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Microlattice: material desenvolvido pela Boeing é “o metal mais leve do mundo”

Se você acessa a internet e as redes sociais regularmente, certamente viu que nos últimos dias uma notícia científica se alastrou: a Boeing desenvolveu um novo material chamado Microlattice. É realmente algo impressionante, especialmente com a imagem usada para chamar a atenção: uma flor de dente-de-leão com um pedaço do tal “metal mais leve do mundo” sobre ela, sem sequer deformar os filamentos.

Calma, não vamos falar que é um hoax nem nada deste tipo: o Microlattice existe mesmo e realmente é leve desse jeito. Estamos falando de um material tão leve que o mesmo volume de polietileno expandido (o famoso isopor) é 100 vezes mais pesado. Não tem erro de digitação, não: esse metal é 100 vezes mais leve que isopor! É lógico que logo pensamos nesse negócio formando pedaços dos nossos carros, e pesquisando mais a respeito do Microlattice descobrimos algumas informações bem interessantes.

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Para começar, ele não é tão novo assim: a primeira notícia a respeito do Microlattice — cujo nome completo é Utralight Metallic Microlattice — é de novembro de 2011, e veio da própria companhia que o desenvolveu. E esta companhia é a HRL Laboratories, especializada no desenvolvimento de materiais industriais e sediada em Malibu, na Califórnia. No entanto, a HRL pertence ao grupo Boeing, o que explica porque estão dizendo que foi a Boeing que desenvolveu o Microlattice.

Mas afinal, do que se trata aquele que, de acordo com uma nova campanha da Boeing, é o “metal mais leve do mundo”? Quais são suas propriedades, e quais podem ser suas aplicações?

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Para entender o Microlattice, primeiro é preciso entender que seu nome é uma referência ao método usado para obtê-lo, e não ao material em si. Microlattice, em inglês, pode ser traduzido como “micro trama” — e é exatamente isto: uma trama de tubos metálicos de diâmetro microscópico que, ao mesmo tempo em que é extremamente resistente, também é capaz de absorver grandes quantidades de energia cinética.

No entanto, os tubos são tão finos — suas paredes são 1.000 vezes mais finas que um fio de cabelo humano — que uma estrutura de Microlattice é 99,99% ar. Assim, ao ser comprimida ou receber um impacto, a trama absorve a energia, se deforma, e depois volta ao seu formato original.

De acordo com a pesquisadora Sophia Yang, uma das responsáveis pelo desenvolvimento do Microlattice, o princípio do material é o mesmo dos ossos humanos, que trazem um invólucro de cálcio rígido sobre uma estrutura porosa de baixa densidade, leve e resistente. No caso do Microlattice, a leveza é tanta que, ao derrubar um pedaço do tamanho de uma esponja de cozinha da altura de seu ombro, você só o veria atingindo o chão mais de dez segundos depois.

Mas, afinal, porque estamos falando disto aqui no FlatOut?

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Não é difícil de entender. De acordo com a Boeing, são diversas as aplicações possíveis para uma estrutura metálica tão leve e resistente. Os protótipos atuais (como o da foto com o dente-de-leão) são feitos de uma liga de níquel e fósforo, mas existem meios para produzir tramas usando outros materiais — metálicos ou não.

De qualquer forma, em um primeiro momento, a Boeing considera as aplicações aeronáuticas do Microlattice — ser usado como um isolante acústico superleve, como condutor em eletrodos de baterias, ou para melhorar a capacidade de absorção de impactos de uma estrutura sem aumentar seu peso ou volume de forma significativa. Nem seria preciso dizer que são as mesmíssimas funções que ele poderia exercer na indústria automotiva, não é mesmo? É apenas uma questão de tempo.

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Na verdade, dá até para dizer que esta tal transição já começou a acontecer. Você não precisa procurar muito para encontrar variações não metálicas do Microlattice sendo testadas, por exemplo, em capacetes — que podem ficar mais leves, confortáveis e eficientes.

Sim, é um capacete de futebol americano, mas o princípio é o mesmo de um capacete de competição, por exemplo

Claro, não estamos declarando que o Microlattice é o futuro e que a fibra de carbono logo vai ficar obsoleta. Aliás, a própria adoção da fibra de carbono pela indústria automotiva demorou alguns anos para acontecer, e ainda está quase totalmente limitada aos carros de esportivos e de luxo. No entanto, é impossível não se animar com a possibilidades automotivas do metal sólido mais leve do mundo, concorda?