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Automobilismo Projetos

MP4-X: é assim que a McLaren enxerga a Fórmula 1 do futuro

O que não falta são projetos de design feitos para mostrar como seria um carro de Fórmula 1 caso as regras fossem menos restritivas — basta lembrar do Red Bull X2014, feito para Gran Turismo 6, ou dos carros imaginados pelo holandês Andries van Overbeeke, que trazem diferentes visões a respeito de como serão os carros de F1 nos próximos anos. Agora, a McLaren decidiu fazer o seu — e, sem surpresa, o MP4-X nos parece um belo futuro para a F1.

Olhando para ele, é impossível não ter a impressão de que se trata de uma mistura de protótipo LMP1 com monoposto de F1. As rodas, ainda que destacadas da carroceria, são cobertas por para-lamas, os side pods estão bem mais integrados ao resto da carroceria e, claro, há o canopi — este, um dos elementos mais recorrentes neste tipo de conceito.

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Talvez alguns até digam que um carro como o MP4-X seria capaz de salvar a Fórmula 1. A categoria anda cada vez menos popular entre os entusiastas, justamente por causa das regras cada vez mais restritivas estipuladas pela FIA, carros com visual carregado e dezenas de aparatos aerodinâmicos que, além de poluir o visual, demandam muitos gastos em seu desenvolvimento.

Claro, estamos falando de um carro que emprega elementos que hoje são proibidos na Fórmula 1 e que provavelmente jamais sairá do papel, mas não tem como não admirar o complexo trabalho de engenharia por trás dele.

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O formato do carro pode ser meio intimidador no começo, mas a verdade é que cada uma das superfícies e reentrâncias têm sua função. Além disso, todos os elementos aerodinâmicos são ativos, e têm seu formato e posição modificados de acordo com a velocidade do carro e do fluxo de ar sobre a carroceria. Esta, aliás, teria painéis solares que auxiliariam outros sistemas regenerativos, como o KERS, a armazenar energia. Esta, por sua vez, poderia ser utilizada para manter os sistemas eletrônicos do carro funcionando ou simplesmente como força extra para o powertrain híbrido.

Isto porque, além do visual futurista, o MP4-X também teria diversas tecnologias inovadoras. A McLaren diz que o conjunto híbrido seria inspirado nos carros de rua, como o P1, mas que usaria lubrificantes ultra-eficientes e que o sistema híbrido não seria recarregado por uma corrente elétrica em uma estação, mas sim por indução, graças a uma superfície especial acoplada ao asfalto.

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Por dentro também há inovações. Um sistema de “biotelemetria” mediria continuamente as condições físicas do piloto (hidratação, temperatura, fadiga e concentração) e ajustaria o carro de acordo com elas. Com câmeras espalhadas ao redor do carro, o piloto veria a corrida de uma forma diferente — através de monitores digitais no capacete (HMDS, head mounted display systems) e um HUD (head-up display) no cockpit.

Desse modo, o piloto veria informações sobre o carro e sobre a corrida ao olhar para a frente, enquanto um sistema de realidade aumentada permitiria, por exemplo, que ele enxergasse a pista “através” do carro — algo como o capô “transparente” da Land Rover, porém em um ângulo de 360°.

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Falando em visão, o carro também aposta em tecnologia visual: os patrocinadores que aparecem na carroceria não são adesivos estáticos, e sim telas animadas. As marcas mudam de acordo com o público que está assistindo à corrida — assim, se você estiver assistindo a uma corrida pela TV no Brasil, verá anunciantes diferentes dos que aparecem para um britânico ou japonês, por exemplo. É como as propagandas direcionadas na Internet, onde você vê mais anúncios pertinentes ao lugar onde mora e a seus interesses na web. Parece ficção científica, não?

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Dito isto, há algo no carro que acena diretamente dos anos 1970 e 1980, quando os carros de Fórmula 1 começaram a empregar o chamado “efeito solo”. Por baixo do MP4-X, dutos Venturi ajudam a manter uma área de baixa pressão debaixo do carro, colando-o na pista. O efeito solo foi banido da Fórmula 1 em 1982 para conter custos e, por preocupação com a segurança dos pilotos, não deixar que os carros fossem tão rápidos.

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No entanto, com um carro virtual isto não é problema. Ainda mais um carro com sensores nos pneus, capazes de monitorar sua condição e avisar, por exemplo, quando poderá haver uma explosão. E esta é só uma das inovações de segurança do MP4-X: o chassi utilizaria materiais capazes de recuperar seu formato original depois de um impacto. Desse modo, caso aconteça um segundo impacto, sua energia também poderá ser absorvida.

Em caso de um acidente, o próprio carro seria capaz de diagnosticar a falha (mecânica ou humana) que causou a colisão. Desse modo, além de entender melhor a situação e realizar melhoras no próprio carro, os engenheiros seriam capazes de prevenir acidentes futuros com novos bólidos.

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Claro, tudo isto é apenas uma… ideia, e não muito mais do que isto. Primeiro, porque o regulamento da Fórmula 1 é bastante burocrático. Segundo, porque McLaren diz que, enquanto algumas destas tecnologias já são viáveis hoje em dia, outras estão bem mais distantes. De qualquer forma, não custa exercitar a criatividade, não é?