Depois de alguns meses de suspense e um par de conceitos que acabaram se mostrando bem diferentes do produto final, a Mercedes finalmente revelou sua inédita picape média, a Classe X, na tarde desta terça-feira (18), em um evento na África do Sul. O país foi escolhido pelos alemães por sua relação histórica com a marca e também por suas intenções comerciais com a picape. Foi lá que a Mercedes lançou a primeira picape de sua história, uma variação de sua 180D “Ponton” com uma caçamba no lugar do banco traseiro e do porta-malas, e é lá que a Mercedes pretende vender boa parte de sua nova picape.
Além da África do Sul, a Classe X também será oferecida na América do Sul, Europa, Ásia e Oceania, mas não nos Estados Unidos das Picapes e seus vizinhos. O motivo provavelmente nunca será esclarecido, mas nosso palpite é que a Mercedes achou prudente não correr o risco de se dar mal em um mercado estupidamente disputado como o segmento das picapes nos EUA. Além disso, embora seja considerada uma picape média no Hemisfério Sul, nos EUA ela seria considerada compacta como sua irmã de plataforma, a Nissan Frontier.
Caso você ainda não soubesse, a Mercedes Classe X é baseada no chassi da Nissan Frontier e usa a mesma suspensão dianteira de braços triangulares sobrepostos e traseira tipo five-link com molas helicoidais e eixo rígido. Por esse motivo as proporções gerais da picape também são parecidas com a da Nissan — especialmente no perfil da cabine, cuja porta traseira tem a mesma curva ascendente na linha de cintura. Na caçamba, a Mercedes conseguiu até fazer um bom trabalho de diferenciação, apesar das limitações de design inerentes a uma peça quadrada e sem muita superfície para trabalhar, mas em termos gerais, a lateral ficou genérica e sem muita personalidade.
Na dianteira a história é diferente: os faróis estreitos e a grade imensa do conceito apresentado há alguns meses foram trocados por uma cara mais familiar, que aproximou a Classe X dos SUVs GLE e GLC e a deixou mais elegante, algo que se espera de um Mercedes. Mas o mesmo já não pode ser dito do interior.
Sim, a Mercedes se esforçou para dar algum refinamento ao painel, ao quadro de instrumentos e volante. Nós realmente gostamos das linhas do painel, que têm um ar retrô com as saídas de ar circulares/elípticas e o sistema de áudio minimalista, como um carro dos anos 1950 ou 1960. Mas logo abaixo, na parte inferior do painel e console central, parece que a Mercedes lembrou que uma picape serve para trabalho, e que ela precisa ser fácil de limpar e aí fez uma superfície lisa, sem nenhum ornamento, que poderia muito bem estar em um furgão Vito ou Sprinter. A tampa do porta-luvas deixa isso muito claro e até evidencia, talvez, a origem humilde da picape. Esperávamos algo mais refinado como o painel do Classe G (abaixo), que passa uma impressão de solidez e qualidade de construção sem deixar de ser utilitário.
A Mercedes destacou a versatilidade da picape, dizendo que ela pode ser usada em incursões off-road, mas também como carro familiar na cidade, e por isso irá oferecer três tipos de acabamento do painel, seis opções de revestimento dos bancos e portas — incluindo duas variações de couro — distribuídas nas três versões da picape.
A versão básica é batizada Pure, e usa para-choques e grade pretos, rodas de aço de 17 polegadas, faróis com lâmpadas halógenas, retrovisores com ajustes elétricos, painel de instrumentos com acabamento texturizado, bancos com revestimento de tecido preto, revestimento plástico no chão da cabine, bancos com ajuste manual e ar-condicionado.
Na intermediária vem a versão Progressive (o modelo amarelo das fotos), que tem para-choques pintados na cor da carroceria e rodas de liga leve de 17 polegadas, para-brisa térmico, sensor de chuva, bancos de tecido preto, revestimento de couro no volante, no câmbio e na alavanca do freio de mão, soleiras de alumínio, bússola no retrovisor, ar-condicionado e santantônio na caçamba.
No topo vem a versão Power, combinando para-choques e grade na cor da carroceria e detalhes cromados no exterior e rodas de 18polegadas, além de faróis de LED e lanternas parcialmente de LED, painel com revestimento de couro, bancos de couro com microfibra, bancos com ajustes elétricos, retrovisor interno eletrocrômico, ar-condicionado digital, sistema keyless e santantônio na caçamba.
Provando que a Classe X é apta ao trabalho pesado, a caçamba tem capacidade para 1.100 kg. Como diz a Mercedes, “é equivalente ao peso de 17 barris de 50 litros de cerveja” (é sério, eles escreveram isso na descrição técnica). A caçamba mede 1,58 m de comprimento, 1,56 m de largura (na parte superior, acima das caixas de roda) e 47,5 cm de altura, e a capacidade de reboque é de 3,5 toneladas.
Além da capacidade de carga equivalente à das rivais de seu segmento, a Classe X também terá opção de tração 4×4 4Matic, com reduzida, combinada ao câmbio automático de sete marchas, e cinco modos de condução (Comfort, ECO, Sport, Manual e Offroad), que modificam o comportamento do motor, das trocas de marchas e a função start/stop. No modelo de tração traseira, o câmbio será manual de seis marchas e, para o próximo ano a Mercedes irá lançar uma versão com tração integral permanente.
O modelo de entrada é o X220d, equipado com um 2.3 turbodiesel com 163 cv e um único turbo. A Mercedes não declarou em seu release, mas trata-se do motor da Nissan Frontier, que também foi usado na X250d, que usa dois turbos para produzir190 cv. Os modelos de quatro cilindros são equipados de série com câmbio manual e tração traseira, com o automático de sete marchas com tração 4×4. As duas caixas são as mesmas da Nissan Frontier.
No topo está o modelo X350d, com o V6 3.0 de 258 cv, este sim produzido pela Mercedes e que será combinado unicamente ao câmbio 7G-Tronic da fabricante alemã.
A pretensão de tornar a Classe X uma picape “familiar” fez a Mercedes instalar a suíte tecnológica básica de seus SUVs — : frenagem automática de emergência, assistente de permanência na faixa de rodagem e sistema de leitura de limites de velocidade integrado ao cruise control. Seu sistema multimídia também oferece um aplicativo que permite ao proprietário localizar a picape e verificar o nível de combustível remotamente pelo smartphone, e também oferece como opcional um sistema de câmeras de 360 graus.
A Classe X será oferecida a partir de novembro na Alemanha por 37.924 euros (R$ 140.000 em conversão direta). No início de 2018 ela chega à África do Sul e à Austrália e no início de 2019 na Argentina e no Brasil. Os preços obviamente não foram definidos ainda, mas considerando que ela sai pelo equivalente a R$ 140.000 na Europa, não espere vê-la por menos de R$ 250.000 por aqui.