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Mini John Cooper Works GP: a evolução em três gerações

Quando o Mini foi renovado pela BMW em 2001, houve uma ruptura radical com o modelo original, que manteve essencialmente a mesma carroceria por quase 40 anos – em ótima forma, admitamos. A compra da marca pela gigante alemã trouxe uma nova arquitetura, muito mais adequada aos dias atuais, com uma estrutura mais segura, interior mais confortável e melhor equipado e, chegando ao que nos interessa mais, com um potencial muito maior para ser explorado em termos de desempenho.

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E foi com esta pegada que, em 2006, a Mini desenvolveu a primeira versão GP para o John Cooper Works – uma forma de demonstrar todo o potencial do carro, que já estava completando cinco anos de vida. A segunda geração do Mini hatch, lançada em 2009, ganhou sua versão GP em 2012. E agora, em 2019, temos o GP de terceira geração.

Vamos aproveitar a ocasião para abordar a evolução do Mini GP ao longo de suas três gerações. Em comum, todas elas trazem visual agressivo, quase cartunesco, motor sobrealimentado, e modificações de chassi e internas para reduzir peso e melhorar a performance na pista – como o banco traseiro ausente, com uma barra anti-torção em seu lugar. Coisa fina.

 

Primeira geração (2006)

Embora tratada pela imprensa da época como um “kit de acessórios”, esta era uma afirmação injusta. Apresentado no Salão de Genebra de 2006, o primeiro Mini JCW GP começou a ser vendido logo depois, e estabeleceu uma série de características que seriam vistas nas edições seguintes: a pintura cinza com detalhes vermelhos, as rodas com quatro raios, a aerodinâmica agressiva e o motor mais potente.

A base era o Mini Cooper S, que foi o último a utilizar o motor supercharged de 1,6 litro T16b4, fabricado no em Curitiba/PR pela Tritec. Com 1.598 cm³, bloco de ferro fundido, cabeçote de alumínio e duplo comando de válvulas, ele empregava um supercharger Eaton M45 com intercooler. A taxa de compressão em relação à versão naturalmente aspirada era reduzida de 10,5:1 para 8,3:1, e no Mini Cooper S comum o resultado eram 170 cv e 22,4 kgfm de torque.

No Cooper S JCW GP, os números saltavam para saudáveis 218 cv a 7.100 rpm e 25,5 kgfm de torque a 4.600 rpm, obtidos através de injetores mais robustos, admissão e escape mais livres, e uma reprogramação na ECU– como dissemos, modificações simples e eficazes. O motor era acoplado a uma transmissão manual de seis marchas, com diferencial de deslizamento limitado e relação final de 3.647:1. O resultado era um carro capaz de ir de zero a 100 km/h em 6,5 segundos, com máxima de 240 km/h.

Esteticamente, o Cooper S JCW GP de 2006 tinha uma pintura especial na tonalidade “Thunder Blue”, um cinza azulado metálico, com o teto em prata “Pure Silver”. E foi com ele que iniciou-se a tradição de estampar o número de cada carro na carroceria – no caso da primeira geração, a identificação ia de 0001 a 2000, e ficava no teto, logo acima da porta do motorista. Os espelhos retrovisores tinham a capa pintada de vermelho “Chili Red”. Também havia um scoop no capô, com acabamento de fibra de carbono, e uma asa traseira funcional feita no mesmo material. E não era só isto: todos os itens diferenciados eram instalados de forma artesanal na Itália, pelas mãos hábeis do estúdio Bertone.

Para reduzir peso, o interior deixava de lado parte do isolamento acústico e perdia o banco traseiro, com uma barra anti-torção em seu lugar; já a suspensão traseira ganhava braços de alumínio. Com isto, segundo a Mini, o JCW GP era por volta de 45 kg mais leve que o Cooper S comum.

Suspensão e freios eram iguais aos do Mini Cooper S “de linha”, com molas e amortecedores firmes; e discos de 276 mm na dianteira e 259 mm na traseira.

Como dito mais acima, foram feitos 2.000 exemplares do Mini Cooper JCW GP 2006, em uma bela despedida do motor supercharged.

 

Segunda geração (2012-2014)

Seis anos depois da primeira, a Mini trouxe a segunda geração do Mini JCW GP em 2012, anunciado na época como “o mais rápido Mini já feito” e alardeando sua volta de 8min23s em Nürburgring Nordschleife – 19 segundos a menos que a geração anterior.

O segredo: uma geração totalmente nova, com um novo motor, e modificações mais profundas no chassi. O motor também era novo – o 1.6 Prince THP, que foi desenvolvido em parceria com a PSA Peugeot Citroën, bastante elogiado pela imprensa e utilizado em dezenas de modelos diferentes. Na versão usada pelo Mini JCW GP, de código N14B16T0, ele entregava os mesmos 218 cv do motor Tritec usado pela geração anterior, porém a 6.000 rpm (1.100 rpm mais cedo) e 28,5 kgfm de torque a 2.000 rpm. O câmbio também era manual de seis marchas, com bloqueio eletrônico de diferencial.

O desempenho em aceleração era ligeiramente superior, com tempo de 6,3 segundos de zero a 100 km/h, e velocidade máxima de 242 km/h. No entanto, a Mini deu atenção especial ao chassi, incorporando um sistema de suspensão ajustável do tipo coilover, com amortecedores dianteiros invertidos e cambagem mais negativa na dianteira. O foco era melhorar o desempenho nas curvas, permitindo a redução da altura de rodagem em até 20 mm e acertar o carro para diferentes condições e circuitos. O JCW GP de segunda geração também tinha rodas de 17×7,5 polegadas com pneus 215/40 (opcionalmente podiam ser 205/40), inspiradas nas rodas do Mini Challenge de competição. As assistências eletrônicas incluíam o BMW Dynamic Stability Control com calibragem exclusiva, assim como o bloqueio eletrônico do diferencial.

Visualmente, ele era ainda mais agressivo que o anterior, com molduras pretas nos para-lamas, um splitter frontal maior, e uma peça aerodinâmica na tampa traseira composta por um spoiler e uma asa. A carroceria era pintada de cinza “Thunder Grey”, com detalhes em vermelho “Chili Red” nas entradas de ar dianteiras, nas capas dos retrovisores e nas bordas do scoop dianteiro. De acordo com a Mini, o kit era responsável por reduzir o arrasto aerodinâmico em 6%.

O interior, novamente, tinha o banco traseiro removido e substituído por uma barra anti-torção. Os bancos dianteiros eram da Recaro com o logo “GP” bordado.

Foram feitos, novamente, 2.000 exemplares numerados – a numeração, porém, era mais discreta, restrita a um emblema à frente do carona.

 

Terceira geração (2019)

Enfim, chegamos ao Mini JCW lançado nesta semana. Ele volta a usar um motor 2.0 turbo, o B48A20T11 da BMW. Com deslocamento de 1.998 cm³, injeção direta de combustível, turbina de duplo fluxo da Mitsubishi, modelo TD04. É o mesmo motor já visto em modelos como o BMW X2 M35i, com 304 cv entre 5.000 e 6.250 rpm e 45,9 kgfm de torque entre 1.750 e 4.500 rpm.

 

A Mini não diz a razão, mas o JCW GP 2019 foi o primeiro da família a dispensar o câmbio manual de seis marchas por uma caixa automática de oito marchas com radiador próprio e calibragem exclusiva. Especula-se que seja por conta do alto torque do motor, mas a fabricante ainda não se pronunciou a respeito da decisão. De todo modo, trata-se de apenas mais uma perda entre as várias que os três pedais já sofreram nos últimos anos.

Além disso, em termos de desempenho o novo Mini JCW GP chega a um patamar inédito. Ele é capaz de ir de zero a 100 km/h em meros 5,2 segundos, com máxima de 265 km/h – a Mini faz questão de lembrar que não há qualquer tipo de limitador eletrônico.

Mas o conjunto mecânico está longe de ser o único truque do novo Mini JCW GP. Como de costume, o acerto de chassi teve grande importância: a suspensão, embora não seja ajustável, ganhou um conjunto exclusivo de molas e amortecedores na dianteira, cuja cambagem ficou mais negativa; strut brace no cofre do motor; um novo suporte para o eixo traseiro multilink e ball joints no lugar das buchas de borracha.

Os freios usam pinças de quatro pistões na dianteira e de um pistão na traseira, com discos de 360 mm na frente. Eles são abrigados sob rodas forjadas de 18×8 polegadas que emulam o design das gerações anteriores, e calçam pneus Hankook Ventus S1 Evo Z de medidas 225/35, desenvolvidos especialmente para o JCW GP.

Visualmente, o carro é definitivamente inspirado por seus antecessores, com um novo tom de cinza chamado “Racing Grey” na carroceria e acentos em vermelho “Chili Red” e “Rosso Red” (sim, “Vermelho Vermelho” em tradução literal).

O conjunto aerodinâmico inclui novos spoilers na dianteira e na traseira, além de uma asa dupla na tampa do porta-malas e molduras de fibra de carbono nos para-lamas. Já o interior ganhou acabamento em cinza Anthracite e detalhes inspirados nas pistas, como a marca das “12 horas” no topo do volante. O painel traz, do lado do motorista, a numeração da unidade em alto relevo – marcação que também aparece no para-lama dianteiro direito.

Serão feitas 3.000 unidades para o mercado global.