralize e fiscalize estes tempos, como acontece nos recordes absolutos de velocidade. O editor da publicação Horst von Saurna é piloto de mão cheia – isso quando eles não contam com profissionais, como Marc Lieb e Marc Basseng.

Apesar de o tempo ser uma paulada, vale dizer que bater este recorde não foi uma missão tão difícil: a recordista anterior era a versão perua do Seat Leon Cupra 280, com tração dianteira, câmbio manual de seis marchas e um motor 2.0 turbo de 280 cv. Ela virou 7:58,40. Com bem mais que o dobro da potência e tração integral, a E63 S tinha a obrigação moral de ser mais veloz – e o fez, baixando o tempo em 13 segundos.

O AMG E63 S sendo testado em Nürburgring há cerca de seis meses. Agora a gente sabe o que ele estava fazendo lá…

Fica mais impressionante se fizermos outra comparação: o Porsche 911 GT3 RS da geração 997, que virou 7:48 em 2007. O cupê de rua preparado para as pistas era movido por um flat-six de 415 cv, pesava 1.590 kg e calçava pneus Michelin Pilot Sport 4S. A perua da Mercedes tem 612 cv, claro, mas pesa mais de 2.100 kg e calça pneus Pirelli P-Zero. Quer outro? Em 2006, o Lamborghini Murciélago LP-640, com todos os 640 cv de seu motor V12 naturalmente aspirado, virou 7:47.

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Segundo o piloto de testes da Sport Auto, Christian Gebhardt, a perua tem suspensão tão bem acertada que é fácil esquecer que se está em um carro com cinco metros de comprimento que é capaz de levar até 1.820 litros de bagagem com os bancos traseiros rebatidos.

Agora, alguém chame a Audi RS6 Avant para uma revanche!