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Muscle cars do velho mundo: os cupês europeus com motor V8 dianteiro mais fodásticos já feitos

Motor V8 na frente, tração traseira, visual arrojado e carroceria cupê: esta é a receita básica dos muscle cars, os mais emblemáticos esportivos americanos. Seus nomes estão gravados a ferro quente na sua memória: Chevrolet Camaro, Ford Mustang, Dodge Charger, Plymouth ‘Cuda, Pontiac Firebird… e a lista é grande.

Há dois anos, contamos aqui no FlatOut a história do Pontiac GTO, produto da união de um carro médio (para os padrões americanos), o Pontiac Tempest, com o maior motor disponível na prateleira da companhia — um V8 de 6,4 litros com até 348 cv. Com um belo visual, câmbio manual de três marchas no assoalho e preço camarada, o Pontiac GTO abriu a porteira para que as outras fabricantes também fizessem seus cupês esportivos bonitões, baratos e potentes com motor V8. Primeiro o Mustang (que, por suas dimensões mais contidas, foi chamado de pony car), depois o Camaro, depois o Challenger e seu irmão ‘Cuda… e o resto você já sabe.

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Não é de estranhar, então, que os motores V8 sejam tão populares nos EUA. O que começou com o V8 Ford Flathead nos anos 1930 cresceu a ponto de, hoje em dia, um Chevy Small Block 350 ser acessível e versátil como um Volkswagen AP aqui no Brasil. Tem uma carcaça velha apodrecendo no quintal de casa? Descole um V8 350 no ferro velho e seja feliz!

E, vamos dizer a verdade: por mais que você seja um fã de esportivos japoneses, hot hatches, grand tourers ou qualquer outra vertente do entusiasmo automotivo, você provavelmente já ficou babando em um muscle car americano.

Agora, de vez em quando, os europeus também tentam fazer seus muscle cars — ainda que não admitam nem os chamem desse jeito. Afinal, a receita é mesmo boa. Por isso, a gente decidiu separar alguns carros que, ao nosso ver, são os muscle cars do velho mundo — cupês europeus com motor V8 na dianteira, tração traseira, quatro lugares e muita disposição para queimar borracha.

 

Mercedes-Benz 300CE AMG 6.0 “Hammer”

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Na segunda metade da década de 1980, a AMG ainda não era a preoparadora oficial da Mercedes-Benz — eles eram especialistas em preparar os carros da estrela de três pontas, mas ainda não o faziam de forma exclusiva (eles até colocaram as mãos em modelos Mitsubishi!). De qualquer forma, foi nesta época que um dos mais incríveis Mercedes-AMG de todos os tempos nasceu: o 300 CE AMG 6.0 “Hammer”.

Você talvez até conheça a versão sedã do AMG Hammer — o 300E (o bisavô o atual Classe E 350) com o motor V8 do Classe S modificado para deslocar seis litros e produzir 385 cv. O chamado M117 tinha todos os componentes internos modificados para aumentar a cilindrada de 5,4 para seis litros, e ganhava os cabeçotes multiválvulas com comando duplo desenvolvidos em 1986 pela própria AMG (a Mercedes só faria isso três anos mais tarde, em 1989, com o M119).

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Está certo que 385 cv parecem pouco hoje em dia, mas era suficiente para levar o sedã aos 100 km/h em cinco segundos cravados e passar dos 290 km/h — há quase 30 anos! Como não era produzido em série, e sim uma conversão independente, ele nunca foi oficialmente um recordista de velocidade, e também não se sabe quantos foram feitos. O que se sabe é que foram poucos, bem poucos.

Mas o que importa é que existe uma versão ainda mais rara: o 300CE AMG 6.0 “Hammer”, que segue a exata receita do 300E, porém tem carroceria cupê — com o charme da coluna “B” ausente. E olha o que ele sabe fazer:

Se, para você, isto não for um autêntico muscle car europeu, assista ao vídeo de novo. E de novo. E de novo.

 

Aston Martin V8 Vantage

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“Cara, o que é este Mustang genérico?” Calma, meu amigo: ele pode até parecer um Ford Mustang, mas você está diante daquele que já foi chamado de “o primeiro supercarro britânico”: o Aston Martin V8 Vantage original, de 1977. Ele era uma versão de alto desempenho do Aston Martin V8, cupê fabricado artesanalmente por vinte anos, de 1969 a 1989, que foi o primeiro modelo da companhia a trocar o seis-em-linha por um V8. Todos os carros eram fabricados artesanalmente e cada um deles levava cerca de 2.000 horas para ficar pronto.

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O V8 Vantage foi apresentado em 1977, e usava uma versão de alto desempenho do motor V8 de 5,3 litros do sedã Lagonda. Com comandos de vávulas mais agressivos, taxa de compressão mais alta, válvulas de admissão e carburadores maiores e um novo coletor de admissão, a potência foi de 280 cv para 377 cv.

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Com isto, o V8 Vantage era capaz de chegar aos 270 km/h e acelerava até os 100 km/h em 5,3 segundos — números que fizeram dele o carro mais veloz do mundo em linha reta por alguns anos. Quer algo mais americano que isto?

 

Iso Grifo

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Depois de criar, na década de 1950, o pequeno e simpático Isetta, a italiana Iso Autoveicoli  S.p.A. decidiu aventurar-se no mercado dos carros esportivos. Para isto, o fundador Renzo Rivolta procurou a ajuda de ninguém menos que Giorgetto Giugiaro e Giotto Bizzarrini para tal. Esta parceria deu origem ao incrível Iso Grifo, produzido entre 1965 e 1974.

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A ideia era rivalizar com os grand tourers italianos da Ferrari e da Maserati, mas a receita, que contava com motores americanos da Ford e da Chevrolet, acabou por dar origem a um verdadeiro muscle car europeu.

Além do visual arrojado, com quatro faróis circulares na dianteira e traseira fastback com vigia traseiro envolvente, o Iso Grifo tinha motores que iam de um Ford Cleveland 351 (5,7 litros) de 365 cv a um Chevrolet 427 (sete litros) emprestado do Chevrolet Corvette, capaz de entregar 435 cv.

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Aliás, parte dos componentes do chassi também eram do Corvette. Nesta versão mais potente, a velocidade máxima chegava a 275 km/h, enquanto o fabricante dizia que era possível atingir os 300 km/h! A transmissão podia ser manual de quatro ou cinco marchas, ou automática de três marchas como opcional. Foram fabricados cerca de 400 Iso Grifo em nove anos.

 

Jensen Interceptor

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O Jensen Interceptor é outro caso de carro europeu com mecânica americana — e a gente está falando de Mopar Power aqui! Ao longo dos dez anos em que foi fabricado, o Interceptor sempre foi uma alternativa aos britânicos mais conhecidos, como o Jaguar E-Type e o Aston Martin DB5. Como eles, o Interceptor trazia um visual elegante, proporções típicas de grand tourer e carroceria construída pela famosa firma italiana Carrozzeria Touring — dizem, com inspiração no nosso Brasinca Uirapuru. Mas o V8 Chrysler debaixo do capô era seu grande diferencial.

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O Interceptor passou por duas atualizações ao longo de sua vida. Isto significa que há três versões diferentes, conhecidas como Mark I, II e III. A primeira versão, lançada em 1966, usava um V8 de 383 pol³ (6,2 litros) com potência que variava entre 250 e 270 cv. O câmbio era manual de quatro marchas ou o automático TorqueFlite da Chrysler, que tinha três marchas. O Séries II, de 1969, trazia os mesmos motores, porém passou por algumas modificações no visual.

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De qualquer forma, o Mark III, produzido a partir de 1971, é considerado o melhor modelo. Além de estar no auge em termos de conforto, acabamento e estilo, o Interceptor III também recebeu um novo motor V8 de 440 pol³ (7,2 litros) que, alimentado por um carburador de corpo quádruplo, entregava 284 cv. Dados de fábrica apontam um o-100 km/h de 7,8 segundos com máxima de 217 km/h. Mais muscle que isso, impossível.

 

Mercedes-Benz CLK 63 AMG Black Series

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Em 2006, a AMG abriu uma divisão especial, o AMG Performance Studio, responsável pela série limitada Black Series — o lado mais extremo que se pode experimentar num Mercedes-Benz. O primeiro modelo foi o SLK 55 AMG Black Series, roadster dotado de um V8 de 5,5 litros e 400 cv. No ano seguinte, 2007, veio o CLK 63 AMG Black Series, primeiro cupê com o sobrenome e, para nós, o primeiro muscle car moderno da AMG.

E o motor V8 M156 foi primeiro oito-cilindros totalmente desenvolvido pela AMG — antes dele, a divisão partia de blocos de produção em série e os preparava. E ele já era um monstro: 6,2 litros, 514 cv a 7.200 rpm, 64,2 mkgf de torque a 5.250 rpm e a capacidade de levar o CLK 63 AMG Black Series até os 100 km/h em 4,3 segundos, com máxima eletronicamente limitada a 300 km/h. O câmbio é o automático AMG Speedshift de sete velocidades, com borboletas para troca de marchas.

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O visual inspirado pelo Safety Car da Fórmula 1 na época, com para-lamas alargados e kit aerodinâmico funcional, grita “muscle car”. Será que dá para ficar melhor que isto?

 

Mercedes-Benz C63 AMG Black Series

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A resposta: dá. Em 2011, o mundo conheceu o C63 AMG Black Series. O  mesmo M156, porém recalibrado para render 517 cv a 6.800 rpm e 63,2 mkgf a 5.200 rpm, e o câmbio continua sendo o AMG Speedshift. Ele tem dimensões de muscle car, bitolas alargadas e visual inspirado pelos bólidos de competição da Mercedes no Campeonato Alemão de Carros de Turismo (Deutsch Tourenwagen Meisterschaft, ou só DTM).

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Ele também foi o último Classe C AMG com motor naturalmente aspirado da história — se você for um cara radical, pode também considerá-lo o último muscle car europeu da Mercedes-Benz. Ao menos ele fechou este capítulo em grande estilo, sendo capaz de chegar aos 100 km/h em 4,2 segundos com máxima limitada eletronicamente a 300 km/h. Não foi à toa que fizemos uma despedida caprichada para ele em 2014.

E que ronco é este, meu amigo?

 

Audi RS5

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O motor V8 FSI de 4,2 litros da Audi é, na prática, um V10 de 5,2 litros (aquele encontrado no audi R8 e no Lamborghini Huracán) com dois cilindros a menos, e é usado no sedã/perua RS4 e no SUV Q7, além dos sedãs A6 e A8. No entanto, existe um carro que, ao ser equipado com ele, se transforma em um verdadeiro muscle car teutônico: o A5 — ou melhor, RS5.

Além de ter um visual absurdamente belo, com proporções harmônicas e linhas que equilibram elegância e agressividade com maestria, o RS5 aproveita os 450 cv a 8.250 rpm e 43,8 mkgf de torque entre 4.000 e 6.000 rpm para chegar aos 100 km/h em 4,4 segundos, com máxima limitada a 285 km/h.

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A transmissão é a S-Tronic de sete marchas com aletas atrás do volante e, contrariando os outros nomes desta lista, a tração é integral Quattro com vetorização de torque. Mas você perdoa a gente, não é?

 

Jaguar XKR-S

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Britânicos sabem fazer muscle cars, disso já temos evidência. Mas o mais recente deles é também um dos mais incríveis — não apenas por seu desempenho, mas também por ser um Jaguar com cara de muscle car australiano: o XKR-S.

A segunda geração do cupê XK (desconsiderando a versão produzida entre as décadas de 1940 e 1960) foi apresentada em 2005 e, como é típico da Jaguar, durou bastante tempo: saiu de linha em 2014, aos nove anos de idade. Mas foi justamente nos últimos anos de sua vida que a versão mais interessante foi lançada: o XKR-S.

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Ele foi apresentado em 2011 e, além do visual que em nada lembrava a elegância dos outros XK, tinha um V8 supercharged de 302 pol³ (tipicamente americano, apesar de não ter nada a ver com o 302 Ford) com 550 cv entre 6.000 e 6.500 rpm e 66,8 mkgf de torque. Acoplado a uma transmissão automática de seis marchas, é o bastante para chegar aos 100 km/h em 4,4 segundos, com máxima de 280 km/h.

 

BMW M3 E92

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Quando a quarta geração do BMW M3, a E92, foi apresentada, muitos fãs da marca da Baviera torceram o nariz. O motivo? Pela primeira vez a BMW deixou de lado seus famosos seis-em-linha para adotar um V8 naturalmente aspirado, 0 S65. E não estamos falando de qualquer V8: ele é derivado do motor V10 que equipava a geração passada do BMW M5, compartilhando a mesma arquitetura básica e a construção em alumínio.

São quatro litros, 420 cv a 8.300 rpm e 40,8 mkgf de torque a 3.900 rpm, sendo que a linha vermelha do conta-giros começa às 8.400 rpm. Com transmissão manual de seis marchas como standard (ainda que uma caixa de dupla embreagem e sete marchas da Getrag fosse opcional).

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Com vê-oitão aspirado e girador, ele chegava aos 100 km/h em 4,6 segundos e tem velocidade máxima de 286 km/h (com o limitador eletrônico desativado) e, com o tempo, se tornou um dos M3 favoritos dos fãs — ainda mais depois que a BMW adotou um seis-em-linha biturbo na geração seguinte.